By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: G1 – Imagem: Divulgação
1. De onde vem o valor do bitcoin?O
que estabelece o valor do bitcoin é a regra básica da economia: oferta e
procura. O número de bitcoins em existência é limitado e as pessoas
querem comprar bitcoin, seja como forma de poupança, com a intenção de
revenda (investimento) ou para realizar transferências e compras, locais
ou internacionais. Diferente da moeda comum, não há a obrigação de
aceitar bitcoin como forma de pagamento ou quitação de dívidas em nenhum
lugar do mundo. Por esse motivo, o bitcoin hoje tem apresentado grande
volatilidade, variando de acordo com a utilidade, especulação e novas
regulamentações em cada país. Essa variação é um tanto semelhante à do
real em relação a moedas internacionais e inflação - com o agravo de que
o mercado do bitcoin é menor, o que significa que pequenas
"turbulências" chacoalham bastante o mercado.
2. Se o 1 bitcoin (BTC) vale R$ 1.600, eu preciso desembolsar isso para usar bitcoin?
Não. Um bitcoin pode ser dividido em várias partes, muito mais que os centavos de um real. Você pode comprar uma pequena parte de uma moeda. A menor parte de um bitcoin é chamada de "satoshi". Um único bitcoin tem cem milhões de satoshis (0,00000001 BTC). O valor de um satoshi, com o BTC a R$ 1.600, seria de R$ 0,000016. Comprando 10 mil satoshis, você pagaria R$ 0,16. Mesmo o bitcoin custando R$ 1.600, nada impede você de pagar um café com bitcoin.
Não. Um bitcoin pode ser dividido em várias partes, muito mais que os centavos de um real. Você pode comprar uma pequena parte de uma moeda. A menor parte de um bitcoin é chamada de "satoshi". Um único bitcoin tem cem milhões de satoshis (0,00000001 BTC). O valor de um satoshi, com o BTC a R$ 1.600, seria de R$ 0,000016. Comprando 10 mil satoshis, você pagaria R$ 0,16. Mesmo o bitcoin custando R$ 1.600, nada impede você de pagar um café com bitcoin.
Dito isso, existe uma
moeda de funcionamento quase idêntico ao do bitcoin que foi feita
exatamente para transações de valor menor: o Litecoin.
3. O que faz um minerador? Ele produz dinheiro?O
termo "minerador" é bastante ruim, uma analogia falha com a ideia de
"minerar ouro". Na verdade, trata-se apenas da validação de transações
com bitcoin, seguindo regras totalmente arbitrárias de tal forma que um
novo bloco de bitcoin seja gerado a cada 10 minutos.
A reportagem do G1
já explicou em termos mais precisos o que um minerador faz. Em termos
simples, a mineração é uma loteria. O minerador precisa achar um número
que, seguindo regras da rede, resulte em um "bloco" aceito. Esse bloco
contém as transações (ou seja, o minerador valida diversas transações de
uma só vez).
Cada "aposta" nessa loteria tem um
custo computacional bastante grande. É por isso que computadores
domésticos comuns não têm muita chance de competir. Mineradores
profissionais fazem uso de supermáquinas para conseguir o maior número
de tentativas no menor período de tempo. Ou seja, embora, por sorte,
você possa conseguir acertar o número, na prática há pessoas que estão
em grande vantagem porque podem tentar muitas vezes mais que você - eles
estão fazendo um bolão, e você está com a aposta mínima, por assim
dizer.
É importante enfatizar o detalhe: esse
trabalho todo dos mineradores é somente necessário para dar ordem ao
bitcoin. Em vez de cada transação ficar isolada, elas são incluídas
nesses "blocos" que levam 10 minutos para serem gerados graças a essa
dificuldade imposta. O prazo de 10 minutos diminui o número de blocos
gerados, o que deixa a rede mais organizada. Se cada transação ficasse
isolada, seria difícil determinar qual veio primeiro; o resultado é que
uma pessoa poderia gastar a mesma moeda diversas vezes, havendo um
conflito. A quantidade de dados seria muito grande e a rede não
conseguiria decidir uma ordem.
A complexidade
permite que o bloco leve 10 minutos para ser gerado, dando tempo para
que dados sejam agrupados e tentativas de gastar a mesma moeda duas
vezes sejam bloqueadas. Conflitos também podem ser resolvidos. Fora a
complexidade, nada impede que um novo bloco seja gerado a cada 10
segundos, por exemplo. Logo, essa "loteria" computacional é a forma que
rede impõe regras para si mesma e se organiza.
Por
"ganhar" a loteria e ajudar a rede a manter a ordem, o minerador pode
ficar com 25 bitcoins (hoje) e o que ficou de "troco" das transações do
bloco. Como o minerador já recebe 25 bitcoins, isso significa que as
transações de bitcoin hoje não precisam deixar nada para o minerador. No
futuro (ainda bem distante), o número de bitcoins gerados irá diminuir,
até que a geração de novos bitcoins seja eliminada. Nesse momento, as
transferências terão de fornecer algum "troco" para o minerador receber
de recompensa. Caso contrário, ele não terá incentivo para incluí-las no
bloco que montou.
4. Mas 25 bitcoins valem cerca de R$ 40 mil. É isso mesmo?
Sim. A cada 10 minutos são distribuídos R$ 40 mil em bitcoins, na cotação atual. O minerador que resolveu o bloco fica com tudo. Você pode deixar seu computador trabalhando por dias e não receber nada, apenas ter custos com energia elétrica.
Sim. A cada 10 minutos são distribuídos R$ 40 mil em bitcoins, na cotação atual. O minerador que resolveu o bloco fica com tudo. Você pode deixar seu computador trabalhando por dias e não receber nada, apenas ter custos com energia elétrica.
Máquinas
profissionais para minerar bitcoin podem ultrapassar US$ 10 mil (R$ 23
mil) e usar mais de 1000 Watts de energia (para fins de comparação, um
computador comum usa cerca de 200 W, com uma máquina doméstica bem
potente usando 600 W). Elas usam chips de processamento específicos para
o tipo de cálculo que o bitcoin faz, para os quais uma máquina comum
não é ideal. Uma máquina, vendida pela "Virtual Mining Corp", pode ser
expandida até usar 20.000 Watts, a um custo de mais de US$ 50 mil (R$
120 mil).
Mesmo com uma máquina dessas, pode
levar um mês para conseguir um único bloco - mas ainda é uma loteria,
então continua sendo possível ficar sem nada.
5. Se eu não posso minerar, como consigo bitcoins?
Existem diversos serviços que trocam bitcoins por moeda comum, como reais, dólares e euros, e vice-versa. Normalmente, há taxas para fazer essa conversão.
Existem diversos serviços que trocam bitcoins por moeda comum, como reais, dólares e euros, e vice-versa. Normalmente, há taxas para fazer essa conversão.
6. Se eu pago taxas para fazer a conversão e a pessoa que recebe, para converter novamente, qual a vantagem?Como
as duas operações ocorrem em moeda local (por exemplo, real para
bitcoin, e bitcoin para iene, em uma transferência para o Japão), as
taxas e a burocracia podem ser menores em algumas ocasiões. Caso o
número de locais que aceitam bitcoin aumente, ela poderia se tornar uma
"moeda internacional", útil em qualquer lugar. É possível usá-la como
moeda para viajar ou como reserva temporária para não ficar sujeito ao
câmbio no retorno de uma viagem internacional.
É
preciso avaliar caso a caso quando o uso do bitcoin é vantajoso. Para
diminuir os riscos com volatilidade, ele pode ser usado logo após
adquirido.
7. O bitcoin é um esquema de pirâmide?Não, porque o bitcoin não é um negócio para ganhar dinheiro.
Esquemas
de pirâmide acontecem quando pessoas que entram nele mais cedo ganham
dinheiro, enquanto quem entrou por último perde, sustentando quem entrou
primeiro. A mineração beneficiou imensamente as pessoas que entraram na
rede mais cedo, porque era muito mais fácil e barato participar na
"loteria". Além disso, as recompensas em bitcoins eram maiores. Mas quem
minerava e gastava suas moedas no início com certeza não ficou rico,
porque cada bitcoin valia apenas alguns centavos.
Mas
o bitcoin não é um negócio de pirâmide, porque o objetivo final não é a
mineração e sim o estabelecimento de uma moeda livre de controle do
governo.
O dinheiro que se "paga" para entrar no
bitcoin não promete retorno. É apenas uma conversão. Você ainda tem o
seu dinheiro (em bitcoin) e pode transferi-lo ou usá-lo na aquisição de
produtos e serviços.
Investir em bitcoin é como
investir na bolsa de valores ou no câmbio: há grandes riscos e a
possibilidade de perder dinheiro. Não é nada garantido como a poupança.
No entanto, se você souber quando comprar e vender, é sim possível
ganhar bastante dinheiro. E a regra é a mesma para todos, não importa
quando adquiriram o primeiro bitcoin.
8. Na prática, como se usa o bitcoin?
Você instala um software em seu computador ou celular e segue instruções para criar seu par de chaves criptográficas. Isso lhe dará um "endereço bitcoin", como se fosse um número de conta corrente. Em seguida, você adquire bitcoins em algum lugar e fornece seu endereço para recebimento - você pagará por esses bitcoins normalmente, usando um boleto ou cartão de crédito. Aí você já é dono de bitcoins.
Você instala um software em seu computador ou celular e segue instruções para criar seu par de chaves criptográficas. Isso lhe dará um "endereço bitcoin", como se fosse um número de conta corrente. Em seguida, você adquire bitcoins em algum lugar e fornece seu endereço para recebimento - você pagará por esses bitcoins normalmente, usando um boleto ou cartão de crédito. Aí você já é dono de bitcoins.
Quando
for pagar algo, basta usar o software e fornecer o endereço bitcoin do
destino e o valor. Sua transação vai para a rede para ser acomodada em
um bloco. Quando esse bloco for finalizado após a loteria de mineração, a
transferência está finalizada.
Endereços
bitcoins podem ser representados por códigos de barra, o que é útil para
leitura e uso do bitcoin no celular. O procedimento é o mesmo, com a
diferença que a câmera do celular será usada para ler o endereço
bitcoin. Ou seja, basta ter o aplicativo no celular, ler o código de
barra, digitar o valor e aguardar.
9. Qual o risco do bitcoin?Caso
alguém controle uma grande parte do poder de mineração do bitcoin, o
que é aceito e o que não é aceito nos blocos poderia ser controlado por
uma só pessoa, criando um ponto central de controle - exatamente o que o
bitcoin tentou evitar. Além disso, nesse cenário, poderia ser possível
que uma moeda seja gasta mais de uma vez. Todos esses ataques, no
entanto, são hipotéticos. Não há registro de qualquer tentativa de
manipulação do bitcoin dessa maneira.
O bitcoin
também sofre de riscos legais, como a proibição, que afetam a utilidade
da moeda. Isso por sua vez pode diminuir a procura pelo bitcoin, o que
leva à redução do valor e à volatilidade.
10. O que é a "maleabilidade de transação" que permitiu o roubo de 4.400 bitcoins?Na
semana passada, a reencarnação do site de venda de drogas ilícitas
"Silk Road", notório por seu uso de bitcoin, foi hackeada e perdeu 4.400
bitcoins - um valor que ultrapassa os dois milhões de dólares. Os
hackers fizeram isso sem nenhum acesso aos servidores do Silk Road; em
vez disso, usaram um recurso do próprio bitcoin chamado "maleabilidade
de transação".
A maleabilidade de transação
permite que o identificador de uma transação seja alterado após ela já
ter sido propagada pela rede. Como o bitcoin leva cerca de 10 minutos
para validar uma transação e existe a possibilidade de que uma transação
tenha de ser refeita caso fique em um chamado "bloco órfão", sistemas
que conferem saques em bitcoin precisam identificar de alguma forma
quando uma transação foi finalmente concluída. Alguns sistemas,
incluindo o Silk Road, fazem isso procurando apenas o identificador de
transação. O problema é que o identificador da transação não faz parte
do conteúdo assinado digitalmente e pode ser manipulado.
Dessa
forma, um hacker pode impedir o sistema de saque de confirmar que a
transação ocorreu com sucesso, propagando a mesma transação com um
identificador diferente. O sistema não vai encontrar a transação
original e tentará então fazer a transferência novamente; a cada vez, o
hacker receberá mais moedas, e seu saldo nunca será descontado porque,
do ponto de vista do sistema, a transação está falhando a cada
tentativa.
Não se trata de uma "falha" do
bitcoin, mas sim um funcionamento pouco intuitivo para programadores que
estão criando sistemas que interagem com ele. Em quase todo tipo de
sistema, um identificador pode ser confiado; no bitcoin, não. Sistemas
de saques podem impedir o ataque realizando uma verificação de transação
que não dependa exclusivamente do identificador.
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