By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: Rádio Najuá – Imagem: Marcelo Andrade (Gazeta do Povo)
Uma barragem feita pela natureza é a responsável por estreitar o
Rio Iguaçu e impedir o escoamento da água que se acumula em União da
Vitória. A “culpada” surgiu há 200 milhões de anos, na época da
separação dos continentes: são as corredeiras de Porto Vitória. É uma
formação de pedra (lajeado), que afunila e também deixa mais raso o rio.
Ao chegar a esse ponto, a água do Iguaçu não consegue manter o mesmo
volume de vazão e começa a se acumular. Não haveria grandes problemas se
União da Vitória fosse um local bem mais alto, mas como é uma planície,
a água não vence o estreitamento e se espraia para vários quilômetros
longe das margens do Iguaçu.
A cidade, no
extremo Sul do estado, está exatamente no limite entre o segundo e o
terceiro planaltos do Paraná – ou seja, há uma mudança brusca na
formação do solo e no tipo de relevo. A terra arenosa dá lugar ao
impermeável basalto. Para o Rio Iguaçu, significa mudar de perfil. Ele
segue tortuoso e lento, sem força ou velocidade até União da Vitória e
depois precisa enfrentar o solo rochoso. Não sem consequências para quem
vive nas redondezas.
Como sempre aconteceu na
história da humanidade, as pessoas buscavam locais próximos de fontes de
água para estabelecer vilarejos. Foi assim, por exemplo, com Curitiba,
que cresceu às margens do Rio Belém. Igualmente, para os primeiros
moradores de União da Vitória, se instalar à beira do Iguaçu parecia um
bom negócio.
O tipo de inundação que ocorre em
União da Vitória não é muito comum. De acordo com o Código Brasileiro de
Desastres (Cobrade), é uma inundação gradual. É diferente do que ocorre
em grandes centros, como Curitiba e São Paulo, que sofrem com
alagamentos (quando a drenagem falha, e a impermeabilização do solo leva
ao acúmulo repentino da água da chuva). Também não é parecido com o que
aconteceu no início do mês em outras cidades do Paraná. Em Guarapuava,
por exemplo, choveu muito mais do que em União da Vitória. A força da
chuva arrastou o que encontrou pela frente. Contudo, como Guarapuava
conta com a declividade a seu favor, a água escoou rapidamente.
Já
em União da Vitória, o nível do rio vai subindo devagar, alguns
centímetros por hora, mas o aumento é constante e duradouro – já que a
água não consegue encontrar caminhos para escoar. “Não há outra cidade
no estado que sofra com o mesmo tipo de inundação”, comenta Edson José
Manassés, do Departamento de Hidrologia no Instituto das Águas do
Paraná. Mesmo outras localidades que costumam registrar cheias
duradouras, como Rio Negro, não são afetadas por uma barragem natural,
como as corredeiras de Porto Vitória.
A
possibilidade de retirar a barreira foi estudada pela Japan
International Cooperation Agency (JICA), em 1995. Em valores da época,
custaria US$ 430 milhões. São vários quilômetros de rochas duríssimas
que precisariam ser escavadas. A conclusão, há quase duas décadas, era
de que se gastaria menos para tirar os moradores dos locais mais
perigosos e para adaptar a cidade para as constantes inundações.
Contudo, nem tudo o que era possível foi feito.
OS COMENTÁRIOS NÃO SÃO DE RESPONSABILIDADES DO INTERVALO DA NOTICIAS. OS COMENTÁRIOS
IRÃO PARA ANALISE E SÓ SERÃO PUBLICADOS SE TIVEREM OS NOMES COMPLETOS.
FOTOS PODERÃO SER USADAS MEDIANTE AUTORIZAÇÃO OU
CITAR A FONTE
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.