By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: UOL – Imagem: Divulgação
No
dia 2 de agosto, os deputados Carlos Gomes (RS), César Halum (TO) e Ronaldo
Martins (CE) --do PRB, partido da base governista-- votaram para dar
prosseguimento à primeira denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB).
Nesta quarta-feira (25), os três foram os únicos parlamentares que trocaram de
lado para votar a favor do peemedebista, ajudando a arquivar o segundo processo
contra o presidente.
Entre
as duas sessões, outros números mudaram. Em agosto e setembro, o governo
federal quitou 100% das emendas parlamentares individuais pagas em 2017 em nome
de Gomes e Martins. No caso de Halum, os recursos executados no mesmo período
correspondem a 87,4% do total no ano. Ao todo, as verbas somam em torno de R$
6,8 milhões.
Atualizados
até esta quarta, os dados da execução do Orçamento da União foram
disponibilizados pela Câmara dos Deputados. Emendas são sugestões feitas por
deputados e senadores para alterar a LOA (Lei Orçamentária Anual) e servem para
que os congressistas destinem recursos para obras ou projetos em seus redutos
eleitorais.
Nos
15 segundos que cada deputado teve para justificar seu voto, os três foram
econômicos. Ronaldo Martins levou menos de um segundo para dizer
"sim" ao relatório que recomendou a suspensão das investigações
contra Temer. Ele nem chegou a aparecer na transmissão da TV Câmara, que ainda
mostrava a Mesa Diretora da Casa.
César
Halum, por sua vez, informou apenas que votava com o relator, o deputado
Bonifácio de Andrada (PSDB-MG). Já Carlos Gomes argumentou que votava pelo
arquivamento da denúncia para que o presidente "possa responder por todas
as acusações que pesa contra ele [...] ao final do mandato".
Há pouco
menos de três meses, no entanto, Martins defendeu a "abertura de
investigação" e Gomes, "a oportunidade de [Temer] se defender [na
Justiça] e mostrar a sua lisura". Na ocasião, Halum disse estar há 29 anos
na vida pública e afirmou que sempre se pautou "pela coerência, pela
transparência e pelo combate à corrupção".
Outro lado
A
reportagem do UOL procurou os três parlamentares durante a tarde e a noite
desta quinta-feira (26), mas nenhum deles atendeu o telefone celular. Nos
gabinetes, as chamadas também não foram atendidas.
Nesta
sexta (27), o deputado Carlos Gomes procurou a reportagem, por meio de sua
assessoria de imprensa, e informou que o seu número de telefone havia mudado.
Em nota, ele afirmou que a informação referente a ele obtido no levantamento da
Câmara e publicada pelo UOL "não é correta".
Segundo
Gomes, já foram efetivamente pagas 19 emendas, que correspondem ao valor de R$
2.866.469 --e não de R$ 2.421.769, como consta na lista divulgada da
Consultoria de Orçamento e Fiscalização Financeira da Câmara.
Sobre
a mudança de voto, ele afirmou que a decisão foi alicerçada "no
compromisso que tenho com a estabilidade econômica do país, que enfrentou uma
sequência de gestões ruins, aliadas à corrupção". "O Brasil não pode
retroceder. Precisamos seguir no caminho do desenvolvimento econômico e
social", declarou.
Ele
lembrou ainda, que a investigação contra Temer será retomada ao final do seu
mandato, "e ele terá que prestar à Justiça todos os esclarecimentos por
seus atos mencionados no processo criminal".
Ao
jornal "Folha de S.Paulo", Halum relatou ter sido abordado pelo líder
do partido na Câmara, deputado Cleber Verde (MA), para convencê-lo a mudar de
ideia. Mas disse ter votado "pelo mal menor", para evitar uma
"mudança muito grande".
Sobre
as emendas, o representante de Tocantins citou a lei que obriga o governo
federal a repassar recursos pedidos por parlamentares. "Se não pagar, eu
vou no STF (Supremo Tribunal Federal) e faço pagar. É lei, impositiva, né,
não?", declarou.
Ronaldo
Martins não falou diretamente sobre o assunto, mas usou seu perfil no Facebook
para tratar do tema. Questionando "qual o melhor momento para mudar o
presidente?", ele compartilhou um vídeo no qual o deputado Pr. Marco
Feliciano (PSC-SP) diz que, "nesse momento, é pior com ele [Temer], mas
pior sem ele".
Emendas pagas
Dentre
os três deputados do PRB, apenas César Halum teve alguma despesa paga nos
primeiros meses antes de agosto –pouco mais de R$ 166 mil divididos em quatro
pagamentos entre abril e julho. Nos dois meses seguintes, o valor executado foi
de R$ 1.921.760.Com números similares, Carlos Gomes e Ronaldo Martins tiveram
R$ 2.421.769 e R$ 2.461.000, respectivamente, executados em agosto e setembro.
Cada
um dos três "vira-casacas" também teve em torno de R$ 10 milhões em
recursos de emendas empenhados pelo governo em 2017, concentrados entre junho
–quando a primeira denúncia chegou à Câmara dos Deputados-- e outubro. Na fase
de empenho, o governo se compromete a dedicar os recursos do Orçamento, antes
de pagá-los.
Em
posicionamento oficial, a Presidência já ressaltou que as emendas são
impositivas e que a distribuição não está relacionada ao arquivamento da
denúncia contra Temer.
"Não
existe relação entre liberação de emenda e o voto do parlamentar em plenário.
Prova disso é que emendas foram empenhadas tanto para deputados da oposição
quanto da base aliada, em valores equilibrados", informou, em nota
divulgada pelo Planalto após a primeira votação.
Segundo
a Constituição, as emendas são impositivas. Isso significa que o governo tem de
liberá-las obrigatoriamente. Governistas e oposicionistas têm direito à mesma
cota. No entanto, na prática, o governo tem a possibilidade de escolher quem
priorizará e quando.
Majoritariamente pró-Temer
Com
atuais 21 deputados, o PRB entregou 16 votos para barrar a segunda denúncia,
quatro contrários e uma ausência --que contou a favor do peemedebista. Já na
votação de agosto, houve um voto "sim" a menos (15) e dois
"não" a mais (6). Isso porque João Campos (GO), que ajudou Temer na
primeira denúncia, trocou de lado nesta quarta-feira, assim como outros sete
deputados.
Presidente nacional licenciado do PRB, Marcos Pereira
é o ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços. A pasta é a única
ocupada pela legenda no governo.
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