São necessários cerca de R$ 130 milhões para estabilizar as contas da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) do Paraná, que começou o ano com dívidas e compromissos de investimentos herdados do governo anterior. O maior problema encontrado pela nova gestão é definir de onde virá o dinheiro, já que o orçamento deste ano – de R$ 372 milhões – conta com R$ 20 milhões a menos que o de 2010. “Foram construídos hospitais, mas não há funcionários. Os recursos foram direcionados de forma equivocada, o que gerou demandas que temos que suprir agora”, afirma o secretário Michele Caputo Neto.
O rombo nas contas da Saúde do estado veio à tona a partir do Diagnóstico da Situação Estrutural e Administrativa do Estado, divulgado pelo governo no último dia 12. A Sesa tem um passivo de R$ 99 milhões comprometidos com empenhos não processados – ou seja, pagamentos autorizados e não efetuados para a compra de medicamentos, materiais e equipamentos. Como consequência, produtos não foram entregues, o que pode acarretar na falta de materiais hospitalares e remédios. A Sesa afirma que tem analisado os casos individualmente para que não haja escassez.
Além disso, as dívidas com fornecedores somavam R$ 53 milhões. Desse montante, a secretaria já pagou R$ 26 milhões. Também faltam R$ 7 milhões para que hospitais inaugurados no ano passado, como o de Guaraqueçaba e o de Ponta Grossa, possam colocar todas as alas em funcionamento. A previsão é de que os investimentos em hospitais sejam liberados até o final deste ano.
Para Caputo Neto, a situação caótica da Sesa é resultado de uma política equivocada de investimentos, que não priorizou o atendimento em áreas com maior demanda. “Estamos atraindo mais recursos para a Saúde e já garantimos para o ano que vem um aumento de R$ 130 milhões no orçamento. Precisamos de mais R$ 25 milhões para pagar as dívidas e empenhar grande parte dos R$ 99 milhões de empenhos não processados”diz Caputo Neto.
O secretário da Saúde do governo anterior, Carlos Moreira Júnior, foi procurado, mas informou que não poderia dar entrevistas por causa de uma viagem.
Hospitais
A situação de novos hospitais está entre os principais problemas. Em Ponta Grossa , o projeto do Hospital Regional (HR) ignorou normas específicas para a construção de estruturas hospitalares. O piso do centro de esterilização, por exemplo, suporta no máximo 300 quilos, mas deveria aguentar equipamentos de até três toneladas. “As deficiências são muitas. A lavanderia, o almoxarifado, a central de armazenamento de medicamentos, a UTI neonatal e o centro cirúrgico são pequenos para a demanda que o hospital vai gerar”, afirma a diretora-administrativa do HR, Scheila Mainardes. As adequações da unidade estão sendo feitas e espera-se que até o fim do ano o hospital esteja pronto.
O diretor-técnico do HR de Guaraqueçaba, Jonathan Loschner, vive a mesma expectativa. A estrutura do hospital apresenta rachaduras no piso e infiltrações, além de não possuir unidade de oxigênio. “Foi construído um elefante branco, mas estamos tentando fazer isso funcionar”, afirma o diretor.
Texto: GazetadoPovo – foto: Divulgação
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