By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: G1 – Imagem: Divulgação
Há vários mitos sobre a melhor forma de beber álcool para evitar, ou ao menos minimizar, uma ressaca.
Quão confiáveis são essas crenças populares? Há evidências de que
misturar vinho e cerveja piora a ressaca no dia seguinte? É verdade que
não podemos misturar? Infelizmente, as evidências científicas não dão
suporte para esse tipo de estratégia.
A BBC fez uma revisão de pesquisas recentes e é possível afirmar que as
causas dos principais sintomas de ressaca são desidratação, mudanças
nos níveis de hormônios como aldosterona e cortisol e os efeitos tóxicos
do próprio álcool. Além disso, há evidências de que o sistema imune é
afetado e isso poderia ser a causa da dor de cabeça, da náusea e da
fatiga.
Como regra geral, quanto mais álcool você beber, pior será sua ressaca
no dia seguinte. A não ser, é claro, que você seja uma das pessoas
sortudas que não sofrem de ressaca, o que existe comprovadamente de
acordo com alguns estudos recentes, ainda que não se saiba o motivo para
isso.
Há dois principais "ingredientes" para uma ressaca severa: beber muito
álcool e beber muito rápido. A mesma quantidade de álcool, porém, nem
sempre resulta na mesma severidade da ressaca.
Sabe-se que misturar bebidas ou tomar coquetéis pode levá-lo a consumir
mais álcool - e isso pode piorar a sua ressaca. Além disso, alguns
drinks parecem ter um efeito posterior pior do que outros.
Além da intoxicação causada pelo álcool, há outros componentes que
afetam o nível da ressaca - os chamados congêneres. Congêneres são
substâncias não-alcóolicas produzidas durante a fermentação, como
acetona, acetaldeído e taninos, que mudam as cores das bebidas e lhes
dão sabores distintos.
Drinks claros, como vodca, tem menos congêneres do que os mais escuros,
como o uísque. Na verdade, um uísque bourbon tem 37 vezes mais
congêneres do que a vodca, o que torna a ressaca de uísque pior.
Para descobrir o efeito dessas substâncias na ressaca, pesquisadores
americanos recrutaram estudantes universitários que bebiam com
frequência mas não tinham problemas de alcoolismo.
Em algumas noites, eles beberam bourbon e coca-cola, em outras vodca
com coca-cola e em outras um placebo que nada mais era que uma mistura
do refrigerante com água tônica e algumas gotas de bourbon ou vodca para
torná-lo parecido com o drink real.
Os participantes tomaram entre três e seis drinks, o suficiente para
ter uma concentração de 0,11g de álcool para cada 100 ml. Essa
concentração é de duas a cinco vezes mais alto do que o limite do
bafômetro para ter permissão de dirigir, dependendo de em que país você
estiver.
Os estudantes passaram a noite em uma clínica e foram acordados às 7h
da manhã para tomar um café da manhã e encarar uma nova bateria de
testes. Eles receberam U$450 (R$1450) pelo experimento.
Os pesquisadores concluíram que os estudantes que beberam bourbon
classificaram a ressaca como pior do que os outros grupos, mas tiveram
performance tão boa quanto os outros nos testes de tempo de reação.
Ainda não há uma pesquisa específica sobre a mistura de cerveja e vinho
e o efeito disso na ressaca, mas talvez o problema não seja da uva ou
do grão em si, mas da força desses drinks na nossa capacidade de
julgamento.
A cerveja tem entre a metade e um terço da força do vinho, então
começar com ela e depois beber vinho pode ser menos intoxicante do que o
contrário. Se você começar bebendo vinho e depois pular para a cerveja,
porém, seu julgamento pode já estar prejudicado o suficiente para você
não perceber quão bêbado está.
Ou seja, as evidências científicas apontam que a culpa da ressaca não é
da mistura em si, mas sim de beber demais ou de uma quantidade mais
alta de congêneres na sua bebida.
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