By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: PARANÁ PORTAL – Imagem: Francielly Azevedo (Paraná Portal)
Empresas de agronegócio
investigadas na Operação Carne Fraca auxiliavam em campanhas políticas
de partidos como o PMDB e o PP, de acordo com o superintendente regional da
Polícia Federal, Maurício Moscardi Grillo.
Parte da propina paga pelas
empresas para o Ministério da Agricultura para fazer “vista grossa” às
irregularidades dos produtos era revertido para os partidos políticos. Ainda
não há estimativa do valor repassado e outras siglas podem estar envolvidas nos
esquemas.
Os empresários são acusados por
lavagem de dinheiro e corrupção e, ainda de acordo com a PF tinham bens registrados
em nome de terceiros. “Parte desde o fiscal até o responsável pelo
ministério. Existia uma “força” para retirar os fiscais honestos do trabalho
nessas empresas”, disse o superintendente. Em troca de propina, os fiscais
deixavam passar carnes podres, com data de vencimento adulterada e com
bactérias.
Em perícia, foram encontradas
carnes estragadas em conhecidos supermercados de Curitiba e Região
Metropolitana. Entre as marcas que vendem carnes irregulares estão Pecin e
Master Carnes.
De acordo com a PF, foram
encaminhados quatro containers de carne para a Europa, o que chegou foi
analisado e encontrada bactéria nos produtos. Os outros três ainda estão no
mar.
Parte da investigação foi
deflagrada pela fábrica do restaurante Madero, que passou por uma tentativa de
extorsão de agentes que exigiam propina. “Criavam circunstâncias de problemas,
exigiam dinheiro e picanha, por mais vergonhoso que seja” afirmou Grillo.
Em nota, o presidente do Madero,
Junior Durski, afirma que se sente orgulhoso por ter colaborado com a PF nas
investigações. “Isto é o nosso dever como cidadãos brasileiros, pois ajuda a
passar o Brasil a limpo, tornando-o um lugar mais digno e decente para que as
nossas crianças cresçam e se alimentem de produtos e conceitos bons. É no mínimo
a nossa obrigação, seja como pais, empresários ou simplesmente como cidadãos
brasileiros de bem”, declarou. “Temos que ter muita disposição e coragem neste
momento que o Brasil dá esta virada, denunciando e colaborando com a polícia e
com a justiça, sempre que estes bandidos e corruptos batam às nossas portas. Só
assim vamos tornar este maravilhoso país um lugar que nos orgulhemos, e que
possamos trabalhar cada vez mais com muita força e determinação, fazendo as
nossas empresas e o nosso país crescerem cada vez mais”, finaliza a nota.
Alimentos sem condições de
consumo
Entre os crimes identificados na
operação, estão re-embalagem de produtos vencidos; excesso de água;
inobservância da temperatura adequada das câmaras frigoríficas; assinaturas de
certificados para exportação fora da sede da empresa e do Mapa, sem checagem in
loco; venda de carne imprópria para o consumo humano; uso de produtos
cancerígenos em doses altas para ocultar as características que impediriam o
consumo pelo consumidor. Segundo a PF, todas as 40 empresas investigadas tinham
alguma irregularidade.
Segundo o superintendente da PF, um
dos empresários chegou a negociar autorização para abrir um abatedouro de
cavalos para venda da carne no Paraná. A propina prevista era de R$ 300 mil.
Frangos abatidos em Colombo, na
Região Metropolitana de Curitiba, também estavam contaminados com a bactéria
Salmonela, de acordo com a análise, e eram encaminhados para merenda escolar em
Curitiba. Também havia adulteração em suplementos de proteína que deveriam ser
adicionados à carne e que eram trocados por versões mais baratas, que não
tinham o mesmo efeito benéfico, segundo a PF. Carnes infectadas também foram
destinadas à exportação.
Três núcleos
Foram identificados, nas
investigações, três grupos criminosos de servidores no Mapa/PR: núcleo
baseado em Curitiba, liderado pelo fiscal agropecuário Daniel
Gonçalves Filho, sucedido em suas funções por Gil Bueno de Magalhães,
Superintendente regional do Mapa, e Maria do Rocio Nascimento, chefe do SIPOA;
núcleo baseado em Londrina, chefiado por Juarez Santana, chefe da Unidade
Técnica Regional de Agricultura de Londrina – UTRA/Londrina; e núcleo Foz do
Iguaçu, coordenado por Antonio Garcez da Luz, chefe do escritório do Mapa em
Foz do Iguaçu. Além do núcleo baseado no Mapa/GO, cujo líder é o Chefe do
SIPOA, Dinis Lourenço da Silva, que adota modus operandi semelhante
ao do Paraná.
São, ao todo, 34 funcionários
públicos investigados, 20 deles com mandados de prisão. Entre os executivos, há
três da BRF e dois da JBS – três dos executivos estão presos. MATÉRIAS RELACIONADAS:
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