terça-feira, 14 de fevereiro de 2023

Idosa desaparecida desde 1979 localizada em hotel de Garibaldi: o que se sabe e o que falta saber

By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: G1 Imagem: RBS TV
A Polícia Civil de Garibaldi, na Serra do Rio Grande do Sul, e o Ministério do Trabalho investigam a suspeita de irregularidades no caso de uma idosa desaparecida desde 1979 encontrada vivendo em um hotel da cidade. A mulher de 73 anos voltou ao convívio da família, em Cachoeirinha, na Região Metropolitana. 
A identidade da mulher não foi divulgada pela polícia. Contudo, segundo o delegado Marcelo Ferrugem, a idosa era conhecida em Garibaldi por um nome diferente daquele pelo qual foi registrada. 
A mulher desapareceu há cerca de 44 anos, em 1979, de acordo com a polícia.
Conforme o delegado responsável pelo caso, a mulher teria se afastado da família por conta de uma desavença.  
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"A senhora teria se afastado da família em 1979, por alguma desavença, algo que não está bem esclarecido. Desde então, a família não soube mais dela", diz Ferrugem.
A mulher foi localizada no dia 31 de janeiro, em um hotel de Garibaldi. A Polícia Civil chegou até a mulher após receber denúncias de que ela se encontrava nas dependências do estabelecimento.  
O registro do desaparecimento só foi feito em 2021 por uma sobrinha que ficou sabendo de uma campanha de identificação de desaparecidos. Os parentes vivem em Cachoeirinha, a 117 km de Garibaldi.
Atualmente, a Polícia Civil investiga a suspeita de maus-tratos. A possibilidade de cárcere privado foi descartada pelo delegado. Segundo o hotel, a mulher tinha livre trânsito no local e alimentação disponível.  
Funcionários do local informaram à polícia que a idosa trabalhou como servente no estabelecimento na década de 1990. Em depoimento, a mulher disse que foi demitida em 2000, mas que foi mantida no local sem vínculo empregatício.
Ela ganharia de R$ 25 a R$ 50 por semana, sem folgas nos finais de semana, e trabalharia na manutenção do hotel. Com base nisso, o Ministério do Trabalho (MTE) apura se a mulher era mantida no local em condição semelhante à de escravizada. 
Segundo a investigação, ela vivia em um quarto afastado da área de hóspedes. O ambiente não tinha iluminação natural e o banheiro não era próximo.
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"As condições de higiene no local eram precárias, roupas de cama e colchão muito sujos. Ela fazia as necessidades em um balde", explica o delegado.
Os agentes do MTE observaram que alguns móveis foram reparados e trocados de lugar entre a abordagem da polícia e a vistoria do órgão de fiscalização. Na primeira ocasião, não havia iluminação, os móveis estavam quebrados e não tinha pia no banheiro. Depois, havia lâmpadas e uma pia, além de móveis que foram consertados. 
O assessor jurídico do hotel, Flavio Green Koff, afirma que a mulher era entendida como parte da família
"O tempo foi passando, foi passando, e não tinha o que fazer com essa senhora. Vamos jogar na rua? O que fazer? Não tinha uma solução", afirma.
O advogado diz ainda que a mulher "tinha uma vida normal, andava onde queria; tinha o seu quarto, não era cinco estrelas, evidentemente; não tinha banheiro no quarto, não era uma suíte, mas o banheiro dela ficava a 20 passos mais ou menos do quarto dela, em área coberta, não tinha problema nenhum".  
O hotel ainda nega que a mulher tenha permanecido como funcionária após a demissão, reforçando que a idosa apenas morava no local, com acesso livre e alimentação disponível. 
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A família levou a idosa para Cachoeirinha no dia 2 de fevereiro.
O advogado que representa os parentes dela afirma que a preocupação, neste momento, é com a saúde da mulher.
"Num primeiro momento, a família acolheu superbem a idosa, buscando tratamento médico pra ela, psicológico, dental, ela está bem abalada. É uma situação bem complicada", comenta.
Segundo o delegado Marcelo Ferrugem, a idosa "apresenta algum comprometimento cognitivo, talvez sinais de Alzheimer". 

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