By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: METROPOLES – Imagem: Divulgação
A viúva do capitão Adriano da Nóbrega,
miliciano que era ligado a Flávio Bolsonaro e que foi assassinado na
Bahia no ano passado, está perto de homologar uma delação premiada com o
Ministério Público do Rio de Janeiro. Júlia Emílio Mello Latufo está
negociando há algumas semanas com os promotores, tendo como seu advogado
o ex-senador Demóstenes Torres, que voltou a advogar. A delação já está
na segunda fase, ou seja, foi aceita pelos promotores e agora está
focada em tratar de anexos específicos sobre homicídios cometidos por
organizações criminosas no Rio de Janeiro.Júlia Lotufo viveu um relacionamento amoroso por 10 anos com Adriano
da Nóbrega e chegou a acompanhá-lo até a Bahia, onde ele foi morto, em
fevereiro de 2020.
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Ficou foragida e teve a prisão preventiva decretada,
mas a punição foi reduzida a prisão domiciliar.
Antes da morte de Nóbrega, ela trabalhou na Subdiretoria-Geral de
Recursos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
Agora, ela responde a um processo da 1ª Vara Criminal Especializada da
Capital do RJ, por organização criminosa e lavagem de dinheiro. Com a
morte do marido, segundo esse processo, coube a ela cuidar do espólio de atividades ilegais de Adriano.
Ela foi denunciada pelo Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime
Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio (MPRJ), e nesse processo
consta um documento da contabilidade dos negócios ilegais de Adriano.
Essa planilha foi obtida na quebra do sigilo telemático da viúva.
Partiu
de Júlia a iniciativa de fazer contato com os investigadores. Ela
procurou inicialmente a Polícia Civil. O secretário de Polícia Alan
Turnowski procurou o MP do Rio com o objetivo de fazer uma reunião da
defesa de Júlia com a promotora Simone Sibílio, responsável pela
investigação dos assassinatos da vereadora Marielle Franco e o motorista
Anderson Gomes. Este encontro ocorreu há algumas semanas, e Sibílio se
interessou sobre as informações que Júlia tinha a fornecer sobre o caso
Marielle.
A defesa de Júlia foi
encaminhada para outra área do Ministério Público, que investiga a
participação de milicianos em assassinatos de aluguel – mortes como as
cometidas pela organização criminosa Escritório do Crime. O MP-RJ foi
envolvido na negociação e tudo caminha para que na semana que vem haja a
homologação.
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Ex-capitão do Bope, Adriano da Nóbrega foi apontado
pela Polícia Civil do Rio como chefe da milícia de Rio das Pedras e da
Muzema, na Zona Oeste Rio. O PM era amigo de Fabrício Queiroz e foi
homenageado por Flávio Bolsonaro com a Medalha Tiradentes. A mãe e a
ex-mulher de Adriano, Raimunda Veras Magalhães e Danielle Mendonça da
Costa, chegaram a ser lotadas no gabinete de Flávio na Alerj. Nóbrega
foi assassinado em um confronto com policiais na Bahia, em 9 de
fevereiro de 2020, após ficar escondido em uma propriedade na zona rural
de Esplanada, cidade a 160 km de Salvador.
A primeira versão desta reportagem informava que o Ministério Público
Federal no Rio de Janeiro também estaria na mesa de negociação da
delação de Júlia Latufo. Entretanto, algumas horas após a publicação do
texto, uma nova fonte entrou em contato com a coluna e negou que o MPF
participe da negociação. Diante da nova informação, a coluna viu a
necessidade de rechecar este ponto da reportagem. A menção ao MPF foi,
portanto, suprimida do texto até que haja segurança por parte da
apuração sobre este ponto.
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