By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: G1 – Imagem: Everson Bressan (Futura Press/Futura Estadão)
O Partido dos Trabalhadores (PT) anunciou nesta terça-feira (11) que Fernando Haddad concorrerá à Presidência da República nas Eleições 2018, no lugar do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que teve o registro de candidatura rejeitado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O prazo dado pelo TSE para o partido apresentar à Justiça Eleitoral o
substituto de Lula terminava às 19h desta terça. Na chapa original,
Haddad era o vice. Na nova formação, a candidata à vice-presidência será
Manuela D'Ávila, do PCdoB.
O anúncio foi feito em Curitiba, onde Lula está preso desde 7 de abril, cumprindo pena de 12 anos e 1 mês de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso da Lava Jato envolvendo o triplex em Guarujá (SP).
Após se reunir com o ex-presidente, Haddad deixou o prédio da PF por volta das 17h15 e falou para a militância que esperava do lado de fora. Subiram o palanque com ele Manuela D'Ávila, a ex-presidente Dilma Rousseff, a presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffman, e outros membros do partido.
Ele afirmou que recebeu "uma missão do ex-presidente".
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"Vamos dizer
para o povo: você está sentindo a dor que eu estou sentindo, mas não é
hora de voltar para casa de cabeça baixa. É hora de sair para a rua de
cabeça erguida. Nós vamos ganhar essa eleição pelo Lula, pelo PT, pelo
PCdoB, pelos movimentos sociais e pelo Brasil", disse o candidato.
No início da noite, às 18h27, os advogados da coligação PT/PCdoB/PROS
registraram no TSE a candidatura de Haddad à Presidência e de Manuela
D'Ávila como candidata a vice. Não houve ato político em frente ao
tribunal. O registro da candidatura será analisado pelo ministro Luís
Roberto Barroso, que analisou o registro de Lula e votou pela rejeição.
Na noite desta terça, o PT exibiu a primeira propaganda eleitoral na TV
com o substituto de Lula. Foi lido um texto que dizia que "Lula agora é
Haddad". “Lula foi o melhor presidente que o Brasil já teve. Nós
sabíamos que ganharia a eleição. Infelizmente, insistem em tirar o Lula,
contrariando a ONU e a vontade do povo brasileiro. Lula pediu. Vamos
continuar juntos, unidos, vamos todos votar no 13, para vencer as
injustiças e fazer o Brasil feliz de novo”, diz Haddad no programa.
Carta de Lula
Luiz Eduardo Greenhalgh, um dos fundadores do PT, leu uma carta de
Lula, intitulada "Carta ao Povo Brasileiro" – mesmo título de um texto
divulgado pelo petista nas eleições de 2002, quando foi eleito pela
primeira vez.
Na carta, Lula afirma que foi "incluído artificialmente na Lei da Ficha
Limpa" para não poder disputar as eleições e que teve que tomar uma
decisão no prazo imposto pela Justiça.
"É diante dessas circunstâncias que tenho de tomar uma decisão, no
prazo que foi imposto de forma arbitrária. Estou indicando ao PT e à
Coligação 'O Povo Feliz de Novo' a substituição da minha candidatura
pela do companheiro Fernando Haddad, que até este momento desempenhou
com extrema lealdade a posição de candidato a vice-presidente", diz a
carta.
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"Ao lado dele, como candidata a vice-presidente, teremos a companheira
Manuela D’Ávila, confirmando nossa aliança histórica com o PCdoB, e que
também conta com outras forças, como o PROS, setores do PSB, lideranças
de outros partidos e, principalmente, com os movimentos sociais,
trabalhadores da cidade e do campo, expoentes das forças democráticas e
populares", afirma Lula no texto.
Prazo
Os ministros do TSE rejeitaram a candidatura Lula em 1º de setembro e
deram 10 dias para o PT substituir o candidato – prazo que terminava
nesta terça.
Na segunda (10), a defesa do ex-presidente havia recorrido ao Supremo Tribunal Federal (STF)
para ampliar o prazo até 17 de setembro. O recurso, entretanto, não
chegou a ser analisado até esta terça, e o partido acabou decidindo por
anunciar a substituição de Lula por Haddad.
Os advogados tinham feito o mesmo pedido ao TSE, que foi rejeitado pela presidente do tribunal, ministra Rosa Weber.
Caso o partido não apresentasse o substituto na chapa, de acordo com
entendimento da Justiça Eleitoral, ficaria de fora da corrida
presidencial, e o tempo de propaganda na TV seria redistribuído entre os
demais partidos.
Ficha limpa
No julgamento de 1º de setembro, os ministros do TSE decidiram – por 6 votos a 1 – rejeitar o registro da candidatura de Lula à Presidência por considerarem o petista inelegível com base na Lei da Ficha Limpa.
Na ocasião, os ministros também decidiram que, até a substituição de
Lula, o PT poderia continuar fazendo propaganda eleitoral, mas sem a
participação dele como candidato.
Lula foi condenado em segunda instância em janeiro deste ano em
julgamento da 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região
(TRF-4). O ex-presidente afirma ser inocente.
Mesmo com Lula preso, o PT confirmou o ex-presidente como candidato ao Planalto em 4 de agosto. Haddad foi apresentado como vice, e um acordo com o PCdoB permitia a entrada de Manuela D’Ávila na chapa.
Em nota divulgada no site do ex-presidente na época, foi informado que
Haddad seria o porta-voz de Lula até o trâmite final da homologação da
candidatura dele na Justiça Eleitoral.
Em meados de agosto, o Comitê de Direitos Humanos da ONU solicitou que o Brasil garantisse os direitos políticos de Lula
na prisão e que não o impedisse de concorrer na eleição de outubro até
que todos os recursos da condenação dele sejam contemplados.
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O PT foi o último partido a registrar candidatura à Presidência. O registro da candidatura de Lula foi publicado no “Diário da Justiça Eletrônico” em 17 de agosto.
Ao todo, 13 candidatos concorrerão ao Palácio do Planalto neste ano. O primeiro turno está marcado para 7 de outubro e o segundo, para o dia 27.
Perfil de Haddad
Filho de comerciantes do Bom Retiro, na região central de São Paulo,
aos 18 anos Haddad entrou para a faculdade de direito da Universidade de
São Paulo (USP), no Largo de São Francisco. Formou-se bacharel em 1985.
Também pela USP, tornou-se mestre em Economia com especialização em economia política, em 1990, e doutor em Filosofia em 1996.
Foi professor de Teoria Política Contemporânea no Departamento de
Ciência Política da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Sociais da
USP, analista de investimento do Unibanco e consultor da Fundação
Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).
Em 2001, assumiu a chefia de gabinete da secretaria municipal de
Finanças de São Paulo na gestão da prefeita Marta Suplicy. Dois anos
depois, se tornou assessor especial do ministro do Planejamento, Guido
Mantega. Depois, foi secretário Executivo do Ministério da Educação e se
tornou ministro da pasta durante a gestão Lula.
Em 2012, deixou o cargo para disputar as eleições municipais de São
Paulo. Foi prefeito da capital paulista de 2012 a 2016, e candidato do
PT à reeleição, mas perdeu para o tucano João Doria.
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