By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: G1/PR – Imagem: Divulgação
O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), mandou nesta sexta-feira (14) soltar Beto Richa (PSDB), ex-governador do Paraná e candidato ao Senado. Também mandou soltar a mulher dele, Fernanda Richa, e mais 13 pessoas.
Richa foi preso nesta semana após operações do Ministério Público do Paraná pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), na Operação Rádio Patrulha e da Polícia Federal.
Segundo o Ministério Público, Richa é suspeito de integrar esquema de propina,
direcionamento de licitações de empresas, lavagem de dinheiro e
obstrução de Justiça.
Mais cedo, nesta sexta, a defesa de Beto Richa pediu a Gilmar Mendes que soltasse o cliente alegando que o decreto de prisão "é absolutamente nulo".
Os advogados pediram que o ministro concedesse habeas corpus por
avaliarem que o juiz que determinou a prisão temporária (5 dias) usou a
medida como "substitutivo da inconstitucional medida de condução
coercitiva" – a condução coercitiva foi proibida pelo STF.
Continua depois da
publicidade
Em decisão de dez páginas, o ministro afirma que a ordem de prisão
"aparenta ser manifestamente inconstitucional e em flagrante violação"
com o que foi decidido no caso das conduções coercitivas.
'Indicativos de decisão política'
Gilmar Mendes considerou que "há indicativos de que tal prisão tem
fundo político, com reflexos sobre o próprio sistema democrático e a
regularidade das eleições que se avizinham".
"O postulante é candidato ao Senado Federal pelo estado do Paraná,
sendo que sua prisão às vésperas da eleição, por investigação preliminar
e destituída de qualquer fundamento, impacta substancialmente o
resultado do pleito e influencia a opinião pública."
Segundo ele, é preciso superar a "visão ultrapassada e autoritária" do
inquérito policial e respeitar a dignidade da pessoa humana. Para ele,
não se pode usar a prisão para antecipar eventual pena.
"Entendo que o que há é uma antecipação da pena e submissão do requerente a vexame público."
O ministro afirmou ainda que fatos antigos não autorizam decretação de
prisão porque isso afronta o princípio da presunção de inocência.
"Entende-se, como regra, que fatos antigos não autorizam qualquer
espécie de prisão provisória, seja ela temporária ou preventiva, sob
pena de desvirtuamento de sua finalidade e esvaziamento da garantia
fundamental da presunção de inocência", afirmou.
Segundo ele, "os fatos que deram ensejo à prisão ocorreram durante os
anos de 2010 a, no máximo, 2013, ou seja, há longínquos cinco anos da
data da expedição da ordem de prisão, o que afasta a contemporaneidade
dos fatos".
Continua depois da
publicidade
Na avaliação do ministro, o juiz não apontou devidamente os motivos
pelos quais o ex-governador foi preso e nem indicou a necessidade da
"medida extrema".
"Observo grave vício de fundamentação na decisão que decretou a prisão
temporária do requerente, já que ela está em dissonância com a lei e se
baseou em fatos bastante antigos, utilizando-se de elementos genéricos e
inespecíficos que não demonstraram, in concreto, a necessidade da
medida extrema."
Gilmar Mendes considerou que o juiz considerou a possibilidade de
influência dos investigados sobre as testemunhas, mas sem apontar
elementos concretos.
'Notório abuso de poder'
Na última quarta (12), Gilmar Mendes comentou a atuação de procuradores
na operação que levou Beto Richa à prisão nesta semana e em ações
apresentadas no mês passado à Justiça contra Fernando Haddad e Geraldo Alckmin, candidatos de PT e PSDB à Presidência da República
Para Gilmar Mendes, houve "notório abuso de poder"
porque ações como essas do Ministério Público em meio à eleição
interferem no processo eleitoral e "isso não é bom para a democracia".
"Pelo que estava olhando no caso do Richa, é um episódio de 2011. Vejam
vocês que fundamentaram a prisão preventiva a uns dias da eleição,
alguma coisa que suscita muita dúvida. Essas ações já estão sendo
investigadas por quatro, cinco anos, ou mais. No caso de Alckmin,
Haddad, todos candidatos... E aí [o MP] anuncia uma ação agora! É
notório um abuso de poder", afirmou Gilmar Mendes.
"É preciso realmente colocar freios. A PGR tem que atuar nisso e
tambémm o CNMP [Conselho Nacional do Ministério Público]. [...] Acho que
é preciso haver moderação. Do contrário, daqui a pouco nós podemos
inclusive tumultuar o pleito eleitoral. Sabemos lá que tipo de consórcio
há entre um grupo de investigação e um dado candidato", acrecentou o
ministro.
Nesta semana, a corregedoria do Ministério Público abriu processos para investigar as condutas dos procuradores que atuaram nos casos de Beto Richa, Fernando Haddad e Geraldo Alckmin.
OS COMENTÁRIOS NÃO SÃO DE
RESPONSABILIDADES DO INTERVALO DA
NOTICIAS. OS COMENTÁRIOS IRÃO PARA ANALISE E SÓ SERÃO PUBLICADOS SE TIVEREM
OS NOMES COMPLETOS.
FOTOS PODERÃO SER USADAS MEDIANTE AUTORIZAÇÃO OU CITAR
A FONTE
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.