By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: G1 – Imagem: Agência Brasil
Os Correios devem apresentar ainda neste mês de maio uma proposta de
reestruturação para tentar levar suas contas de volta ao azul, afirmou
ao G1 o presidente da estatal, Guilherme Campos. A empresa soma cerca de R$ 4 bilhões de prejuízo entre 2015 e 2016.
De acordo com ele, a reestruturação é fundamental para reverter o
resultado negativo. Em março, o ministro das Comunicações, Gilberto
Kassab, afirmou que, se a empresa não promover o "equilíbrio
rapidamente", vai "caminhar para um processo de privatização."
Campos disse ainda que a estatal já estuda a viabilidade jurídica de
corte de uma parte dos seus funcionários, após o resultado de seu
Programa de Demissão Incentivada (PDI) ter ficado abaixo do esperado.
Anunciado em novembro do ano passado,
o PDI teve a adesão de cerca de 5,5 mil funcionários. No total, disse o
presidente, 17 mil trabalhadores preenchiam os requisitos para
participar do programa e a meta era de 8 mil adesões. A empresa também
já havia anunciado o fechamento de agências.
"Se com esse movimento [PDI] nós não tivermos um número satisfatório
para chegar num ponto de equilíbrio, nós partiríamos para um modelo de
demissão motivada", disse Campos.
Segundo ele, os alvos das demissões, se ocorrerem, serão os mesmos do
PDI: funcionários do setor administrativo, com salários mais altos e que
continuam trabalhando nos Correios apesar de já estarem aposentados.
A estatal tem hoje cerca de 110 mil funcionários. Com a saída dos 5,5
mil que aderiram ao PDI, a estimativa é de economia de R$ 700 milhões
por ano.
Novo valor serviço de entrega
Campos avaliou como “consistente e transformador” o plano de
reestruturação que deve ser apresentado neste mês de maio. Ele não quis
dar detalhes, mas disse que uma das medidas será a adoção de uma
“política comercial mais agressiva” para enfrentar a concorrência no
setor de entrega de encomendas, que vai continuar a ser a grande aposta
dos Correios.
Essa política mais agressiva, afirmou Campos, passa pela mudança nos
preços do chamado Sedex, que vai ficar mais barato “nas localidades mais
competitivas” (grandes cidades do país) e mais caro “aonde o custo é
maior para chegar” (regiões mais afastadas dos grandes centros).
“Nós estamos perdendo mercado. Crescemos na parte de encomendas no ano
passado, mas crescemos abaixo do mercado de encomendas”, disse Campos.
Ele também afirmou que os Correios vão melhorar a qualidade do serviço
de entrega de encomendas.
Plano de saúde
Outra medida considerada vital para a recuperação financeira dos
Correios, segundo Campos, é a mudança no plano de saúde dos
funcionários, da ativa e aposentados, que hoje gera um custo de R$ 1,8
bilhão por ano à empresa.
De acordo com o presidente, hoje o plano beneficia cônjuge, filhos e
pais dos funcionários. A proposta da empresa é que ele passe a valer
apenas para o empregado – filhos, cônjuges e pais ainda poderiam ser
inscritos, mas o custo seria repassado ao trabalhador.
Se houver acordo e a mudança for feita, os gastos dos Correios com
plano de saúde passariam de R$ 1,8 bilhão para R$ 600 milhões por ano,
segundo Campos.
Outras mudanças
O presidente dos Correios também se disse favorável a mudanças na
legislação que permitam aos Correios reduzir custos na atividade postal.
Uma delas é reduzir a frequência com que os carteiros visitam algumas
regiões mais afastadas e de menor demanda. Outra é desobrigar a empresa
de estar presente em todas as cidades.
“A atividade hoje dos Correios não consegue mais financiar [a presença
em todo o país]. Se houver uma decisão de estado pela permanência, tem
que ter um subsídio, um aporte de recursos para que isso aconteça”,
disse Campos.
De acordo com ele, uma das soluções possíveis para essa questão pode
ser a criação de microfranquias, que seriam administradas por pequenos
comerciantes em localidades remotas ou nas periferias dos grandes
centros. Esses comerciantes passariam a ser representantes dos Correios
em troca de um percentual da arrecadação com os serviços.
Empresa aérea
Para ganhar mercado no setor de entregas, o plano de reestruturação
também vai prever investimentos em logística e transporte das
mercadorias. Entre elas, disse Campos, os Correios podem, apesar da
crise e das contas no vermelho, enfim colocar em prática o plano de
criação de uma empresa aérea.
“É um desenho que está sendo construído, mas não tenho a resposta hoje.
A única certeza é que o modelo atual não atende mais nem os Correios,
nem as empresas de transporte aéreo”, afirmou o presidente.
De acordo com Campos, o transporte de mercadorias dos Correios é feito
hoje por “empresas pequenas, com aviões velhos que não dão aquela
confiabilidade que precisamos.”
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