By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: UOL – Imagem: Divulgação
Uma
polêmica ideia legislativa com o objetivo de criminalizar o funk atingiu nesta
quarta-feira (24) mais de 20 mil assinaturas no site do Senado e foi
encaminhada para a relatoria do senador Cidinho Santos (PR) na CDH (Comissão de
Direitos Humanos e Legislação Participativa).No texto descritivo da ideia, seu
autor, o empresário paulista Marcelo Alonso, escreve: “São somente [o funk] um
recrutamento organizado nas redes sociais por e para atender criminosos,
estupradores e pedófilos a prática de crime contra a criança e o adolescente,
venda e consumo de álcool e drogas, agenciamento, orgia, exploração sexual,
estupro e sexo grupal” (sic).A ideia de lei não significa que o funk já foi
proibido. Aliás, está bem longe disso acontecer. O que ocorreu foi o seguinte:
qualquer pessoa pode ir até o site do Senado e sugerir uma ideia de lei e, se
em quatro meses ela receber 20 mil assinaturas, é encaminhada para a relatoria
que pode dar andamento à lei ou não.
Procurado
pela reportagem do UOL, o senador Cidinho Campos disse que rejeitou a relatoria
por estar envolvido em outros debates “prioritários para o país como as
reformas trabalhistas e da previdência”. Ou seja, a ideia está parada e por seu
potencial polêmico, dificilmente algum senador aceitará analisá-la.
Mesmo
assim, o simples fato da ideia conseguir galgar tantos apoiadores em tão pouco
tempo levanta o debate: será que o funk deve ser mesmo criminalizado?
O
jornalista Renato Barreiros, diretor do documentário “O Fluxo” (2014), sobre os
bailes funk de rua de São Paulo, e estudioso da cultura da periferia, ironizou
a ideia. “Para início de conversa: os principais bandidos do Brasil nunca
frequentaram um baile funk. Basta ver as delações premiadas”.
“Vivemos
em uma época de radicalização em que a população acha que as soluções são
fáceis, como simplesmente proibir algo. Não é assim”, continuou. “O funk fala
de crime porque ele está inserido naquela realidade. Ele é espelho de um
problema social muito maior”. Para Barreiros, nos últimos anos, quando o Brasil
estava passando por um período bom na economia, o foco do funk mudou da
violência para a ostentação.
“Os
funks proibidões sumiram naquela época e começamos a ouvir letras sobre ter
carro, casa, sobre melhorar o padrão de vida”, afirmou. “O funk nunca foi o
problema. O problema é a realidade que ele mostra, de uma parcela da população
sem perspectiva, com uma taxa de desemprego alta entre jovens. Não adianta
matar o mensageiro. E se proibirem o funk, vai surgir o reggaeton, a cumbia,
enfim, as manifestações culturais vão continuar”.
O
funkeiro carioca Mr. Catra, autor de funks proibidões e que lançou nesta
sexta-feira (26) o clipe de sua nova (e polêmica) música “Pepeka Chora”, também
criticou a proposta. “Eu fico sem reação com alguém simplesmente cogitar a
ideia de criminalizar o funk”, reclamou. “O rap americano tem letras muito
piores. Em vez de brigar com o funk, por que não briga contra o rap? ”,
sugeriu. O cantor acha que criminalizar o funk é preconceito. “Milhões de
pessoas no Brasil vivem do funk. Ele gera empregos e é um movimento cultural
legítimo da favela. O problema não é o funk e sim a educação que os pais não
dão para seus filhos. O funk é a cultura do trabalhador. Deixo a sugestão:
vamos fazer a mesma coisa lá no senado. Tenho certeza que teremos milhares de
assinaturas apoiando o funk”, finalizou.
Apologia
ao crime
Ao
UOL, o autor da ideia de lei, Marcelo Alonso, 46, afirmou que está
democraticamente tentando salvar a juventude. “O funk faz apologia ao crime,
fala em matar a polícia. Sou pai de família e se eu não me preocupar com o
futuro, amanhã só teremos marginais”, disse ele.
Alonso
revelou que teve a ideia de criminalizar o funk após o Facebook suspender duas
vezes a página que ele mantém na rede social contra o funk. “O Mark
[Zuckerberg, criador do Facebook] mandou fechar a minha página por causa das
coisas que postamos lá. Mas se o funk for crime, eles vão ter que obedecer,
porque é lei. Estou apenas defendendo o ECA [Estatuto da Criança e do
Adolescente]”, disse.
Para o empresário, o funk apela para a vulgaridade. “O
axé e o forró também estão indo nesse ritmo. A cultura paulista sempre foi do
rock e do hip hop. O paulista não tem esse apelo musical do funk. A música
eleva seu estado de espírito e o funk te irrita e provoca”, finalizou.
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