By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: UOL – Imagem: Dario Oliveira (Estadão)
O PT foi a legenda mais beneficiada por essas doações, com R$ 60,7 milhões recebidos. O PMDB ficou logo atrás, com R$ 59,1 milhões, seguido pelo PSDB, com R$ 58,1 milhões. Ao todo, 25 siglas receberam doações dessas empresas via comitês em 2014. Estas doações somaram R$ 314 milhões. O dinheiro doado aos diretórios abasteceu campanhas em todo o país.
Ou seja: o dinheiro ia para o partido que, por sua vez, o encaminhava para os candidatos. É o caso do ministro da Justiça, Osmar Serraglio, que se elegeu deputado federal pelo PMDB do Paraná. Sua campanha em 2014 recebeu R$ 200.000 da JBS via diretório do partido. Serraglio foi citado na operação de hoje. Em gravação telefônica feita pela Polícia Federal, o ministro chamou de "grande chefe" o ex-superintendente do Ministério da Agricultura no Paraná, Daniel Gonçalves Filho, apontado como o líder da organização criminosa.
O juiz federal Marcos Josegrei na Silva entendeu que não havia indícios da prática de crime pelo peemedebista. "O ministro soube hoje, como um cidadão igual a todos, que teve seu nome citado em uma investigação. A conclusão tanto pelo Ministério Público Federal quanto pelo juiz federal é a de que não há qualquer indício de ilegalidade nessa conversa degravada", afirmou o Ministério da Justiça em nota divulgada hoje.
A Polícia Federal suspeita que o PMDB e o PP recebiam parte da propina destinada a fiscais do Ministério da Agricultura que teriam afrouxado a fiscalização em frigoríficos. Os partidos ainda não se pronunciaram sobre esta suspeita da PF. Em relação às doações em 2014, o PP foi o quarto partido mais agraciado, com R$ 38,1 milhões.
Doações aos partidos:
PT: R$ 60,7 milhões
PMDB: R$ 59,1 milhões
PSDB: R$ 58,1 milhões
PP: R$ 38,1 milhões
PR: R$ 24,4 milhões
As doações feitas diretamente a candidatos totalizaram R$ 79 milhões e beneficiaram as campanhas de dezenas de políticos. Candidatos do PT foram os mais contemplados, com R$ 60,6 milhões, bem à frente dos peemedebistas, que receberam R$ 6,9 milhões; e dos tucanos, agraciados com R$ 3,3 milhões.
Doações a candidatos:
PT: R$ 60,6 milhões
PMDB: 6,9 milhões
PSDB: 3,3 milhões
PSD: 3,1 milhões
PROS: 1,6 milhão
O esquema investigado
A operação Carne Fraca foi deflagrada nesta sexta-feira (17) em sete Estados. Foi a maior operação de combate à corrupção da história da PF e envolveu 1,1 mil agentes. Ao todo, a Justiça Federal do Paraná expediu 309 mandados judiciais, sendo 27 de prisão preventiva, 11 de prisão temporária, 77 conduções coercitivas e 194 mandados de busca e apreensão.
Segundo as investigações, o esquema consistia no pagamento de propina a fiscais sanitários para que produtos sem condições sanitárias para consumo pudessem ser comercializados. Durante as apurações, a PF constatou que empresas usavam substâncias químicas, como o ácido ascórbico, para "maquiar" o estado de conservação de produtos como carnes e processados.
As investigações apuraram que grandes empresas brasileiras do ramo alimentício, como a JBS, a BRF (antiga Brasil Foods) e a Seara, estariam envolvidas no esquema.
JBS lidera doações
A JBS foi, com folga, a empresa investigada que mais doou a partidos e a políticos. Somando diretórios e candidatos, suas doações chegaram a R$ 366 milhões. A BRF doou 18 milhões; e a Seara, R$ 10 milhões. Outras empresas citadas na investigação fizeram doações menores a políticos.
Em 2014, a JBS afirmou ao UOL que fazia doações por acreditar "que pode contribuir com o debate político do Brasil".
A respeito da operação de hoje, a JBS negou irregularidades na produção e venda de carnes. Em comunicado ao mercado, a JBS afirma também que "repudia veementemente" qualquer adoção de práticas relacionadas à adulteração de produtos.
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