By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: FINANCISTA – Imagem: Divulgação
O dólar recuou 0,44%, a R$ 3,4795 na venda, após atingir R$ 3,5644 na máxima deste pregão. O dólar futuro caía cerca de 0,50% no final da tarde.
"O mercado está apostando muito forte que vamos ter uma troca de governo. Em função disso, mesmo a atuação do BC não foi suficiente para segurar a moeda", disse o operador de câmbio da corretora Correparti Jefferson Luiz Rugik.
O BC manteve a estratégia de atuar fortemente no mercado, após fazer na véspera cinco leilões de swaps reversos, equivalentes a compra futura de dólares, e vender 160 mil contratos. Para muitos, a autoridade monetária quer evitar quedas abruptas do dólar para preservar o setor exportador. Só nesta semana, a moeda acumulou perda de 3,25% sobre o real.
Neste pregão, o BC repetiu a dose com cinco leilões de swaps reversos, mas vendeu ao todo 105 mil contratos, que equivalem a cerca de US$ 5,25 bilhões. Com isso, no mês até agora, já reduziu em US$ 15,53 bilhões o estoque dos swaps tradicionais, que estava em torno de US$ 100 bilhões.
Além disso, o BC não divulgou para este pregão leilão de rolagem dos swaps tradicionais, equivalentes a venda futura de dólares, que vencem no mês que vem e correspondem a US$ 10,385 bilhões, repetindo a estratégia da véspera.
"Muita gente que havia feito hedge cambial se desfez dessa posição nos dois últimos dias e o BC aproveitou esse movimento para acelerar a redução do estoque (de swaps tradicionais)", disse o operador da corretora Spinelli José Carlos Amado.
"Acho que boa parte desse ajuste já aconteceu, mas ainda temos alguns dias até a votação do impeachment então não dá para descartar volatilidade", acrescentou.
A intervenção do BC vem no momento em que crescentes apostas no impeachment de Dilma empurram a moeda norte-americana para baixo. Muitos operadores entendem que eventual troca de governo poderia atrair capitais de volta ao país.
A perspectiva de impeachment ganhou mais força na noite passada com o desembarque do PP do governo. Segundo o líder do partido na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PB), maioria "expressiva" da bancada é favorável ao impeachment, mas não há fechamento de questão sobre a votação.
O PRB, que também era da base do governo, anunciou que sua bancadas na Congresso votarão a favor do impeachment. Já o PSD pode divulgar no fim da tarde desta quarta-feira sua orientação para a votação sobre a abertura do impeachment, mas a maioria dos deputados já se posicionou a favor do processo.
A Câmara dos Deputados votará sobre a abertura do processo de impeachment no domingo. Pesquisa realizada por um importante banco internacional com clientes sugere que o cenário de impeachment estaria precificado nos mercados em pouco mais de 70%, na média.
Nos mercados externos, dados fortes sobre o comércio na China traziam algum alívio ao câmbio, apesar do recuo dos preços do petróleo.
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