quarta-feira, 30 de março de 2016

Sindicato dá respaldo à pediatra que negou atendimento a bebê por mãe ser do PTno RS



By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: G1 Imagem: Divulgação


O Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) deu respaldo à pediatra que negou atendimento ao filho de uma vereadora suplente de Porto Alegre, filiada ao Partido dos Trabalhadores (PT). Por meio de nota, a entidade afirmou nesta quarta-feira (30) que segue o Código de Ética Médica, que prevê que o profissional deve exercer a profissão com autonomia, podendo recusar consultas, exceto em casos de urgência ou se for o único médico em uma cidade.
A profissional foi denunciada no Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers) pela mãe da criança, a ex-secretária estadual de Política para Mulheres Ariane Leitão. Advogada, a vereadora suplente pelo PT em Porto Alegre desabafou nas redes sociais no dia 22 de março, após a médica a comunicar sobre a decisão de suspender a consulta do bebê de um ano pelo fato de a mãe dele "ser petista".
Em entrevista ao jornal Diário Gaúcho, o presidente do Simers, Paulo de Argollo Mendes, saiu em defesa da pediatra, e disse que admira a profissional pela atitude. Para ele, a médica foi "absolutamente leal" ao recusar o atendimento.
“É uma relação interna entre médico e paciente, em que o médico foi absolutamente leal e franco. Certamente atrás disso tem uma história de desconforto, às vezes militantes de um partido fazem proselitismo constante”, sustentou ele após a publicação, em entrevista à Rádio Gaúcha.
Segundo ele, o Código de Ética Médica prevê que os profissionais da área podem recusar atendimento em caso de desavenças ou aborrecimentos com os pacientes, com exceção de situações de urgência, quando há risco de morte, ou quando o médico é o único profissional da cidade.
"Se tu não és o único médico a cidade, tu tens que ter a honestidade de entender que a relação entre médico e paciente tem que ser uma relação de cordialidade, afetiva”, explicou. "Este é o ponto que nós admiramos, e exaltamos os médicos que cumprem com o Código de Ética Médica", completou.
Mendes ainda criticou a atitude da vereadora diante da recusa da pediatra. "Essa senhora é uma política, pode ser uma política fracassada, ela se candidatou e não se elegeu", analisou. “Eu não vejo como uma coisa admirável, como uma coisa que mereça respeito, ela se valer de um filho menor para estar na mídia, ter o nome divulgado, e fazer isso que os políticos gostam de fazer”, criticou.
Apesar de apoiar a atitude da pediatra, o Simers, na nota, afirmou que "é uma entidade absolutamente apartidária".
Cremers investiga pediatra
Segundo a mãe do bebê de um ano, a pediatra, que era médica da criança desde o nascimento, atende pelo plano de saúde do Instituto de Previdência do Estado do Rio Grande do Sul (Ipergs). No texto publicado nas redes sociais, Ariane escreveu que foi surpreendida com a mensagem da pediatra. "Ela escreveu que estava declinando de maneira irrevogável de atender o Francisco, por eu ser petista! Justificando com ataques sua decisão! Pasmem!".
A denúncia foi protocolada no Cremers na segunda-feira (28). Uma sindicância será aberta para apurar o caso e ouvir as duas partes. Se for apurado que houve falta de ética, a sindicância pode evoluir para um processo, sujeito a punições. Caso contrário, a investigação pode ser arquivada.
Confira o texto do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul na íntegra:
"Em relação à entrevista concedida pelo presidente do Sindicato Médico do RS (SIMERS), Paulo de Argollo Mendes, ao jornal Diário Gaúcho nesta quarta-feira, 30, sobre o episódio que envolve a negativa de atendimento entre uma médica e o filho de uma vereadora, esta entidade esclarece:
– A declaração confirma o posicionamento do SIMERS a respeito do cumprimento do Código de Ética Médica, o qual garante que “o médico exercerá sua profissão com autonomia, não sendo obrigado a prestar serviços que contrariem os ditames de sua consciência ou a quem não deseje, excetuadas as situações de ausência de outro médico, em caso de urgência ou emergência, ou quando sua recusa possa trazer danos à saúde do paciente".
– O SIMERS reforça sua posição apartidária e de respeito a todos os cidadãos.

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