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INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: G1/PR – Imagem: Élio Kohut
(Intervalo da Noticias)O ministro Dias Toffoli do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a
nulidade absoluta de todos os atos praticados contra o ex-governador Beto Richa (PSDB), atualmente deputado federal, em processos da Lava Jato e nas operações Rádio Patrulha, Piloto, Integração e Quadro Negro.
A determinação de Dias Toffoli aborda as decisões proferidas pelo ex-juiz e atual senador Sergio Moro (União Brasil), quando ele atuou na 13ª Vara Federal de Curitiba, ainda que em fase pré-processual, e de atos dos integrantes da Lava Jato.
A decisão é desta terça-feira (19) e atende um pedido apresentado pela defesa de Richa.
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O que investiga cada operação:
- Operação Quadro Negro: investiga desvio de dinheiro de obras de escolas do Paraná;
- Operação Rádio Patrulha: Investiga esquema de desvio de dinheiro em obras de recuperação de estradas rurais do estado;
- Operação Piloto: Aponta irregularidades em obras de duplicação da PR-323;
- Operação Integração: Investiga irregularidades em concessões de rodovias federais do Paraná;
- Operação Spoofing: Investiga crimes cibernéticos, como o grupo acessou contas de Telegram de autoridades.
No pedido de Richa, a defesa alega que houve atuação ilegal e parcial
de procuradores e membros da Lava Jato, incluindo Moro; do ex-procurador
da Lava Jato e ex-deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos) e o então procurador Diogo Castor de Mattos.
No caso específico do ex-juiz, Richa alegou que ele "agiu de forma
absolutamente parcial e ativa na condução dos processos da Operação Lava
Jato.”
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Na decisão, Toffoli destacou uma citação de Richa, que fala que houve
atuação ilícita na Lava Jato, e que diálogos obtidos na Operação
Spoofing evidenciaram uma "atuação coordenada entre a força tarefa e o
ex-juiz Sergio Moro, na tentativa de incriminar o requerente mesmo antes
de haver denúncias formuladas contra ele no âmbito das Operações
Integração e Piloto".
Para o ministro, "se revela incontestável o quadro de conluio
processual entre acusação e defesa em detrimento de direitos
fundamentais do requerente, como, por exemplo, o due process of law [devido processo legal], tudo a autorizar a medida que ora se requer."
Beto Richa disse que está feliz com a decisão de trancar todas as
operações que, segundo ele, era acusado e investigado injustamente.
Disse ainda que sofreu com as acusações e com linchamento público.
"Naquele momento, no auge da Lava Jato, não tinha espaço para a verdade,
muitas vezes eu pregava no deserto. Finalmente, passado cerca de sete
anos, agora a justiça tranca todos os processos acatando um pedido da
minha defesa. [...] Estou muito feliz da minha redenção e o resgate da
minha moral, da minha honra, da minha reputação e da minha dignidade",
disse.
O que dizem os citados
Ao g1,
Diogo Castor de Mattos afirmou que prefere não opinar. O Ministério
Público Federal (MPF) disse que não vai se manifestar. O Ministério
Público do Paraná (MP-PR) disse que ainda não foi intimado da decisão e
que vai examinar o pedido deferido pelo STF para eventuais medidas.
Em nota, Sergio Moro disse que decretou, "a pedido do MPF, a prisão
preventiva do ex-chefe de gabinete do ex-governador Beto Richa diante de
provas apresentadas de pagamento de suborno em obra estadual."
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Em nota, Deltan Dallagnol disse que a decisão de Dias Tofolli é ilegal e contém "diversos problemas jurídicos básicos".
Dallagnol cita sete itens: afirma que o ministro não entrou em detalhes
sobre o suposto conluio; que a decisão “carece de contraditório
adequado, sendo que figuras centrais, como ele mesmo, não foram ouvidas,
nem mesmo houve manifestação da Procuradoria-Geral da República; afirma
que “a alegação de violação de competência feita pela defesa de Beto
Richa e acolhida por Toffoli está equivocada”; que a petição da defesa
foi dirigida diretamente a Toffoli, que não era o relator da Operação
Integração; que a anulação das operações de âmbito estaduais são
ilegais, por não terem atuação dos agentes públicos federais; que o
ministro não informou o que deve ser feito com os R$1,2 bilhão
devolvidos por meio de acordos de leniência e de colaboração premiada;
e, por último, afirma que houve “ausência de fundamentação judicial”.
Dallagnol disse que a decisão “reforça uma tendência preocupante de impunidade”.
Alegações de Richa
Para sustentar o pedido de nulidade dos atos das operações, Richa citou
uma "artimanha" produzida por "manifestações elaboradas pelos membros
do Ministério Público Federal do Paraná", comprovadas, segundo ele,
também por mensagens trocadas entre autoridades que foram expostas na
Operação Spoofing.
Para a defesa do ex-governador, as mensagens "comprovam uma atuação
obsessiva daqueles agentes públicos visando a perseguição".
Um dos exemplos de perseguição dado por Richa se refere a Diogo, que
conforme o documento, buscou "indevidamente atrair a competência da
Polícia Federal de Curitiba, por conseguinte, da Justiça Federal de
Curitiba, para processar os fatos em tramitação em Jacarezinho", na esfera estadual.
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20:51:44 Deltan Diogo, agora que foi a fase do taccla, quais os próximos passos do pedágio?
20.11.2016 13:02:14 Diogo Então, eu tenho uma ideia
14:41:51 Deltan E aí?
14:51:54
Diogo Em suma era faZer o pedido de operação lá em jacarezinho e o juiz
de lá declinar para o moro sob alegação q tem lavagem
14:52:10 Dai já vem tudo redondo
14:52:23 Soh empurrar pro gol
Ainda segundo a alegação de Richa, em 2017, o então procurador
conseguiu uma cópia integral de um Procedimento Investigatório Criminal
(PIC) que tramitava em Jacarezinho e utilizou o mesmo material para
autuar Richa pela Lava Jato, como se fosse um novo procedimento.
Depois desse movimento, o caso foi arquivado em Jacarezinho e remetido
ao então juiz Sergio Moro. Posteriormente, com atos da Lava Jato, houve
desdobramentos de operações que também atingiram Richa, como a 48ª fase
da Operação Integração.
"Diante dos esforços dos membros da Força Tarefa da Operação Lava Jato,
eles lograram manter a tramitação das investigações relacionadas ao
Requerente na 13ª Vara Federal de Curitiba [...] Não se trata de uma
hipótese de obediência às regras processuais que levou a 13ª Vara
Federal de Curitiba a processar o requerente, mas os interesses pessoais
dos agentes públicos que oficiaram nesses casos", sustentou a defesa.
No que se refere à atuação de Moro, a defesa de Richa alegou que os
"diálogos obtidos na Operação Spoofing evidenciam que havia uma atuação
coordenada entre a força tarefa da Lava Jato e o ex-Juiz Sergio Moro" na
tentativa de incriminar Beto Richa "antes mesmo de haver denúncias
formuladas contra ele no âmbito das operações Integração e Piloto".
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"Percebe-se, portanto, que havia tanto uma ação coordenada entre a
acusação e juízo, como que a competência era firmada não a partir de
regras processuais, mas sim por táticas articuladas entre juiz e
acusação, as quais visavam manter a condução do feito sob os cuidados
Operação Lava Jato."
Justiça do Paraná arquivou ação contra Richa recentemente
Em 20 de novembro, a Justiça do Paraná arquivou a Ação Civil Pública de improbidade administrativa contra Richa que tinha sido apresentada pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR) na Operação Piloto, com base em informações compartilhadas a partir das investigações da força-tarefa da Lava Jato.
Na época, o MP-PR denunciou irregularidades em uma licitação para obras na PR-323, entre Maringá e Francisco Alves.
Prisões
Beto Richa foi preso três vezes desde 2018. A primeira prisão foi decretada pela Operação Rádio Patrulha,
realizada pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR), que investigava o
programa do governo estadual Patrulha do Campo, que realizava a
manutenção das estradas rurais.
Ele também virou alvo da Lava Jato na mesma época.
A segunda prisão foi em 2019, na 58ª fase da Operação Lava Jato, conhecida como Operação Integração, que investigava supostos crimes na concessão de rodovias do estado.
No mesmo ano, Beto Richa foi preso pela terceira vez, dentro da Operação Quadro Negro, do MP-PR, que investigava o desvio de recursos que deveriam ser usados na construção de escolas.
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