By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: G1 – Imagem: EPTV
Um encontro por acaso, ou simplesmente inesperado para quem não
acredita na primeira possibilidade, mudou as trajetórias do policial
militar Rodrigo Maciel da Silva e do italiano Guglielmo Trapani. Ao
compartilharem as próprias histórias durante um curso sobre inteligência
emocional, iniciaram uma amizade em Campinas (SP) suficiente para ser
eternizada em quatro dias: chamado de "irmão", o PM decidiu doar um rim
ao homem que até então organizava os dias conforme horários das
diálises.
Motivado pelo lema "servir e proteger" da corporação há quase 14 anos,
sobretudo porque atua em resgates e ações da equipe do Helicóptero
Águia, Rodrigo conta que se sensibilizou com a história do amigo.
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Trapani tem uma doença renal genética e o transplante está marcado para
esta quarta-feira.
"Ele é uma pessoa extremamente maravilhosa. Ele tem impactado na vida
das pessoas. De três crianças maravilhosas e ele... Ele precisa viver e
viver muito para cuidar dessas crianças. Eu decidi. Eu posso, eu quero e
eu vou doar o meu rim para ele", afirmou Silva durante um dos
encontros.
O policial diz não saber explicar por qual motivo a história do
administrador mexeu tanto com ele. "Senti no meu coração, de verdade, a
necessidade de estar ajudando".
Trapani é casado com uma brasileira e adotou três crianças, nas quais
consegue observar de forma minuciosa e entusiasmada características
semelhantes às dele e da mulher. Ao lembrar da vontade antiga de viver
no "país que lhe deu tudo", se emociona ao descrever como soube da
decisão de Silva. Inicialmente, o policial comunicou a vontade de doar o
rim para a esposa do amigo.
"Minha esposa me chamou: 'tem uma pessoa que decidiu doar um rim para
você'. Como assim? Quem é esta pessoa? [gesticula com as mãos]. Na hora
pensei, alguém da família dela. Ela falou: 'é o Rodrigo'. Seu primo?
'Não, o seu amigo que você conheceu quatro dias atrás'. Tenho vergonha
em falar, mas pensei. Realmente esse cara deve estar louco para decidir
uma coisa desse tipo, para uma pessoa semi-desconhecida", recorda o
italiano.
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Superações
Trapani explica que, depois de ouvir, começou a chorar e se lembra da
primeira frase. "Quer dizer que está acabando tudo isso?".
Se a compatibilidade genética era assunto resolvido, ainda faltava um
impasse a ser resolvido pelos amigos. Eles precisaram de uma autorização
judicial para agendar o transplante.
"Sendo uma doação entre pessoas que não são parentes, para não ter
risco, a Justiça quer saber se não tem comércio. O juiz autorizou",
conta Trapani. Além disso, a cirurgia só foi autorizada porque Silva
demonstrou estar saudável para doar o rim e, depois disso, se manter bem
com somente um.
O italiano já faz planos para depois da cirurgia, incluindo celebrar o
Natal. "Nada de diálise. Com rim brasileiro", brinca Trapani. O amigo,
por outro lado, faz questão de afastar a possibilidade de acaso.
"A conversa que a gente teve, a gente ser compatível, a minha vontade, a
minha certeza de doar. Eu estava ali, naquela hora, naquele dia, e eu
sentei do lado desse italiano gente boa. Tinha que acontecer. O fato de
poder estar ajudando, poder doar, é um presente", conta Silva
emocionado.
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