By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: G1 – Imagem: BBC Brasil
Os Estados Unidos ainda não oficializaram o apoio à candidatura do
Brasil para ingressar na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico, a OCDE, priorizando Argentina e Romênia.
O apoio americano ao ingresso do Brasil na OCDE foi um dos principais
acordos anunciados durante a visita do presidente Jair Bolsonaro a
Washington em março.
A agência Bloomberg publicou nesta quinta-feira (10) uma reportagem que
afirma que o governo dos Estados Unidos teria desistido de apoiar a
candidatura do Brasil.
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Por que o Brasil quer entrar na OCDE?
A reportagem se baseia numa carta do secretário de Estado americano,
Mike Pompeo, enviada ao secretário geral da organização, em que ele
afirma que não quer discutir uma maior ampliação do clube de países mais
ricos. Ele só apoia as candidaturas da Romênia e da Argentina.
Consultado, o governo americano confirmou que no momento apoia Romênia e
Argentina, mas afirmou, como já fez anteriormente, que defende que o
Brasil também entre na OCDE. "Apoiamos o aumento [gradual no número de
integrantes da] OCDE e um convite ao Brasil, mas estamos trabalhando
primeiro com a Argentina e a Romênia", afirmou um alto funcionário da
administração dos EUA à repórter Raquel Krähenbühl.
A Embaixada americana no Brasil, em comunicado, mais tarde reforçou a
mensagem: "A declaração conjunta de 19 de março do presidente Trump e do
presidente Bolsonaro afirmou claramente o apoio ao Brasil para iniciar o
processo para se tornar um membro pleno da OCDE e saudou os esforços
contínuos do Brasil em relação às reformas econômicas, melhores práticas
e conformidade com as normas da OCDE. Continuamos mantendo essa
declaração".
"Continuaremos a trabalhar com outros membros da OCDE para encontrar um
caminho para a expansão da instituição. Todos os 36 países membros da
OCDE devem concordar, por consenso, com o calendário e a ordem dos
convites para iniciar o processo de adesão à OCDE", aponta a embaixada
dos EUA.
Motivo cronológico
O colunista do G1 Valdo Cruz,
em conversa com um assessor do presidente Jair Bolsonaro, apurou que a
citação a Romênia e Argentina, e não ao Brasil, foi feita por um motivo
cronológico, já que esses dois países iniciaram o processo de entrada na
organização internacional há mais tempo. Segundo essa fonte do governo,
os norte-americanos ainda apoiam o Brasil.
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Há uma disputa interna dentro da OCDE para trocar a liderança, de
acordo com o assessor do presidente brasileiro, e quando isso for
resolvido, os EUA seguirão sugerindo o nome do Brasil.
No fim da tarde, o Itamaraty divulgou uma nota na qual afirma que "a
matéria sobre o ingresso na OCDE faz uma interpretação totalmente
equivocada do comentário americano sobre Argentina e Romênia. Nada mudou
no apoio americano ao Brasil. A Argentina já tinha o apoio americano
antes do Brasil e não vemos problema algum com o início de seu processo
de adesão junto com a Romênia".
"Não há um tempo definido para a duração do processo de adesão, sendo
possível que um país inicie o procedimento posteriormente. Continuamos
nos preparando para ingressar na Organização e já temos grau elevado de
preparação e de incorporação das normas", acrescentou o Itamaraty.
O que é a OCDE?
A OCDE atua como uma organização para cooperação e discussão de
políticas públicas e econômicas que devem guiar os países que dela fazem
parte. Para entrar no acordo, são necessárias a implementação de uma
série de medidas econômicas liberais, como o controle inflacionário e
fiscal. Em troca, o país ganha um "selo" de investimento que pode atrair
investidores ao redor do globo.
Especialistas ouvidos pelo G1
divergem sobre as vantagens que isso trará ao Brasil. Ao entrar na
OCDE, o país mudaria seus rumos diplomáticos e poderia atrair mais
investimentos, mas colocaria em risco seu protagonismo entre países
subdesenvolvidos, assim como sua participação no Brics (Brasil, Rússia,
Índia e China) e no G77 mais a China, grupo de países em
desenvolvimento.
O pedido do Brasil foi feito pelo governo do então presidente Michel Temer. Mas nada foi decidido por falta de acordo entre os países membros – tendo os Estados Unidos como um dos maiores empecilhos.
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