By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: G1 – Imagem: Divulgação
O escritor Paulo Coelho comentou sobre a possibilidade de Raul Seixas
tê-lo entregado para a ditadura militar: "Fiquei quieto por 45 anos.
Achei que levava segredo para o túmulo."
O comentário do autor no Twitter nesta quarta-feira (23) se refere ao
livro "Não diga que a canção está perdida" (da editora Todavia), do
jornalista Jotabê Medeiros sobre Raul.
No livro, Medeiros conta que Raul foi chamado para depor no Dops
(Departamento de Ordem Policial e Social) algumas semanas antes de
Coelho ser detido.
Após a repercussão de seu tuíte, Coelho voltou a escrever: "Não
confirmei e não confirmo nada. Eu apenas vi o documento e me senti
abandonado na época."
Documento sobre caso
O autor teve acesso a um documento da época no Arquivo Público do Rio
de Janeiro. O documento cita que o órgão chegou a Paulo "por intermédio
do referido cantor".
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O caso foi revelado em uma reportagem do jornal
"Folha de S.Paulo", que antecipa detalhes do livro. Ele está em
pré-venda e será lançado na próxima sexta (1º).
Fiquei quieto por 45 anos. Achei q levava segredo para o túmulo https://t.co/cupAZFR4hW.
Em entrevista à BBC Brasil em setembro deste ano,
Paulo Coelho relembrou o episódio de tortura sofrido em 1974. "Os
militares não entendiam as minhas músicas. Eles diziam 'Quem são esses
caras aí? Raul Seixas e Paulo Coelho. Alguma coisa está errada porque a
gente não entende o que eles estão falando'.
"Então, chamaram o Raul para depor. O Raul era o cantor. Como diz o
Elton John, 'Don't Shoot Me, I'm Only the Piano Player' (Não atire em
mim, eu sou apenas o pianista). Mas a eminência parda, o cara perigoso, o
ideólogo era o letrista. Então eles me prenderam. Agora, tem que
justificar uma prisão. Não acharam nada", disse.
"Quando eu estava preso oficialmente, fichado, com impressão digital,
meus pais conseguiram mandar um advogado. Aí, me soltaram no mesmo dia e
me sequestraram em frente ao aterro do Flamengo. Me arrancaram do táxi,
me jogaram na grama, me botaram a arma. Eu estava entregue. Aí eu fui
torturado, apanhei, essas coisas todas."
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