quinta-feira, 1 de novembro de 2018

Moro agiu para prejudicar Lula e Haddad na disputa eleitoral, diz defesa de ex-presidente


By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: PARANA PORTAL Imagem: Rodolfo Buhrer (Paraná Portal)

Nas alegações finais do processo em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é acusado de receber indevidamente um imóvel, em São Bernardo do Campo, além de um terreno destinado ao Instituto Lula, como pagamento de propina pela Odebrecht, na Operação Lava Jato, a defesa alega que o juiz federal Sérgio Moro teria agido para prejudicar Lula e seus correligionários, como o cabeça de chapa Fernando Haddad, deliberadamente visando o cargo de ministro no governo adversário.
Hoje, após visita a Bolsonaro, o magistrado aceitou o convite e vai comandar o superministério da Justiça, que irá integrar o atual Ministério da Justiça e da Segurança Pública, além da Controladoria-Geral da União e o Conselho de Controle de Atividades Financeiras, atualmente sob comando da Fazenda.
“Não bastasse ter agido para prejudicar o Defendente e seus correligionários na disputa eleitoral, o Juiz do processo, abandonando de vez qualquer aparência de imparcialidade, está flertando com a possibilidade de integrar o futuro governo do Presidente da República eleito.
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[…] Era de se esperar que o Magistrado recusasse expressamente o convite, ao menos para manter as aparências de que este processo não se trata de um jogo de cartas marcadas. Não o fez”, dizem os advogados do ex-presidente. Após o convite de Bolsonaro, o seu vice, General Hamilton Mourão, afirmou publicamente que o magistrado havia sido procurado por Paulo Guedes, nome confirmado como futuro ministro da Economia no governo de Bolsonaro, ainda durante a campanha, para fazer parte do governo se eleito.
No documento, de mais de 600 páginas, as defesa do ex-presidente também menciona uma série de ações do magistrado que teriam sido planejadas para prejudicar Haddad durante a corrida eleitoral e até mesmo antes dela, quando Lula despontava como favorito em pesquisas de intenção de voto.
Entre as ações que prejudicaram Lula e Haddad estariam “diversas medidas ilegais e arbitrárias contra o Defendente com o objetivo de promover o desgaste da sua imagem e da sua reputação”, autorização de interceptação do principal ramal de um dos escritórios de advocacia que defendem Lula; participação de Moro em diversos eventos promovidos por adversários políticos de Lula, alguns apoiados por Bolsonaro; a decisão de Moro, que mesmo estando em férias, atuou para que “fosse negado cumprimento a uma decisão proferida por um Desembargador Federal para colocar o Defendente em liberdade em razão da sua condição de pré-candidato a Presidente da República”; e o levantamento de sigilo da trechos da delação de Antonio Palocci na véspera do primeiro turno, visando um “impacto na disputa eleitoral”.
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Em nota enviada à imprensa, o magistrado declarou que deve deixar a toga em breve e conceder uma coletiva de imprensa nas próximas semanas.
“Fui convidado pelo Sr. Presidente eleito para ser nomeado Ministro da Justiça e da Segurança Publica na próxima gestão. Apos reunião pessoal na qual foram discutidas politicas para a pasta, aceitei o honrado convite. Fiz com certo pesar pois terei que abandonar 22 anos de magistratura. No entanto, a perspectiva de implementar uma forte agenda anticorrupção e anticrime organizado, com respeito a Constituição, a lei e aos direitos, levaram-me a tomar esta decisão. Na pratica, significa consolidar os avanços contra o crime e a corrupção dos últimos anos e afastar riscos de retrocessos por um bem maior. A Operação Lava Jato seguira em Curitiba com os valorosos juízes locais. De todo modo, para evitar controvérsias desnecessárias, devo desde logo afastar-me de novas audiências. Na próxima semana, concederei entrevista coletiva com maiores detalhes”, diz a nota na íntegra.


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