By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: G1 – Imagem: Fábio Junior (EPTV)
Há dez anos, a dona de casa Marta Cunha começou a perder a força dos
braços e sentir dificuldade para andar. Em poucos meses, já sem
conseguir se locomover, aos 51 anos de idade, ela recebeu o diagnóstico
que mais temia: estava com esclerose múltipla.
No início, os medicamentos ajudaram a barrar os efeitos da doença
autoimune, que afeta o sistema nervoso central e pouco a pouco paralisa
os movimentos do corpo. Mas, depois de algum tempo, os remédios também
não faziam mais efeito.
Foi então que Marta decidiu ser voluntária de uma pesquisa desenvolvida
pelo Hospital das Clínicas da USP em Ribeirão Preto (SP). Junto de
cientistas da Suécia, Inglaterra e Estados Unidos, os médicos
brasileiros passaram a tratar a esclerose múltipla com células-tronco.
“Eu tropeçava muito, fui perdendo força, porque perde a mobilidade, até
que chegou ao ponto e eu parar de andar”, relembra. “Hoje, tenho uma
vida normal.
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Tenho a sequela que ficou, um pouquinho só, mas levo minha
vida normal”, comemora a dona de casa.
O tratamento funciona da seguinte forma: células-tronco são extraídas do
corpo do paciente e passam por uma espécie de filtragem. Em seguida, o
doente é submetido a alta intensidade de quimioterapia, para
praticamente “zerar” o sistema imunológico.
Por fim, as células-tronco congeladas são reintroduzidas no organismo e
fazem uma espécie de “reconfiguração” do sistema imunológico. Essa
técnica já é usada também para o tratamento de diabetes tipo 1 e esclerose sistêmica, no Hospital das Clínicas em Ribeirão.
Assim como Marta, outros 54 pacientes de quatro países foram submetidos
ao tratamento e 94% deles não voltaram a sofrer com os sintomas da
esclerose múltipla. Entre os tratados com a medicação convencional, 60%
apresentam reincidência da doença.
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Os médicos destacam que esse tipo de transplante deve ser aplicado
apenas se doença estiver em estágio inicial, quando o paciente apresenta
dificuldade para andar e mexer os ombros, por exemplo. O doente não
pode estar em cadeira de rodas ou acamado.
“No grupo transplantado, houve melhora neurológica. Então, esses
pacientes tiveram capacidade neurológica melhor: andar, força, todas
essas funções. É uma alternativa quando a esclerose múltipla é mais
inflamatória e que não responde bem ao tratamento inicial”, diz.
Os voluntários serão acompanhados durante cinco anos. Além disso, Maria
Carolina destaca que, por enquanto, o Sistema Único de Saúde (SUS) só
oferece tratamento com medicação, porque o transplante de células-tronco
está em fase experimental.
“Ainda é considerado pesquisa, então esse tratamento é feito em centros
de pesquisa ao redor do mundo. Mas, nós esperamos que logo venha a ser
um tratamento padrão”, afirma.
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