By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: G1 – Imagem: Marcos Santos
Você provavelmente está ciente de que seu celular sabe muito sobre
você. Mas há um pequeno sensor entre os conectores e chips que compõem o
seu aparelho capaz de medir algo que você talvez nunca tenha parado
para pensar: a velocidade angular.
Em outras palavras, como você segura o celular: se é na vertical, horizontal ou inclinado.
Este dado é, então, transformado em um sinal elétrico, processado imediatamente pelo dispositivo.
E não só mede a velocidade ou a lentidão com que você move o celular
entre as mãos, mas também pode revelar seu código PIN ou o conteúdo de
suas conversas.
Nós contamos como.
Um sensor 'silencioso'
"A maioria dos smartphones, tablets e outros dispositivos portáteis
estão equipados com uma infinidade de sensores - como giroscópios e
acelerômetros - que nos permitem interagir com o mundo real", disse à
BBC Maryam Mehrnezhad, da Faculdade de Ciências da Computação da
Universidade de Newcastle, no Reino Unido.
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Muitos especialistas os chamam de "sensores silenciosos". No total, eles identificaram mais de 25 deles.
O sensor que detecta a velocidade angular é o giroscópio, que se tornou
- junto do acelerômetro, que faz girar a tela - é uma das peças-chave
dos smartphones produzidos hoje, e também é fundamental em outros
dispositivos, como relógios inteligentes.
Quase todos os celulares fabricados nos últimos dois ou três anos têm giroscópio.
Por exemplo, todos os iPhones fabricados a partir do modelo 5 possuem o
dispositivo, assim como grande parte dos aparelhos com Android feitos
nos últimos três anos: Google Nexus (4 a 6), Samsung Galaxy (a partir do
S3 e Note 4), Sony Xperia (do T e Z) são alguns deles.
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Graças ao giroscópio, você pode assistir a vídeos em 360º, jogar
Pokémon Go e usar aplicativos de realidade virtual. O sensor também
ajuda o seu telefone a "entender" os gestos e movimentos que você faz na
tela ou os botões que você ativa.
O problema é que aplicativos podem usar os dados fornecidos pelo
giroscópio sem pedir permissão ou sem fornecer todas as informações
sobre o motivo da coleta.
Um deles é o Tinder, o aplicativo de namoro mais usado do mundo.
A plataforma coleta dados do acelerômetro e do giroscópio, mas não explica exatamente o motivo.
"Nós coletamos as informações que você usa para acessar nossos
serviços, incluindo hardware e software - como o endereço do IP - seu
tipo de conexão ou sensores como o acelerômetro, o giroscópio e a
bússola", diz comunicado no site do aplicativo.
Decifrando conversas e códigos
Outros aplicativos usam o giroscópio como um microfone, mas sem acessar
realmente o microfone do dispositivo, segundo pesquisadores da
Universidade de Stanford, nos Estados Unidos.
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Assim, eles podem captar conversas privadas sem levantar suspeitas,
dizem os especialistas. Isso ocorre porque esses sistemas são capazes de
coletar sinais acústicos que, devidamente processados, reproduzem pelo
menos 50% do som.
Outro risco é que eles saibam qual é o seu código PIN, adivinhando,
pela forma como você move seus dedos pelo celular, qual é o número.
Quando pressionamos os números, inclinamos a tela para um lado e o
outro. Um movimento irrelevante à primeira vista, mas que, segundo
Mehrnezhad e outros especialistas da Universidade de Newcastle, permite
descobrir o código em 70% dos casos.
Basta um código JavaScript para descriptografar o PIN. Esse código pode
ser inserido no celular da vítima por meio de um programa ou link
malicioso.
Para evitar problemas, você pode decidir por si mesmo quais aplicativos
terão acesso ao giroscópio e outros "sensores silenciosos" do seu
telefone, no menu "Configurações".
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