By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: G1 – Imagem: Divulgação
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu nesta
quarta-feira (26), por unanimidade, baixar os juros básicos da economia
brasileira de 10,25% para 9,25% ao ano. Foi o sétimo corte seguido na
taxa Selic.
Com a decisão, que confirmou a expectativa dos economistas do mercado financeiro, o BC manteve o ritmo de redução de um ponto percentual verificado na última reunião, realizada no fim de maio.
Em 9,25% ao ano, os juros recuam ao patamar de um dígito, algo que não
acontecia desde o final de 2013, ou seja, em quase quatro anos.
A previsão dos economistas das instituições financeiras é de que a taxa
básica de juros continue a recuar nos próximos meses e chegue a 8% ao
ano no final de 2017, permanecendo neste patamar até 2021.
Como as decisões são tomadas
A definição da taxa de juros pelo BC tem como foco o cumprimento da
meta de inflação, que é fixada todos os anos pelo Conselho Monetário
Nacional (CMN).
A meta central é de 4,5% para 2017 e 2018, podendo a inflação oscilar
entre 3% e 6% nestes anos sem que o objetivo seja formalmente
descumprido.
Normalmente, quando a inflação está em alta o BC eleva a Selic na
expectativa de que o encarecimento do crédito freie o consumo e, com
isso, a inflação caia. Essa medida, porém, afeta a economia e gera
desemprego.
Quando as estimativas para a inflação estão em linha com as metas
predeterminadas pelo CMN, o BC reduz os juros. É o que está acontecendo
agora.
Em razão do fraco nível de atividade, a inflação está bem comportada.
No primeiro semestre deste ano, segundo o IBGE, a inflação oficial
(IPCA) ficou em 1,18%. Para 2017, o mercado financeiro prevê que a
inflação deve ficar em 3,33%, abaixo da meta de 4,5%.
O que diz o Banco Central
O Banco Central informou nesta quarta-feira que, para a próxima reunião
do Copom, marcada para o começo de setembro, a manutenção deste ritmo
de corte de juros, de um ponto percentual, "dependerá da permanência das
condições descritas no cenário básico do Copom e de estimativas da
extensão do ciclo."
"O ritmo de flexibilização continuará dependendo da evolução da
atividade econômica, do balanço de riscos, de possíveis reavaliações da
estimativa da extensão do ciclo e das projeções e expectativas de
inflação", acrescentou a autoridade monetária.
A instituição informou ainda que, no cenário com trajetórias para as
taxas de juros e câmbio extraídas da pesquisa Focus, suas projeções de
inflação recuaram para em torno de 3,6% para 2017 e 4,3% para 2018. Esse
cenário supõe trajetória de juros que alcança 8,0% ao final de 2017 e
mantém-se nesse patamar até o final de 2018.
"O Comitê entende que a convergência da inflação para a meta de 4,5% no
horizonte relevante para a condução da política monetária, que inclui o
ano-calendário de 2018, é compatível com o processo de flexibilização
monetária [corte de juros]", acrescentou, indicando que o processo de
redução da taxa Selic deverá ter continuidade nos próximos meses.
Ranking mundial de juros reais
Com a redução de juros promovida pelo Copom nesta quarta-feira, o
Brasil caiu do segundo para o terceiro lugar no ranking mundial de juros
reais (calculados com abatimento da inflação prevista para os próximos
12 meses), compilado pelo MoneYou e pela Infinity Asset Management.
Com os juros básicos em 9,25% ao ano, a taxa real do Brasil soma 3,71%
ao ano, atrás da Rússia, com juros reais de 4,59% ao ano, e da Turquia
(3,93%). Nas 40 economias pesquisadas, a taxa média está negativa em
0,2% ao ano.
Rendimento da poupança
De acordo com cálculos da Associação Nacional dos Executivos de
Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), com a redução dos
juros para 9,25% ao ano, os fundos de renda fixa "começam a perder
competitividade frente às cadernetas de poupança principalmente nas
aplicações de baixo valor."
Nesses casos, observa a Anefac, os fundos têm taxas de administração
mais elevadas. "Assim sendo, a caderneta de poupança vai continuar sendo
uma excelente opção de investimento, principalmente sobre os fundos
cujas taxas de administração sejam superiores a 1% ao ano", acrescentou a
entidade.
Isso ocorre porque o rendimento dos fundos de renda fixa sobe junto com
a Selic. Já o rendimento das cadernetas, quando a taxa de juros está
acima de 8,5% ao ano, como atualmente, está limitado em 6,17% ao ano
mais a variação da Taxa Referencial (TR).
Analistas avaliam que o Tesouro Direto, programa que permite que
pessoas físicas comprem títulos públicos pela internet, via banco ou
corretora, sem necessidade de aplicar em um fundo de investimentos,
também pode ser uma boa opção para os investidores. O programa tem
atraído a atenção de aplicadores nos últimos anos.
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