By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: G1 – Imagem: Divulgação
Quem já viajou de avião com certeza já se deparou com essa situação, que
parece fazer pouco sentido: empresas aéreas cobrando o mesmo ou mais
por uma passagem de ida do que por uma de ida e volta.
A BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC, comprovou isso ao entrar em
um famoso site de compra de passagens aéreas e comparar os custos de
voos entre duas capitais latino-americanas, com partida no dia 1º de
fevereiro e retorno no dia 14 do mesmo mês.
A passagem de ida e volta mais barata de uma empresa conhecida na
região custava US$ 644 (R$ 2.081), mas, se fosse comprada apenas a ida
do mesmo trajeto, custaria US$ 666 (R$ 2.152).
Assim, faria mais sentido para o consumidor que só precisa da ida
comprar uma passagem de ida e volta e simplesmente jogar no lixo a
segunda passagem.
Mas porque isso ocorre? Parte da explicação está no fato de que a
compra de passagens só de ida dificultam o planejamento das companhias.
Com a incerteza de quando o passageiro voltará (provavelmente comprando
mais uma passagem de apenas um trajeto), fica mais complexa a tomada de
decisões sobre a disponibilidade de aviões e tripulações nesta rota
específica no futuro.
Ao cobrar do cliente um preço igual ou maior pela ida do que pela ida e
volta, a empresa está se protegendo das várias eventualidades que
poderiam fazer com que ela perdesse dinheiro.
Por exemplo, se o passageiro decidir comprar a passagem de volta com
outra empresa, reduzindo o número de pessoas que viaja no avião da
companhia na viagem de volta, com esse sistema de preços, ela já cobre
os custos desse passageiro "perdido".
Isso ocorre principalmente quando há pouca concorrência, o que permite
às empresas penalizarem economicamente quem compra só uma parte do
trajeto.
Então, é inevitável ter de comprar sempre uma passagem de ida e volta, ainda que só seja necessária parte desse trajeto?
Não necessariamente. Em anos recentes, a concorrência vem aumentando e criando alternativas para o consumidor.
"Como jornalista especializada em turismo, tenho frequentemente de
comprar passagens só a ida, porque não sei quanto tempo a viagem vai
durar", diz Alexandra Talty, que escreve sobre viagens e finanças para a
revista Forbes.
"Mas, tenho notado recentemente, com a chegada das empresas aéreas de
baixo custo, como (as americanas) JetBlue e Southwest, que as grandes
empresas estão reduzindo seus preços nos principais aeroportos, assim, é
possível conseguir um bom valor por uma passagem só de ida."
A situação descrita por ela nos Estados Unidos está se expandindo
lentamente para outras partes do mundo, inclusive a América Latina, à
medida que essas companhias de baixo custo se popularizam.
Mas ainda existem situações e países onde o consumidor não tem muita
alternativa. Talty aconselha que, nestes casos, quando houver incerteza
quanto à data de volta, que se compre uma passagem de ida e volta com
milhas, o que pode evitar que haja muitas penalidades quando se muda a
data de retorno.
Cidades grandes
Outros especialistas sugerem que, se o ponto de partida for uma cidade
relativamente pequena e se quer comprar apenas uma parte do trajeto, que
se tente redirecionar a viagem e viajar por um aeroporto maior, onde é
maior a chance de que haja mais concorrência e de que, portanto, as
empresas não penalizem tanto o passageiro que não quer comprar a volta.
Se você não tiver entendido completamente como funciona esse sistema de preços, não se sinta mal.
Uma das queixas frequentes sobre as empresas aéreas é sobre seu
complexo - e às vezes imcompreensível - sistema de preços, o que faz com
que o valor de uma passagem dependa de muitas coisas, como a hora da
compra.
Assim, a pessoa ao seu lado no avião pode ter pago centenas de dólares a mais ou a menos pela mesma passagem.
O consolo é que, com o aumento da concorrência entre as empresas, poderá ser mais fácil encontrar alternativas.
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