By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: EXTRA – Imagem: Divulgação
Numa casa simples, na Zona Leste de São Paulo, vive Gabriel, um bebê
de 8 meses que nasceu com uma malformação, sem os bracinhos e sem as
perninhas, mas com um rosto angelical. É o quinto filho de Roseli
Quitéria, de 39 anos, viúva, que sustenta a família e paga o aluguel da
casa onde mora com a pensão deixada pelo falecido marido. O pai do filho
caçula, com quem ela teve um relacionamento, jamais assumiu Gabriel, e a
luta do garotinho comoveu a editora de livros e ghost writer Wanderleia
Farias, que resolveu ajudar.
Wanderleia transportou a história de
Gabriel para as páginas de um livro — intitulado "Gabriel: Quando o
coração transborda de amor, a alma suspira de esperança" — e iniciou um
movimento nas redes sociais para viabilizar a impressão de 15 mil
exemplares. As vendas vão render um total de R$ 223.500, que serão
revertidos para a compra de uma casa para Roseli e sua família. A
campanha foi criada através do Facebook, na última sexta-feira, e
atingiu 250 mil pessoas em uma semana.
Conheci a mãe de Gabriel através de uma amiga dela, que trabalha como
babá e perguntou se eu poderia ajudá-la. Decidi visitá-los e, ao chegar
em sua casa, fiquei apaixonada. Você não imagina o carisma do Gabriel,
foi amor à primeira vista. Quando voltei para casa, ele não saía da
minha cabeça, então comecei a escrever. Quando vi, tinha um texto
pronto. Submeti o material ao crivo de profissionais que trabalham com
acessibilidade e inclusão em escolas. Um deles me disse que não parou de
chorar enquanto lia. Então achei que seria interessante lançar o livro —
conta Wanderleia.A ideia começou há três semanas. Com o texto
pronto, Wanderleia precisava de outros colaboradores para dar
prosseguimento ao projeto. Resolveu então criar uma campanha na rede
social, na última sexta-feira. Naquela noite, já havia milhares de
pessoas querendo ajudar, inclusive um jovem casal, proprietário de uma
gráfica do Sul do país, que se dispôs a doar a impressão dos 15 mil
exemplares.
— Eu já acompanhei movimentos como esse, mas estar
dentro de um deles é algo impressionante. Na sexta-feira, milhares de
pessoas já estavam comentando e compartilhando. No domingo, tinha gente
querendo ajudar e enviar doações de qualquer jeito. Eram tantas pessas e
tantas ideias que eu criei um grupo com alguns dos que estavam ali para
administrar tudo isso. No início, minha preocupação era que as pessoas
corressem para o assistencialismo por pura comoção. Não queria que fosse
assim. Queria algo mais pensado, que não criasse uma dependência da
família com o assistencialismo — explica Wanderleia.
Em pouco tempo as arestas do projeto foram aparadas. Os livros já
estão em produção e, embora ainda não estejam prontos, é possível
reservar exemplares através de um sistema de pré-venda. O objetivo
inicial é que o dinheiro arrecadado ajude Roseli a comprar uma casa,
para que não precise mais pagar aluguel.
— As pessoas começaram a
querer fazer doações ou até mesmo depositar dinheiro diretamente na
conta de Roseli. Para evitar o assistencialismo por comoção, criamos a
pré-venda dos livros, de forma que as pessoas possam colaborar através
da aquisição de um produto — diz Wanderleia, que já pensa na segunda
fase do projeto: — Depois disso, os direitos autorais do livro vão ser
doados para Roseli. Também vamos incentivá-la a fazer um curso de
empreendedorismo, para poder gerir o site e conseguir se organizar
financeiramente para fazer outras reimpressões do livro.
A
campanha começou há uma semana, mas a vida de Roseli já mudou
drasticamente. Ela passou a receber doações, visitas e ligações das mais
diversas pessoas. Chegou até a recusar a doação de uma cesta básica
porque já havia recebido doações para alimentar a família por dois
meses. Focada nos cuidados com Gabriel, a dona de casa tem poucas
palavras para agradecer tamanha ajuda.
— Deus colocou muitas
pessoas para nos ajudar na hora em que mais precisamos. Foi muito
difícil cuidar do Gabriel nos primeiros meses. Às vezes, pedia ajuda ao
vizinho para ir ao médico. Nunca perdi minha fé. Agora, só consigo
pensar no dia em que teremos uma casinha para viver melhor. É uma bênção
— diz.
A campanha pode ser acessada pela internet, através do
site ou do
Facebook.
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