quinta-feira, 26 de novembro de 2015

'Ele fala para não desistir', diz menino cego do PR sobre o ídolo Raul Seixas



By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: RPC TV Imagem: Alana Fonseca


Desde cedo, João Pedro Machado, de 7 anos, sabe a importância de ser perseverante. Fã do Raul Seixas, ícone do rock brasileiro, o menino garante que aprendeu a lição ouvindo “Tente outra vez”. “Ele fala para a gente não desistir”, diz a criança, que não enxerga. A canção é apenas uma das muitas músicas do cantor baiano que o garoto decorou.
João mora com a família em Guarapuava, na região central do Paraná. A mãe, a dona de casa Daiane Nizer, conta que o interesse pelo cantor surgiu há um ano, quando o menino ouviu umas das músicas em uma novela. "A paixão passou a ser alimentada pelo pai, que também é um grande fã", relata a mãe.
Desde então, todos os dias, Daiane precisa colocar o celular para tocar Raul. "Ele pega o meu celular, põe na orelha e, se deixar, fica ouvindo 24 horas", conta ela. Segundo a mãe, basta o filho ouvir de duas a três vezes a mesma canção para decorar a letra. Foi assim com "Dez mil anos atrás", "Maluco beleza", "Cowboy fora da lei", "Metamorfose ambulante"..
Além da família, todo mundo da escola em que João estuda sabe da simpatia que o menino tem pelo cantor.
"No começo, precisamos dar bronca, falar sério. Ele cantava as músicas até mesmo durante as aulas. Agora, só no recreio e na entrada", relata a mãe.
Em dia de apresentação no colégio, como no Dia dos Pais, nunca há surpresas: João sempre pede para cantar Raul.
"Eu até propus uma música infantil. Ele não quis, se recusou a ensaiar até. Quando disse que podia ser Raul, ficou super feliz", relata a supervisora Adriana Fátima de Campos, que se apresentou com João.
"As letras são as mais bonitas. É a voz mais bonita", justifica o garoto. A mãe diz já estar acostumada com o gosto musical do filho. "Fico feliz que ele se interesse por música. Acho que o fato de ser cego faz com que a audição seja mais aguçada", afirma Daiane.
A família de João só soube da deficiência visual quando o menino tinha seis meses. "Ele nasceu prematuro, ficou na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Deixaram de fazer um exame e a gente ficou sabendo tarde demais", lembra a mãe. Ainda segundo Daiane, a desconfiança só surgiu depois que ela notou movimentos estranhos dos olhos.
Apesar da condição, o garoto leva uma vida normal. Ele frequenta uma escola pública, onde, na mesma sala, há outro aluno que também não enxerga.
Os dois fazem as mesmas lições de casa que os demais colegas – só que em braile – e João vai ao colégio de van com outras crianças. "O motorista de antes costumava por Raul no rádio para eu ouvir", lembra a criança.
Em casa, o menino só não anda mais de bicicleta e brinca mais de bola porque adora passar tempo ouvindo televisão. Ele não perde as lutas do Ultimate Fighting Championship (UFC) e sabe os nomes de mais de dez lutadores, entre eles, Chris Weidman e Anderson Silva.
A mãe diz que, às vezes, o garoto até se arrisca a narrar os combates em inglês. O mesmo acontece com o futebol. João gosta de acompanhar jogos de futebol e, mais uma vez, a música se faz presente: ele sabe cantar os hinos do São Paulo, do Corinthians, do Flamengo, do Santos... mas ainda não decidiu, oficialmente, para qual dos times torce.
"Eu sinto que a única coisa que ele queria muito fazer e não pode é jogar futebol", lamenta a mãe. Entretanto, João garante que não é menos feliz por isso. Ele afirma que o que quer, de verdade, é ser cantor para poder cantar as músicas do Raul Seixas para todo mundo. "A única coisa que me deixa triste é ele ter morrido. Queria que estivesse vivo para ver como eu imito bem igualzinho", afirma.
Raul Seixas
Raul Seixas nasceu em Salvador no dia 28 de junho de 1945 e é considerado um dos pioneiros do rock nacional, com canções célebres como "Maluco Beleza", "Ouro de Tolo", "Mosca na Sopa" e "Metamorfose Ambulante".
Ele tem 17 discos lançados em 26 anos de carreira, num estilo que misturou ao rock ritmos como o baião. O álbum de estreia foi "Raulzito e os Panteras", de 1968, quando ele ainda integrava o grupo "Os Panteras".
Em Salvador, uma lei municipal instituiu o dia 28 de junho, data de nascimento de Raul, como o Dia Municipal do Rock. Com a lei, Salvador se tornou a primeira capital brasileira a ter um dia dedicado ao gênero. O artista morreu em São Paulo, aos 44 anos.

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