By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: SUPER INTERESSANTE – Imagem: Divulgação
Há algo estranho no céu da Via Láctea. Astrônomos em colaboração com o Instituto SETI da Universidade de Berkley (EUA) anunciaram que pretendem apontar radiotelescópios para uma estrela na qual, suspeitam, pode existiram uma civilização superavançada.
A estrela atende pelo indigesto nome de KIC 8462852 e vem sido observada pelo telescópio espacial Kepler desde 2009, em busca de planetas. Um grupo de colaboradores pela internet - o Kepler traz tanta informação que os cientistas precisam de uma mãozinha de amadores - descobriu algo muito esquisito ali.
Caçar planetas não é exatamente como as pessoas imaginam. Como a tecnologia ainda não permite observá-los diretamente, isso é feito por pequenas oscilações na luz das estrelas, que acontecem quando um planeta passa em frente a elas. Os colaboradores observaram duas pequenas oscilações em 2009, seguidas por uma grande em 2011, que durou quase uma semana, e uma série de várias que diminuíram a luz da estrela de forma significativa em 2013.
Planetas não funcionam assim. Eles geralmente alteram a luz por um período de poucas a horas. E essas oscilações se repetem, com as mesmas características - porque, afinal, eles estão em órbita, indo e voltando o tempo todo. O que pode ser então?
Explicações mundanas
Vamos deixar um grande negrito no "desconfiam" do
título. A astrônoma Tabetha Boyajian, da Universidade de Yale, publicou
um estudo anteontem, oferecendo várias explicações mundanas para o que
aconteceu. A mais provável, segundo ela, é que um grupo de cometas
passou pela estrela e foi desintegrado por sua gravidade, levando aos
diversos pontos de 2013.
Mas há a teoria divertida: nos anos 60, o matemático
Freeman Dyson escreveu que uma civilização alienígena suficientemente
avançada precisaria de tanta energia que desenvolveria a tecnologia para
cercar uma estrela inteira com coletores solares. Essa megaconstrução
hipotética passou a ser chamada de Esfera de Dyson.
E essa é a pulga atrás da orelha dos astrônomos. "Aliens
deviam ser sempre a última hipótese que você considera, mas isso
pareceu algo que você esperaria que uma civilização alienígena
construísse", afirmou Jason Wright, da Penn State University, que está
capitaneando o projeto para observar mais de perto a estrela. Assim como
Boyajian - ela não arriscou sua carreira mencionando essa possibilidade
em seu estudo, mas está dentro nessa de procurar alienígenas. A
proposta deles é apontar o Green Bank Telescope - o maior
radiotelescópio do mundo - para a estrela. Se os resultados parecerem
promissores, então seria a vez de usar o Very Large Array, um complexo
com 27 radiotelescópios. Se o projeto for adiante, as observações devem
começar em janeiro.
A relatividade é uma estraga-prazeres
Tá certo, a proposta parece, com o perdão do trocadilho,
de outro mundo. (E já prevejo o inevitável "por que não gastam esse
dinheiro com câncer?" nos comentários.) Mas vamos viajar um pouco com
ela. KIC 8462852 fica a 1480 anos-luz de distância. O que quer dizer,
pela Teoria da Relatividade, que a luz - e o rádio - levaram 1480 anos
para chegar aqui. Assim, estamos vendo como eram as coisas lá há (o que
mais?) 1480 anos. Se realmente são aliens, o que observamos é seu
passado distante. Nada garante que não tenham se aniquilado numa
incrível guerra galáctica/invasão zumbi/assimilação borg desde então.
Do lado deles, se olhassem para nós, nos veriam na baixa
Idade Média, logo após o fim do Império Romano. Não pegariam rádio
nenhum. Se, mesmo assim, conseguissem nos detectar, não quer dizer que
seria viável voar até aqui - porque a viagem levaria, novamente pela
relatividade, mais de 1480 anos, tirando por wormholes e outras
possibilidades altamente especulativas.
Então não, não é hora de sair pesquisando por "Conspiração em Roswell" no Google.
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