By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: Rádio Cultura – Imagem: Divulgação
Ao ouvir o Hino Nacional pela 15ª vez em seis dias, a seleção brasileira de tênis de mesa encerrou nesta quinta-feira (13) sua participação histórica nos Jogos Parapan-Americanos de Toronto, no Canadá, com mais três ouros e uma prata por equipes. O país, que derrubou os recordes de medalhas e de títulos em uma única edição, foi campeão nas Classes 3/4, 6/8 e 9/10 masculinas e vice na 4/5 feminina. Os guarapuavanos Welder Knaf e Eziquiel Babes conquistaram um ouro e uma prata cada um.
Ao todo, o Brasil conquistou 31 medalhas – 24 individuais e sete por equipes –, superando sua própria marca de 2003, quando subiu ao pódio 27 vezes. Destas, 15 foram de ouro, quatro a mais do que as obtidas em Guadalajara (2011) e no Rio de Janeiro (2007), recordes que também pertenciam à seleção.
“Estávamos muito preparados. Tínhamos uma meta difícil, de 15 ouros, e conseguimos alcançá-la. Os atletas demonstraram seu potencial. Agora, vamos nos voltar para o mais difícil caminho, que é rumo aos Jogos Paralímpicos 2016”, disse o coordenador técnico da seleção paralímpica e treinador da equipe cadeirante, José Ricardo Rizzone.
Os dez brasileiros medalhistas de ouro individuais em Toronto já garantiram vaga nos Jogos Rio 2016, mas a comissão técnica prevê mais classificados de acordo com o ranking mundial.
“Em 2016, a competição será muito mais forte. Faremos um trabalho ainda mais específico. Aqui, tivemos uma pressão diferente por sermos favoritos. Confirmar essa condição é muito difícil, mas os atletas demonstraram estar com o emocional a todo vapor. Todos sabiam que qualquer erro poderia custar um ouro e a vaga nos Jogos Paralímpicos”, completou Paulo Camargo, técnico da seleção andante.
O desempenho histórico em Toronto confirma o grande momento da seleção, que já vinha de expressivos resultados na temporada 2015 do Circuito Mundial 2015. Em cinco etapas, foram 28 medalhas conquistadas por 16 atletas diferentes, incluindo três ouros.
O próximo compromisso internacional da seleção será já em setembro. As equipes andantes e cadeirantes participarão de um período de treinamentos em Sheffield, na Inglaterra. Em seguida, disputarão o Aberto da República Tcheca, etapa fator 20 do Circuito Mundial.
Ouros no encerramento
Na Classe 3/4, David Freitas (ouro individual na 3), Welder Knaf (prata na 3) e Alexandre Ank (bronze na 4) conquistaram a medalha de ouro de forma invicta. Após vencer Canadá, Venezuela e Chile, todos por 2 jogos a 0, a equipe brasileira decidiu o título nesta manhã com os mexicanos, que também não haviam perdido.
David e Welder abriram vantagem nas duplas ao vencerem Jesus Sánchez/Jesus Salgueiro por 3 sets a 0, parciais de 11/8, 11/5 e 11/4. Na sequência, Welder confirmou o título brasileiro ao superar Salgueiro por 3 a 1 (9/11, 11/4, 11/6 e 11/9).
“Vimos que o tênis de mesa nessas classes está afiado, tanto que fui ouro, o Welder fez a final comigo, o Ank foi bronze na 4 e agora fomos campeões por equipes sem perder sequer um jogo. Estamos focados não só no Parapan. Ele era o pontapé inicial de um trabalho voltado para os Mundiais e, quem sabe, conquistar uma medalha para o Brasil no Rio 2016”, afirmou David.
Luiz Filipe Manara, ouro individual na Classe 8, Paulo Salmin e Israel Stroh, campeão e vice na 7, também foram imbatíveis na 6/8. No caminho até a decisão contra o Canadá, os brasileiros passaram por Equador, Estados Unidos e Costa Rica, na fase de grupos, e Chile, na semifinal.
Diante dos canadenses, o trio manteve a sequência, vencendo por 2 a 0. No primeiro jogo, vitória de Manara/Salmin, de virada, por 3 a 1 sobre Ian Kent/Masoud Mojtahed, parciais de 11/13, 11/7, 11/2 e 12/10. No segundo duelo, Manara saiu atrás mais uma vez, mas repetiu o placar diante de Kent para conquistar o título: 3 a 1 (9/11, 11/5, 11/7 e 11/5).
“Entramos com uma escalação muito bem estruturada, tivemos uma partida difícil nas duplas, perdemos a confiança em alguns momentos, mas lá dentro conseguimos uma sincronia legal, que nos passou mais segurança e fez com ganhássemos esse ponto que era muito importante”, analisou Salmin.
Carlos Carbinatti (ouro individual na 10), Claudio Massad (prata na 10) e Diego Moreira (bronze na 9) chegaram embalados à decisão da 9/10, contra os Estados Unidos, graças à emocionante vitória sobre o México na semi. Os brasileiros saíram atrás após perderem nas duplas, mas demonstraram sua força no individual e fecharam em 2 a 1. Antes, já haviam superado Colômbia e Chile, ambos por 2 a 0.
A emoção se repetiu na final. Nas duplas, Carbinatti/Massad fizeram um grande duelo contra Chui Lim Ming/Tahl Leibovitz, vencendo por 3 a 1 (11/4, 10/12, 11/7 e 12/10). Na partida que poderia assegurar o título, Carbinatti começou perdendo por 2 sets a 0, mas conseguiu a virada e bateu Leibovitz por 3 a 2 (4/11, 8/11, 11/8, 11/9 e 11/4).
“O resumo desses ouros é que o trabalho foi bem feito, e foi bem feito para a equipe inteira. Tenho que agradecer muito ao Paulo Camargo, porque ele que nos moldou para fazer parte do projeto e estar aqui, buscar o resultado e conseguir a vaga para o Rio”, destacou Carbinatti.
O único revés brasileiro nesta quinta aconteceu na Classe 4/5 feminina. Joyce Oliveira, ouro individual na 4, e Maria Luiza passos, prata na 5, acabaram derrotadas pelo México na decisão: 2 a 1. Até a final, as brasileiras estavam invictas, tendo batido Venezuela (2 a 0), Cuba (2 a 1) e Estados Unidos (2 a 0).
A final começou favorável ao México: em um jogo equilibrado, Maria Paredes/Martha Verdin venceram nas duplas por 3 a 1 (11/7, 5/11, 16/14 e 11/4). Na sequência, Joyce derrotou Verdin por 3 a 0 (11/1, 11/5 e 11/8), mas Maria Luiza acabou superada por Paredes em sets diretos (11/8, 11/7 e 11/7).
“Jogamos bem e fomos longe, chegamos à final. Foi um resultado importante para nós. Eu até não esperava, porque ainda estava com dor. O objetivo era o ouro, mas infelizmente não foi possível. Elas também inverteram a ordem dos jogos individuais, foram inteligentes e mereceram a vitória”, afirmou Joyce.
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