By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: Folha de S. Paulo – Imagem: Divulgação
Com os achados, publicados na edição desta quinta (11) da revista científica "Nature", um debate com mais de 200 anos de idade ganha sangue novo. É que, desde o fim do século 18, os especialistas sabem que quase todas as línguas europeias e vários idiomas da Ásia, de Portugal até a Índia, provavelmente têm uma origem comum.
O tataravô hipotético dessas línguas é conhecido como protoindo-europeu. A ideia é que os falantes originais desse idioma teriam se espalhado pelos quatro cantos da Europa e da Ásia, misturando-se à população nativa, o que levou à diferenciação dos vários ramos da família linguística indo-europeia, como o germânico (que inclui o inglês e o alemão), o itálico (do português) e o balto-eslavo (do russo).
No entanto, ninguém ainda tem certeza de quando e onde os falantes dessas línguas teriam surgido. Duas hipóteses dividem os especialistas.A primeira propõe que os idiomas indo-europeus são um legado dos agricultores primitivos da atual Turquia e adjacências. Uns 9.000 anos atrás, o crescimento da população graças à produtividade agrícola teria levado grupos da região a migrar, e os antigos caçadores-coletores da Europa foram substituídos pelos recém-chegados ou se uniram a eles.
Outra proposta aponta como lar dos indo-europeus as estepes do mar Negro, na Ucrânia e regiões vizinhas. Foi ali que os seres humanos domesticaram o cavalo pela primeira vez e inventaram carroças puxadas por ele.
Isso teria dado às tribos da área mais mobilidade e vantagens bélicas, já que cavaleiros quase sempre derrotam guerreiros a pé, turbinando assim sua expansão.Segundo essa ideia, os moradores da estepe teriam se expandido a partir de uns 5.000 anos atrás. A primeira hipótese era a preferida dos geneticistas até agora, enquanto a segunda tem mais adeptos entre os linguistas, que foram os primeiros a investigar a origem dos indo-europeus.
GENOMAS DO PASSADO
Os novos estudos têm potencial para destravar o debate porque, no total, eles analisaram quase 200 genomas de europeus e asiáticos pré-históricos, um feito que pareceria impossível um ou dois anos atrás.
Eske Willerslev e seus colegas da Universidade de Copenhague (Dinamarca) foram os que obtiveram mais amostras de DNA (110 indivíduos), e também os dados mais completos, já que a equipe escandinava "leu" genomas inteiros.
Já o time de David Reich, da Universidade Harvard (EUA), analisou o DNA de menos gente, com menos detalhes, mas seus dados abrangem uma região maior, que inclui a Espanha e a Itália - os de Willerslev se referem sobretudo ao norte, centro e leste da Europa.
O resultado das duas análises, porém, bate: quase todos os europeus devem parcela considerável de seu genoma ao povo da chamada cultura Yamnaya, a dos cavaleiros ucranianos. Cerca de metade do DNA dos tchecos, ingleses e franceses, por exemplo, deriva desse grupo, calculam Reich e companhia.
O resto do DNA dos europeus modernos deriva, segundo as pesquisas, dos caçadores-coletores que ocuparam a região na Idade da Pedra e de uma onda de migrantes ligada às origens da agricultura no Oriente Próximo, mais antiga que o povo dos cavaleiros.
Por enquanto, um dos calcanhares-de-aquiles das pesquisas é o sul da Europa. Os gregos, por exemplo, são o mais antigo grupo indo-europeu na região. Se fosse possível demonstrar um elo entre eles e a cultura Yamnaya, o caso poderia ser dado como encerrado. "Infelizmente, a esse respeito, só podemos especular por enquanto", disse à Folha Martin Sikora, um dos coautores do estudo dinamarquês. "O mais perto que chegamos é o DNA de dois indivíduos de Montenegro [antiga Iugoslávia], que têm afinidades com o povo de Yamnaya. É algo que queremos investigar no futuro.
"A análise mostrou ainda que traços como pele e olhos claros são bastante antigos no continente, existindo milênios antes da chegada dos conquistadores ucranianos.
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