terça-feira, 1 de abril de 2014

Com falta de mão de obra, Paraná 'importa' caminhoneiros da Colômbia



By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: Samuel Nunes (G1) Imagem: Fábio Scremin


Empresas do setor de transportes no Paraná estão indo até a Colômbia para buscar novos caminhoneiros. Uma iniciativa do Sindicato das Empresas de Transportes de Carga do Paraná (Setcepar) seleciona e dá treinamento para os profissionais. O principal motivo para buscar profissionais fora do país é a falta de mão de obra no Brasil. Dados da Associação Nacional do Transporte de Carga e Logística (NTC&Logística) apontam que o país tem um déficit de cem mil profissionais. No estado, há espaço para 5 mil caminhoneiros.
“Historicamente, no passado, o filho do motorista seguia a profissão do pai. Atualmente, o pai incentiva o filho a ter outra profissão”, diz Gilberto Cantú, presidente do Setcepar que afirmou que a ideia de importar profissionais começou após a visita de um professor da Colômbia, que veio ao Brasil para dar aulas em um dos cursos promovidos pelo sindicato. “Foi identificado que lá havia uma mão de obra disponível. Ele começou a contatar essas pessoas e a gente montou esse programa para oferecer essas vagas para os nossos associados”. Além de cursos de formação, o sindicato prepara toda a documentação necessária para que eles tenham condições de trabalho.
Atualmente, o programa prepara os trabalhadores estrangeiros para atuarem nas empresas filiadas ao sindicato. Marcos Batisttella é dono de uma dessas empresas. No caso dele, embora atue na Argentina, Chile e Uruguai, esta é a primeira vez que contrata estrangeiros para o quadro funcional. “Uma das dificuldades foi o crescimento do mercado e essa lei da carga horária de trabalho. Para fazer a mesma produção que antes, precisa ter dois motoristas por caminhão”. Ele já conta com quatro colombianos na equipe e mais três devem ser contratados nos próximos dias. “Estou satisfeito com eles. Esses primeiros têm boa qualidade. Têm um nível de conhecimento cultural bom. O problema maior é a língua, de conversar com o pessoal, mas aos poucos vai entrando o portunhol e vai embora”, diz.
Gilberto Cantú também vai contratar mais dois motoristas que devem se formar nesta sexta-feira (14). Segundo ele, o sindicato já recebeu mais de 200 currículos de colombianos interessados em trabalhar no Brasil.
Falta de profissionais
O problema da falta de profissionais no setor não está no salário. Ao contrário, conforme o presidente do Presidente do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Cargas de Ponta Grossa e Campos Gerais (Sinditac), Neori Leobet, um caminhoneiro pode tirar até R$ 5 mil por mês. “O bom caminhoneiro, hoje, escolhe a empresa em que quer trabalhar e faz preço do salário dele. Não existe um profissional hoje trabalhando por menos de R$ 3 mil por mês”, afirma.
O presidente do Setcepar acredita que fatores como a distância da família, as más condições de segurança das estradas, os roubos e outros riscos da profissão têm afastado novos profissionais.  Além disso, a nova lei que obriga motoristas a trabalharem por oito horas diárias, com direito a intervalo de uma hora ajudou a aumentar a defasagem no setor.
O crescimento no setor também exige que novos profissionais sejam formados, mas isso leva tempo. O Serviço Social do Transporte (Sest) e o Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Senat) iniciaram um projeto em parceria com o governo federal para a formação de 50 mil novos caminhoneiros. Porém, para conseguir a habilitação da categoria “C” (caminhões de pequeno porte), é preciso possuir a carteira na categoria “B” (carros) por um ano, antes da mudança de categoria e dois anos para mudar para as categorias “D” e “E” (ônibus e caminhões de grande porte, respectivamente).
“Isso tinha que ter acontecido há cinco anos. Acho que a solução imediata para as empresas é a contratação de estrangeiros”, diz Neori Leobet. Ele acredita que nos próximos anos, o mercado terá ainda mais vagas disponíveis, devido ao próprio crescimento do setor e também da lei da jornada de trabalho.

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