By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: O GLOBO – Imagem: Divulgação
As prévias que vão indicar um candidato do PSDB ao Planalto em 2022
começaram oficialmente nesta segunda-feira em meio a uma disputa
acirrada entre os governadores João Doria e Eduardo Leite. Ao todo,
quatro candidatos fizeram a inscrição no processo interno: Doria, Leite,
o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) e o ex-prefeito de Manaus Arthur
Virgílio (PSDB-AM). As campanhas dos dois últimos até agora, porém, se
restringem a movimentos internos e eles têm sinalizado simpatia a Leite.
O gaúcho participa hoje dos festejos que marcam o início da semana
Farroupilha, no Rio Grande do Sul. Nesta terça-feira, ele terá um ato
com aliados em Brasília.O primeiro a anunciar a participação nas primárias nesta manhã foi o
governador de São Paulo, na sede do partido em Brasília. Doria disse que
o PSDB terá “naturalmente o candidato da terceira via”.Ao lado do
presidente da legenda, Bruno Araújo, e de parlamentares tucanos, elogiou
os colegas que disputarão o processo. Ele leu carta sobre sua
postulação e fez uma análise do processo político.
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— Seguiremos na mesma linha, de forma respeitosa, de forma consciente
do nosso papel. Ao término das prévias, em 21 de novembro, se não
tivermos segundo turno, teremos um candidato vencedor. E esse candidato
vencedor das prévias do PSDB será naturalmente um candidato da terceira
via. Ou melhor: um candidato da melhor via. Porque ele estará legitimado
pelas prévias - discursou Doria.
Apesar das confusões e desavenças entre tucanos registradas nas
últimas prévias das quais participou, tanto para o governo de São Paulo
como para a prefeitura da capital paulista, Doria disse que iria trilhar
um caminho de tranquilidade.
— E agora disputando com outros três competentes, sérios, e eu
classificaria como brilhantes representantes do PSDB: Tasso Jereissati,
ex-governador do Ceará e atual senador pelo PSDB; Arthur Virgílio, um
dos melhores tribunos que já vi; e o jovem e competente governador do
Rio Grande do Sul, Eduardo Leite.
No documento lido por Doria, foram feitas críticas indiretas, tanto
aos governos do PT quanto ao atual presidente Jair Bolsonaro. Doria
tratou, sem citar Bolsonaro, das pautas de protestos antidemocráticos
incentivados pelo Palácio do Planalto.
— Os tempos são de retrocesso. Retrocesso institucional, democrático,
econômico, ambiental, social, político e moral. Nossas instituições têm
sido atacadas, mas dão provas de independência e coragem ao defenderem o
que temos de mais sagrado: respeito à Constituição, ao Estado
Democrático de Direito, com eleições livres, diretas e com voto
eletrônico - discursou.
Sobre petistas, tratou dos escândalos de corrupção que se seguiram nos anos de realização da Operação Lava-Jato.
— Infelizmente, os anos que se seguiram com os governos de Lula e
Dilma representaram a captura do Estado pelo maior esquema de corrupção
do qual se tem notícia na História do País. Fazer políticas públicas
para os mais pobres não dá direito, a quem quer que seja, de roubar o
dinheiro público. Os fins não justificam os meios.
No documento, Doria termina sua mensagem defendendo a harmonia entre
poderes e afirmando que é preciso resgatar o prestígio internacional do
país e o “orgulho” de ser brasileiro.
— Acredito no PSDB, o partido do Plano Real e da Vacina, e acredito
no Brasil. No PSDB da vitória. Unidos venceremos a corrupção e a
incompetência. Venceremos as trevas e o negacionismo. Vamos juntos unir o
Brasil e os brasileiros.
Doria estava acompanhado de algumas lideranças do partido e tem uma
agenda durante o dia na capital federal. Ele irá se reunir com filiados
e, à noite, terá um jantar com convidados.
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O governador de São Paulo larga em vantagem na disputa das prévias,
segundo análise da composição dos integrantes do colégio eleitoral
tucano. Isso se deve ao peso que o estado de São Paulo tem nos quatro
grupos que podem votar na eleição interna, de acordo com regras
aprovadas pela direção da legenda.
Segundo essas normas, os votantes das prévias tucanas serão divididos
em quatro grupos e cada um deles terá participação de 25% na apuração
final. Fazem parte da divisão: filiados (grupo 1); prefeitos e
vice-prefeitos (grupo 2); vereadores, deputados estaduais e distritais
(grupo 3); e governadores, vice-governadores, senadores, deputados
federais, presidente e ex-presidentes da executiva nacional (grupo 4).
Para vencer as prévias, são necessários mais de 50% dos votos. Se
todos os representantes de São Paulo, em cada um dos grupos, votassem no
mesmo candidato, o estado teria 24,2% de presença no colégio eleitoral.
Os outros três concorrentes de Doria largam de patamares menores num
cenário em que também contem com a adesão de todos os seus conterrâneos.
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, ficaria com 5,6% dos
votos neste panorama. O senador Tasso Jereissati (CE) teria 3,2%,
enquanto o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio apareceria com 1,1%.
Nos bastidores, a expectativa é que adversários se unam contra o
governador de São Paulo.
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Desde que começou a se movimentar para se
colocar como presidenciável, Doria colecionou desavenças e sofre com
isolamento interno. Ainda assim, nas últimas semanas o paulista
conseguiu quebrar resistências e obteve apoio em estados como Acre e
Pará. Ao mesmo tempo, Leite equilibrou a disputa com endosso do
diretório de Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral tucano nas
primárias. O deputado mineiro Aécio Neves é desafeto antigo de Doria e
tem trabalhado ativamente para a campanha do gaúcho.
Em contrapartida, Doria conseguiu o apoio no sábado da ex-governadora
do Rio Grande do Sul Yeda Crusius, presidente nacional do PSDB Mulher.
Num contra-ataque, Leite reverteu no mesmo dia o apoio do diretório
tucano do Paraná, que antes já havia declarado que estava com Doria.
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