By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: BBC BRASIL – Imagem: Divulgação
Isso porque um dos corantes vermelhos mais usados nas comidas - o carmim - é feito de insetos esmagados.
Os bichinhos usados para fazer esse corante são chamados cochonilhas e são nativos da América Latina, onde vivem em cactos.
São cultivados atualmente no Peru - milhões deles são coletados todo ano para produzir o carmim.
O corante é um item básico da indústria global de alimentos, sendo adicionado a inúmeros produtos, desde iogurtes e sorvetes a tortas de frutas, refrigerantes, biscoitos e donuts.
Também é bastante usado na indústria de cosméticos e é encontrado em muitos batons.
O carmim continua a ser amplamente utilizado porque é um aditivo muito estável, seguro e de longa duração, cuja cor é pouco afetada pelo calor ou pela luz.
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Quem apoia o uso desse ingrediente também defende que é um produto
natural, descoberto há muito tempo pelos maias e depois usado também
pelos astecas há mais de cinco séculos. Eles dizem que o carmim é muito
mais saudável do que alternativas artificiais, como corantes
alimentícios feitos a partir de carvão ou derivados de petróleo.Mas até os fãs do carmim concordam que ele deveria ser explicado mais detalhadamente e especificado nos produtos.
Se você procurar pela palavra "carmim" em um produto alimentício que o contém, é provável que você não consiga encontrá-la na lista de ingredientes.
Em vez disso, o que pode estar escrito é "vermelho 4", "vermelho 3", "cochineal", "corante natural de cochonilha", "corante C.I", "corante E120".
Amy Butler Greenfield, autor de "A Perfect Red" (Um Vermelho Perfeito, em tradução livre), um livro sobre o carmim e sua história, afirma que, embora acredite que o componente deveria ser devidamente especificado, ele é um produto natural que "sobreviveu ao teste do tempo".
"O carmim é incrivelmente estável e confiável como comida natural, pode ser usado para criar uma ampla gama de cores - rosas, laranjas, roxas e vermelhas. Poucas pessoas têm reações alérgicas a ele, mas no geral ele tem um ótimo histórico de segurança a longo prazo", afirmou.
O Peru agora lidera a produção de carmim e, de acordo com a Embaixada Peruana no Reino Unido, o país tem uma participação de 95% no mercado internacional.
Isso cria empregos para pelo menos 32,6 mil produtores, ainda de acordo com a representação diplomática.
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Os
insetos, que têm cerca de 5 milímetros de comprimento, são "varridos"
para fora dos cactos espinhosos. São as fêmeas sem asas que são
colhidas, em vez dos machos voadores.A cor vermelha vem do ácido carmínico, que compõe quase um quarto do peso das cochonilhas e impede a predação por outros insetos.
"Em geral, esses insetos são dissecados primeiro. O corante de cochonilha é colocado em vários filtros para remover as partes de insetos", explicou Butler Greendield.
No ano passado, o Peru exportou 647 toneladas do carmim, o que equivale a um valor total de US$ 46, 4 milhões (R$ 164,5 milhões).
Considerando do que é feito o corante, você poderia pensar que esse seria um mercado em declínio. Mas a demanda está aumentando e, justamente porque o recurso não é infinito, está cada vez mais difícil para os produtores aumentarem a oferta - sendo assim, pela lei do mercado, o preço dele subiu nos últimos anos.
Em 2013, a exportação de carmim do Peru chegava a 531 toneladas - algo que valia em torno de US$ 22 milhões (R$ 78 milhões). Ou seja, nos últimos quatro anos, o preço por tonelada subiu cerca de 73%.
Algumas empresas agora, por conta do aumento do preço, têm cogitado usar outro tipo de corante. É o caso, por exemplo, da Premier Foods, do Reino Unido, que começa a pensar em alternativas.
"Nós usamos carmim em alguns produtos, porque é natural e fornece uma variedade particularmente estável de cores vermelhas e rosas que não desaparecem", diz um porta-voz da Premier Foods.
"Mas continuamos a buscar alternativas, que além de naturais, também seriam adequadas para vegetarianos".
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Há
outros grupos que defendem a não utilização do carmim para proteger os
insetos. É o caso do grupo de defesa do direito dos animais Peta."Segundo relatos, são necessários 70 mil insetos individuais para produzir apenas 500 gramas de corante, portanto, naturalmente, é um produto que alguns consumidores vão querer evitar", afirma o grupo.
"Felizmente, o rápido crescimento no número de pessoas seguindo um estilo de vida vegano está incentivando mais e mais empresas a desenvolverem produtos amigos dos animais, por isso nunca foi tão fácil escolher itens veganos para substituir aqueles itens que são criados a partir do sofrimento dos animais", finalizou.
Uma das empresas que recentemente anunciaram ter parado de usar o carmim é a gigante americana Starbucks.
Em 2012, os clientes começaram a reclamar depois que foi revelado que a empresa usava carmim em alguns de seus cafés gelados, smoothies e bolos. A Starbucks respondeu dizendo que trocaria o carmim pelo licopeno, um extrato natural à base de tomate.
Outros corantes alimentícios naturais incluem extratos de frutas vermelhas e de beterraba. Mas nenhum deles dura tanto e é tão fácil de usar quanto o carmim.
A betanina, o corante alimentar obtido de beterrabas, degrada quando exposta à luz, calor e oxigênio. Por isso, é normalmente utilizado apenas em alimentos com vida útil curta ou congelados.
Mas para Butler Greenfield, apesar das preocupações com os insetos, também é importante lembrar que o carmim é um produto natural e um recurso vital para a sobrevivência de produtores pobres do Peru.
"Esses produtores peruanos em sua maioria são muito pobres e dependem do carmim para sobreviver", destaca.
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