terça-feira, 3 de maio de 2016

'Misericórdia', diz pai ao ver filha em fotos tiradas por suspeitos de pedofilia



By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: G1 Imagem: G1


Um vídeo gravado durante o depoimento do pai de uma criança da família da professora suspeita de pedofilia mostra o desespero dele ao reconhecer a filha das fotos. Nas imagens, investigadores mostram a ele algumas fotografias de 2004, ele leva as mãos à cabeça quando reconhece a filha, que na época tinha apenas dez anos de idade e diz: "Misericórdia".
A polícia afirmou neste sábado (30) que confirmou uma terceira criança que, segundo os investigadores, foram vítimas do advogado de 63 anos e da professora de 39, suspeitos de pedofilia. Segundo a polícia, investigadores descobriram que a professora levou a menina, atualmente com 22 anos, para ser abusada pelo advogado. Os dois suspeitos foram presos na quarta-feira (27).
Na casa do advogado, a polícia encontrou centenas de fotografias e videos de crianças.
Até agora, a polícia acreditava que os abusos tinham começado em 2007.
A professora contou à polícia que conhecia o advogado há 14 anos.  Disse que, na época, ela trabalhava como prostituta. O advogado era seu cliente e teria contado a ela sobre abusos contra outras crianças.
Em depoimento, a suspeita admitiu que abusou de pelo menos uma criança. O advogado e a professora podem ser condenados a 15 anos de prisão por cada abuso.
Professora é levada para prisão
A professora, que teve a prisão temporária decretada e foi levada nesta sexta-feira (29) para o Complexo Penitenciário de Bangu, pode ter ajudado o advogado e contador a abusar de "muitas" crianças. A informação é da Polícia Civil. Segundo a delegada titular, Cristiane Bento, a delegacia vai tentar identificar outras possíveis vítimas.
"Temos muitas imagens para analisar, dois HDs, 20 pendrives. Já sabemos que ela e ele vão responder por armazenamento, produção de conteúdo pornográfico com crianças e adolescentes e por estupro de vulnerável", afirmou a delegada titular Cristiane Bento.
Ela diz que a segunda vítima confirmada, uma menina de quatro anos que estudava na creche onde a professora trabalhava, quase foi levada para a casa do advogado, no Grajaú.
"A mãe da menina diz que a professora tentou convencê-la de que o pai estaria abusando dessa menina. A sorte é que a polícia impediu que isso acontecesse", afirmou a delegada.
Na quinta (28), a prisão do advogado em flagrante foi convertida para preventiva. A decisão foi do juiz Marco José Mattos Couto.
A professora disse ainda, em um segundo depoimento, que o advogado recebia dela fotos de encartes de lojas de departamento com fotos de crianças. "Ela contou que ele se excitava com aquilo", afirmou a delegada, que disse ainda que a professora levou a enteada, que em 2007 tinha 9 anos, para ser abusada pelo advogado, em troca de R$ 100.
Dona da creche se defende
Viviane Carvalho, a dona da creche onde a professora suspeita de pedofilia trabalhava desde fevereiro, voltou nesta sexta-feira (29), à Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítima (Dcav). Ela reafirmou que desconhecia o aliciamento de crianças na instituição e que confiava na professora, que ela conhece desde infância.
Entenda o caso
Na quarta-feira (27), depois de investigar uma denúncia anônima, os agentes da Dcav prenderam o advogado e apreenderam computadores e material de pedofilia, que ele tinha em seu escritório no Centro do Rio. Pelas imagens e por trocas de mensagens através de redes sociais, em que crianças eram oferecidas ao advogado, os policiais chegaram até a professora da creche. Segundo a polícia, ela aliciava crianças para levar ao advogado.
"Quando eu olhei aquilo [a foto enviada em anonimato], eu me perguntei: 'Quem é essa menina? Quem é esse homem?', quando começamos a investigar e chegou até ele. Aí eu pedi a busca e apreensão na casa e no escritório dele. Foi quando a gente se deparou com aquele monte de material de pedofilia. No contexto, havia essa mulher", disse a delegada.
A professora admitiu ter aliciado uma criança em 2007. O advogado nega ter abusado sexualmente de crianças.
"O fato dela entregar crianças e adolescentes para este advogado começou a partir de 2007, isso em troca de dinheiro. A gente busca o maior número de provas e de vítimas para que no final eles possam responder pelos crimes efetivamente que eles praticaram. A pena de cada um por estupro de vulnerável é de 15 anos, sendo que o advogado responde também pelo armazenamento de fotos e imagens destas crianças", afirmou a delegada.
Uma mãe suspeita que o filho tenha sofrido abusos da professora porque notou uma mudança de comportamento do menino. "Eu fiquei indignada porque eu deixo ele lá pra aprender outras coisas, e aprendeu isso, a gente ficou impressionada com o comportamento dele", contou.
Segundo Viviane, os pais das 25 crianças matriculadas na casa de recreação e lazer do bairro também não desconfiavam de nada na atitude de professora, que sempre fora muito delicada e atenciosa com as crianças. Na quinta-feira (28), eles prestaram apoio à dona do estabelecimento e disseram que iriam manter seus filhos no lugar.

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