By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: Rádio Najuá – Imagem: Gazeta do Povo
A Justiça Federal do Paraná aceitou na tarde desta quarta-feira
(23) a acusação contra o doleiro Alberto Youssef e mais seis
investigados pela Operação Lava Jato. Com essa medida, Youssef e os
outros passam a ser réus. Ele é acusado de ter remetido para fora do
país, de forma fraudulenta, US$ 444,7 milhões entre julho de 2011 e
março de 2013. A fraude ocorria por meio de contratos fraudulentos de
importação, segundo a denúncia do Ministério Público Federal aceita pela
Justiça Federal.
De acordo com decisão do juiz
Sérgio Fernando Moro, os indícios apresentados pela acusação são
suficientes para o recebimento da denúncia. O doleiro está preso desde o
mês passado. O juiz concluiu que os indícios apresentados e outra
condenação prévia de Youssef são suficientes para apontar suspeitas
sobre a origem ilícita do dinheiro. “A simulação de investimentos
externos de terceiros em empresa em nome de pessoa interposta e a
aquisição de imóvel em nome de pessoa interposta, por outro lado, são
condutas de ocultação e dissimulação, enquadráveis no tipo legal de
lavagem de dinheiro”, afirmou o juiz.
Um dos
sócios do laboratório Labogen, Leonardo Meirelles, que chegou a firmar
uma parceria de R$ 31 milhões com o Ministério da Saúde em 2013, também é
réu no mesmo processo. O laboratório foi um dos usados para a remessa
de dólares por meio de importações simuladas.
Meirelles
e Youssef foram presos em 17 de março na Operação Lava Jato. O doleiro é
acusado de comandar um esquema de lavagem que movimentou R$ 10 bilhões.
A Labogen teria sido usada por ele para movimentar US$ 37 milhões em
simulações de importações e exportações. Além dos dois, os outros cinco
acusados são: Carlos Alberto Pereira da Costa, Esdra de Arantes
Ferreira, Pedro Argese Junior e Raphael Flores Rodriguez. Segundo a
denúncia, os acusados teriam promovido, por 3.649 vezes, entre julho de
2011 a 17 de março de 2014.
Youssef e seus
aliados teriam feito “mediante a celebração de contratos de câmbio
fraudulentos para pagamentos de importações fictícias, utilizando
empresas de fachada ou em nome de pessoas interpostas, especificamente a
Bosred Serviços de Informática Ltda. - ME, HMAR Consultoria em
Informátcia Ltda. - ME, Labogen S/A Química Fina e Biotecnologia,
Indústria e Comércio de Medicamentos Labogen S/A, Piroquímica Comercial
Ltda. - EPP e RMV & CVV Consultoria em Informática Ltda. - ME, assim
como as offshores DGX Imp. and Exp. Limited e RFY Imp. Exp. Ltd.”
A
Procuradoria sustenta que Youssef era o “líder do grupo criminoso,
mandante e executor dos crimes”. Youssef agia em parceria com o
ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás, Paulo Roberto Costa. Mas essa
etapa da investigação ainda não é alvo da acusação da Procuradoria.
Lava Jato
A
Operação Lava-Jato foi deflagrada no dia 17 de março e prendeu
inicialmente 24 investigados em 6 Estados e no Distrito Federal por
lavagem de R$ 10 bilhões, através da ocultação de bens adquiridos de
forma ilícita. O doleiro Alberto Youssef era o alvo maior da missão. No
último dia 12, em uma segunda fase da operação, a Polícia Federal
cumpriram um mandado de busca e apreensão na sede da Petrobras, no Rio
de Janeiro e mais uma pessoa foi presa, totalizando 25 detidos.
Vigiando
os movimentos de Youssef, a PF descobriu que um aliado dele,
provavelmente por sua influência, conseguiu firmar contrato de R$ 150
milhões para fabricação no Brasil e o fornecimento à Saúde do
medicamento citrato de sildenafila. O negócio teve amparo em Parceria
para Desenvolvimento Produtivo (PDP), criada pela Portaria 837, de 18 de
abril de 2012.
A operação também deverá
reacender fatos ligados ao mensalão – esquema ilegal de financiamento
político usado para corromper parlamentares durante o primeiro mandato
do ex-presidente Lula. A investigação pretende provar que Alberto
Youssef era o principal proprietário da corretora Bônus Banval, e não
Enivaldo Quadrado. A corretora foi responsável por diversas transações
investigadas durante a apuração sobre os mensaleiros. Segundo a
polícia, Quadrado é um “laranja” do doleiro. Os dois estão entre os
presos na operação,
De acordo com o delegado
federal que coordena a investigação, Márcio Anselmo, a apuração focou,
até agora, na transferência ilegal de dinheiro para o exterior. Em nove
meses de trabalho, a PF descobriu centenas de contas bancárias que
remetiam milhões de dólares para a China e Hong Kong (saiba mais no
gráfico).
Essas contas eram de mais de cem
empresas de fachada, que, por incontáveis vezes, segundo a polícia,
simularam importações e exportações para o exterior com o objetivo
apenas de receber e enviar dinheiro, sem que fosse concretizado o
comércio com entrega ou recebimento de produtos.
Segundo
Anselmo, os investigadores ficaram surpresos ao encontrar remessas
feitas por várias contas de empresas de fachadas controladas por um
doleiro entre 2009 e 2013 em um total de US$ 250 milhões no “câmbio
oficial”, que envolve operações realizadas corretamente, com registro no
Banco Central. O delegado regional da unidade de combate ao crime
organizado da PF no Paraná, Igor Romário de Paula, frisou que a origem
do dinheiro é que era ilegal.
Muito dos
recursos “lavados” eram mesclados com dinheiro lícito em fluxos de caixa
das empresas usadas pelas quadrilhas, lavanderias e posto de gasolina.
Em Londrina, o edifício arrendado por um grupo de hotéis, sequestrado
pela Justiça, foi um dos reinvestimentos realizados com dinheiro
supostamente “lavado”.
O grupo também usava o
método de “dólar a cabo” para transferir o dinheiro, além de transportar
dinheiro fisicamente prendendo cédulas no corpo. Um dos doleiros, uma
mulher, foi detida na sexta-feira passada no Aeroporto Internacional de
Guarulhos, em São Paulo, ao ser flagrada com US$ 200 mil presos ao
corpo.
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