A atual edição da Série D também tem 40 equipes que começam o torneio, assim como em 2010. Porém, as ausências de clubes de Rondônia e Roraima ainda evidenciam a dificuldade enfrentada por estes para apresentar um balanço contábil que, pelo menos, não termine em prejuízo. Veja quem pulou fora em 2011:
Goiás
Duas equipes foram escolhidas para representar o estado na 4ª Divisão. Os três primeiros, Atlético (Série A), Goiás e Vila Nova (Série B) foram desconsiderados. A Anapolina, quarta colocada na classificação geral, levou a primeira vaga. A segunda deveria ser do CRAC.
Clubes desistentes: CRAC, Aparecidense, Goianésia, Morrinhos, Santa Helena e Trindade.
Resultado: A Federação Goiana de Futebol (FGF) requisitou à CBF a inclusão do Itumbiara, nono colocado e rebaixado no Campeonato Goiano de 2010 para a 2ª Divisão. Portanto, a equipe do interior do estado disputa a 2ª Divisão de Goiás e a 4ª Divisão nacional ao mesmo tempo. No primeiro jogo pela Série D, os goianos foram derrotados pelo Tupi (Minas Gerais), por 3×1, em casa, de virada.
Roraima
A vaga única do estado do Norte era de direito do Real, única equipe do interior (São Luiz do Anauá) a vencer o estadual de Roraima na história.
Clubes desistentes: Real, São Raimundo, Roraima, Náutico, GAS e Rio Negro.
Resultado: de acordo com o regulamento específico da Série D de 2011, a vaga de um estado em que todas as equipes desistissem seria repassada ao estado melhor ranqueado. Por esta razão, o Nacional, maior pontuador no Ranking Nacional de Clubes da CBF – critério escolhido pela Federação Amazonense de Futebol –, recebeu o convite e aceitou, não sem polêmica, como se pode ver neste link.
O Nacional finalmente estreou na competição, no último dia 16 de julho. Apenas empatou com o Vila Aurora (Mato Grosso), em casa, diante de 905 torcedores.
Tocantins
A vaga do estado é oriunda da edição de 2010 do estadual. O Gurupi, campeão, tinha direito a ela.
Clube desistente: Gurupi
Resultado: com a desistência do campeão, o terceiro colocado, Tocantinópolis, aceitou pagar as salgadas despesas da Série D e disputar a competição. É importante lembrar que o vice-campeão de 2010, Araguaína, está na Série C. O clube de Tocantins também já estreou na competição nacional, com derrota. A Anapolina foi até Tocantinópolis, no interior do estado, e decretou 2×1, diante de 546 torcedores.
Minas Gerais
Os mineiros mandaram dois clubes para tentar o acesso à Série C de 2012. A primeira vaga ficou com o Villa Nova. Já a segunda deveria ser do América de Teófilo Otoni.
Clube desistente: América de Teófilo Otoni
Resultado: quarto colocado na classificação geral, o América/TO decidiu não dar um passo a mais em sua história e disputar um torneio nacional. Como Cruzeiro, Atlético e América (Série A) não entraram na disputa pela vaga à 4ª Divisão, apenas o sexto colocado, Tupi, foi convidado e aceitou o desafio. Os mineiros de Juiz de Fora estrearam bem, com vitória diante do Itumbiara, por 3×1, em Goiás. Porém, há de ser dito que o Tupi soube que iria disputar a Série D em 20 de maio, pouco mais de dois meses antes do início da competição. O clube teve tempo para contratar e levantar receita.
Rondônia
O Espigão, campeão rondoniense de 2011, era o detentor da vaga do estado.
Clubes desistentes: Espigão, Ariquemes, Vilhena, Gênus, Rolim de Moura, Moto Clube, Barra do Garças (Mato Grosso) e União Rondonópolis (Mato Grosso).
Resultado: como o próprio Plano Tático atestou, em reportagem especial sobre os semifinalistas do estadual, em que fez levantamento da renda bruta de cada um deles, nenhum clube rondoniense aceitou disputar a Série D. A vaga foi repassada aos clubes de Mato Grosso, respeitando-se o regulamento da competição.
O Cuiabá, campeão estadual, já havia garantido a vaga do próprio estado. Portanto, receberam convites Barra do Garças (segundo), União Rondonópolis (terceiro) e Vila Aurora (quarto colocado no estadual 2011). Somente o último aceitou. E os matogrossenses começaram a campanha da Série D com um empate de 0×0 diante do Nacional, em Manaus.
Rio de Janeiro
Os cariocas tiveram direito a duas vagas. A primeira foi preenchida pelo Sendas (atual Audax Rio), campeão da Copa Rio 2010. A outra seria do Boavista.
Clubes desistentes: Boavista, Olaria, Resende, Americano e Nova Iguaçu.
Resultado: Com exceção de Flamengo, Fluminense, Vasco Botafogo (Série A), Duque de Caxias (Série B) e Madureira (Série C), o Boavista, quinto colocado na classificação geral, poderia estar disputando a Série D. A vaga caiu no colo do Volta Redonda, que terminou o Campeonato Carioca apenas em 12º, dentre 16 equipes. Os cariocas foram até o Espírito Santo para encarar o São Mateus. Voltaram com um ponto na bagagem, oriundo da igualdade de 0×0, diante de 2.034 torcedores.
Conclusão Final
Depois de percorrer as três edições da Série D, pode-se chegar a algumas conclusões. A edição de 2011 do Brasileirão Série D teve 27 desistentes. É o menor número de clubes que rejeitaram disputar o torneio em toda a história (31 em 2009 e 36 em 2010 não quiseram jogar). Mas este dado que o Plano Tático levanta e apresenta ao Leitor Plano Tático é bastante preocupante. 78,3% das 120 equipes (ou seja, 94) que conseguiram vagas dentro de campo, pelos estaduais ou competições qualificatórias (Copa Rio, Taça Minas Gerais, Copa Paulista etc.), não cogitaram preencher o calendário de futebol por mais seis meses! As justificativas sempre são as mesmas: falta de condições financeiras. A grande culpa não é dos clubes, que lutam com orçamento apertado até para disputar os próprios estaduais, com distâncias bem mais curtas (entenda-se menos gastos com passagens e hospedagens) do que em âmbito nacional. Cabe, portanto, à Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que organiza a competição, fazer alguma coisa para alavancar a modalidade nos rincões do país. É importante dizer que o que está em jogo nem é se tal clube será campeão daquela competição, vai subir ou será rebaixado. O que importa para o torcedor que ama futebol é ver a modalidade desenvolvida, talentos brotando, mas não só em estados considerados mais poderosos economicamente. É função e dever da CBF tornar possível a disputa da Série D por clubes de Roraima, Rondônia, Acre, Piauí e todos os outros estados, sem se esquecer do Distrito Federal! A entidade máxima do futebol brasileiro deveria, portanto, disponibilizar passagens e hospedagens para todos os clubes, que só teriam de arcar com salários e outros custos, o que já não é pouco, mas se faz justo. Até quando os clubes da Série D do futebol brasileiro – e também da Série C, em igual situação – vão ter de arriscar todo um orçamento para perder a viagem em competições deficitárias e depois fechar as portas no ano seguinte? Os torcedores destes clubes e em geral não merecem mais este desrespeito!
Texto: Matheus Laboissière (Plano Tático) – Foto: Divulgação
Programa Intervalo no esporte (12:00 as 13:00 hrs) – Radio Cidade FM – WWW.cidade104fm.com.br
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