quarta-feira, 31 de março de 2021

Saiba como a física explica 'aparição' de Nossa Senhora de Fátima em capela

By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: G1 Imagem: G1
Fotos e vídeos que, segundo os moradores de Cristina (MG), mostrariam a imagem de Nossa Senhora de Fátima no telhado de uma capela da cidade, viralizaram pelas redes sociais nesta semana. Após mostrar o relato de fiéis que observaram o fenômeno da perspectiva da fé, o G1 conversou agora com especialistas que trouxeram suas explicações para imagem pelo olhar da ciência.
O astrofísico e coordenador do curso de física da Universidade Federal de Itajubá, o professor Gabriel Hickel, explicou que, para ele, a aparição é um caso de "pareidolia".
"Esta é uma palavra complicada para um fenômeno psicológico que ocorre com todas as pessoas. É a percepção de rostos, figuras e objetos do nosso cotidiano em nuvens, rochas, madeiras, líquidos e paisagens", explicou. 
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Segundo o astrofísico, a pareidolia é amplificada em momentos de estresse, como a pandemia de Covid-19 e a crise econômica.
"Exemplos de pandemia são fáceis. Quem não se lembra do rosto de Jesus em Marte? A pareidolia religiosa ocorre com frequência, uma vez que os fieis estão sempre à espera de um sinal divino. Imagens de Nossa Senhora são vistas com frequência, quase sempre associada à regiões onde o Cristianismo tem forte influência", explicou.
O professor explicou o que poderia ter acontecido no caso específico da capela de Cristina. 
"No caso de Cristina, é fácil ver que a imagem de Nossa Senhora é na verdade formada pela corneta do sistema de som, a calha do telhado e parte do campanário iluminado. Assim, podemos concluir que trata-se apenas da imaginação fértil das crianças", afirmou.  
Ilusão de ótica
O G1 conversou também com o professor do curso de física da Universidade Federal de Alfenas, Aníbal Thiago Bezerra. Ele afirmou que só seria possível fazer uma análise mais completa se estivesse no local para verificar pessoalmente. Mas ponderou, com base nas imagens a que ele teve acesso, que a suposta aparição pode ter sido causada por uma ilusão de ótica.
“De modo bastante direto, pelas imagens que vi, eu não acho que se trate de uma aparição. Num primeiro momento foi inclusive difícil de entender o que seria a suposta imagem. No entanto, gostaria de enfatizar os termos que usei nas frases anterior: 'acho' e 'imagens que vi'. Neste sentido temos as ilusões de ótica. Dependendo das condições com as quais a luz chega aos nossos olhos, sua relação com o 'restante da cena', podemos inferir objetos, cores, que não estariam ali. Nosso cérebro pode nos enganar e isso ocorre com muito mais frequência do que imaginamos. Assim, associada à reflexão da luz nas paredes da igreja e nos objetos ao redor temos a percepção das pessoas que viram a imagem da Santa. ”, explicou. 
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Entretanto, o professor ressaltou que mesmo observando as imagens dos vídeos e fotos, não é possível fazer uma afirmação concreta e muito menos negar o que as pessoas acreditam ter visto.
“A ciência nos últimos tempos tem sido muito atacada, as pessoas cada vez mais tem suas opiniões e conclusões próprias e, qualquer coisa que vá contra isso é motivo para 'revolta'. A ciência é feita com base em fatos e evidências. Eu não consigo obter fatos com as evidências que tenho que são fotos com baixa resolução, falta de diferentes perspectivas. Neste sentido, eu estaria contestando um ‘achismo’ com outro ‘achismo’. A diferença é que minha posição de professor de Física de uma Universidade Federal poderia servir como "argumento de mérito". Convenhamos que já temos vários desses argumentos rolando por ai.
Na perspectiva destas pessoas eles viram a santa e, segundo a fé delas, isto é verdade. Não posso dar um parecer contrário, não seria científico. Nunca estive em Cristina, tampouco na igreja; não vi fotos em outras perspectivas tanto durante o dia quanto à noite. Seria leviano da minha parte afirmar qualquer coisa, além de minhas convicções pessoais”, ressaltou.
Sem intervenções no local
Segundo o pároco, a capela passou por uma reforma há vários anos e desde então nenhuma intervenção foi feita no local. 
“A capela passou por uma reforma em 2014. Esta iluminação está no local desde então. Nós não mexemos na capela desde a última reforma. Não mudamos nada, inclusive a corneta e as lâmpadas”, afirmou o padre Antônio Carlos.  
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Para o padre, mesmo com a possibilidade de ser um efeito ótico, o fato de só ter sido percebido agora também é bem curioso. 
“Esta corneta sempre esteve aqui. Por que só agora esta imagem veio aparecer? O que eu guardo no coração é que aprendamos com esta mensagem. Neste momento é preciso que nós rezemos em casa em família, ainda mais durante esta pandemia”, finalizou.

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