By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: JORNAL CENTRO SUL – Imagem: Jornal Centro Sul
Quando as aulas na rede estadual de ensino do Paraná retornarem em
sistema híbrido, além do novo modelo – que terá aulas presencias e
remotas –, outra novidade será o começo das atividades dos colégios
cívico-militares. Os municípios da região terão 7 colégios
cívico-militares, mas as pessoas ainda se perguntam como será o
funcionamento desses estabelecimentos de ensino.
Para entender o que muda nessas escolas de Irati, Inácio Martins,
Imbituva, Prudentópolis, Mallet, Rio Azul e Rebouças e como está a organização da
volta às aulas, a equipe do Hoje Centro Sul acompanhou os últimos
preparativos no Colégio Estadual João de Mattos Pessoa, que é um dos
dois colégios cívico-militares de Irati e fez reuniões com os pais para
esclarecer dúvidas.
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O Colégio João de Mattos tem 360 alunos matriculados, dos quais 176
deverão frequentar as salas de aula em sistema híbrido – quando for
possível –, de acordo com a nova diretora do colégio cívico-militar,
Marisa Retzlff Milleo. Os demais estudantes não tiveram a autorização
dos pais para estarem presencialmente na escola e continuarão apenas em
casa, assistindo as aulas de forma remota, como no ano passado.
Marisa relata que alguns pais estavam ansiosos para o retorno dos
filhos às aulas presencias e outros ainda não se sentem seguros em
enviá-los para a escola, devido à pandemia de Covid-19. “Eles tinham
essa opção de querer mandar o filho ou não, e precisavam assinar o termo
de compromisso. Então nós só vamos aceitar o aluno, no colégio, que os
pais tenham assinado esse termo de compromisso”, explica a diretora.
Reuniões foram organizadas com os pais nos últimos dias para explicar
as medidas de segurança que já foram tomadas para evitar a contaminação
pelo coronavírus e o que deve ser parte da rotina dos alunos, como uso
de máscaras e evitar contato com os colegas.
Juliana Aparecida de Almeida é mãe de Lilian de Almeida, de 11 anos, e
participou da reunião no Colégio João de Mattos. Ela disse que está
tranquila com a volta da filha à sala de aula. Eliton Silvio Lopes
também esteve na reunião e opina que o retorno será bom para a filha
Emili Lopes. “É mais fácil para ela aprender na escola, em casa é
difícil”, disse.
Já a mãe de Cauã e Josiel Henrique Fernandes Cordeiro ainda está em
dúvida se os filhos frequentarão a escola no sistema híbrido ou
assistirão as aulas em casa nos próximos meses. “Até o dia 08 eu estava
decida a não mandar para o colégio, pois são muitas dúvidas. Então
pensei, vamos lá, vamos conversar para saber como vai ser, porque a
gente se preocupa”, disse Cassiane Josieli Fernandes. Ela elogia a forma
como o colégio está se preparando para o retorno as aulas, mas ainda
não sabe que decisão irá tomar.
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Nas salas de aula do Colégio João de Mattos as carteiras foram
dispostas com um espaçamento de um metro e meio, o que faz com que cada
sala comporte entre 10 e 12 alunos, segundo a diretora. Também houve
escalonamento dos horários de entrada e saída por turma. “Na entrada,
vai ser aferida a temperatura de cada aluno, vai ser passado álcool gel
neles e a escola já está quase toda montada, demarcada, para receber os
alunos. Então, com todos esses cuidados, nós estamos seguindo as
orientações da SESA [Secretaria de Estado da Saúde]”, relata Marisa.
No intervalo, haverá outras restrições. Por turmas, os alunos serão
liberados e terão que pegar o lanche, sentar em uma carteira que estará
na área externa da escola para comer e, logo depois, retornar para as
salas de aula. “Então não vai ter mais aquele contato que eles tinham na
hora do recreio, de brincar, jogar bola, ficar conversando”, explica a
diretora.
Também foram interditados bebedouros, demarcados espaços para que
seja mantido o distanciamento em bancos no pátio da escola, instalados
tubos de álcool em gel na parede, nas entradas das salas, dentre outras
medidas, conforme o protocolo de segurança da SESA.
Mudanças
Em relação às escolas regulares, a principal diferença dos colégios
cívico-militares é a ampliação da matriz curricular, que passará de 800
horas-aula por ano letivo para 1.000 horas-aula por ano letivo, ou seja,
o aluno terá uma aula diária a mais. Além disso, os alunos das escolas
cívico-militares contarão com aulas semanais de outras disciplinas que
não constam nas demais instituições e terão um manual de conduta, com
normas disciplinares a seguir.
O chefe do Núcleo Regional de Educação (NRE) de Irati, Marcelo
Fabricio Chociai Komar, relata que a aceitação desses colégios foi muito
boa nos municípios da região Centro Sul. “Para os colégios militares
houve uma procura muito grande pela comunidade, a comunidade queria
mesmo essa mudança. Claro que eu respeito muito os colégios regulares.
Tudo é uma construção, nós temos que trabalhar sempre juntos, sempre com
harmonia”, defende.
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De acordo com o chefe do NRE, há mais de quatro mil alunos
matriculados nos sete colégios cívico-militares da região – Colégio
Estadual Parigot de Souza, em Inácio Martins; Colégios Duque de Caxias e
João de Mattos Pessoa, em Irati; Colégio Estadual Nicolau Copérnico, em
Mallet; Colégio Estadual Barão de Capanema, em Prudentópolis; Colégio
Estadual Professora Maria Ignácia, em Rebouças; e Colégio Estadual
Afonso de Camargo, em Rio Azul. Komar destaca que o maior colégio é o
Barão de Capanema, com 1.027 alunos e em segundo lugar o Parigot de
Souza e que os demais colégios têm em média 400 alunos.
Para gerir os colégios cívico-militares houve um processo seletivo
para escolha dos diretores civis. “Foi feito, no ano passado, todo um
trabalho de credenciamento dos diretores. Foram credenciados pelo Núcleo
e não somente pelo Núcleo como validados pela Secretaria de Estado da
Educação (Seed) em novas entrevistas”, conta o chefe do NRE.
Marisa Retzlff Milleo, que foi selecionada para a direção do Colégio
João de Mattos Pessoa, detalha que o processo seletivo incluiu a
elaboração de um Plano de Gestão para a Escola, um vídeo, análise do
currículo e entrevistas por uma banca do NRE e, depois, por uma banca da
Seed.
Já os diretores militares (da reserva), que atuarão em conjunto com
os diretores civis, têm que ter, no mínimo, a patente de 3° Sargento e
podem ser até Coronéis. Os processos para a designação destes
profissionais às escolas estão sendo feitos pela Secretaria de Estado de
Segurança Pública do Paraná e independem dos núcleos regionais de
educação.
“Estamos aguardando ainda a vinda dos militares, teremos um diretor
militar que vai trabalhar junto comigo e dois monitores”, afirma a
diretora do Colégio João de Mattos. Segundo ela, a expectativa é de que a
partir do mês de maio estes profissionais já possam estar atuando na
escola.
Além do apoio dos militares, também houve mudanças pedagógicas. Serão
seis aulas diárias, e não cinco como nas demais escolas, além de novas
disciplinas. “Mudou o currículo também. Então para o ensino médio nós
temos duas disciplinas a mais, educação financeira e cidadania e
civismo; para o ensino fundamental, cidadania e civismo, que foi
incluída mais esta disciplina na grade”, conta Marisa.
Outra diferença é em relação ao padrão de conduta exigido. “A questão
das normas mudou, tem mais normas que os alunos terão que seguir, já
veio esse manual que nós ainda não disponibilizamos para os pais, mas
que na sequencia a gente vai disponibilizar, à medida que os alunos
venham”, relata a diretora. Segundo ela, este manual será trabalhado na
disciplina de cidadania e civismo com os alunos.
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De acordo com Marisa, uma das principais dúvidas dos pais foi quanto
aos uniformes. Ela explica que cada aluno receberá três conjuntos
diferentes de uniforme, que deverão chegar no mês de maio.
“Então o aluno irá receber três uniformes do Governo do Estado: um
uniforme padrão para ele usar no dia a dia, um uniforme para ele usar na
educação física e a farda para os eventos e cerimônias”, relata a
diretora do Colégio João de Mattos.
Transporte
No transporte escolar, segundo o chefe do NRE, haverá “a segurança
necessária e suficiente para os nossos estudantes”. Segundo ele, será
feito um escalonamento do uso dos ônibus para que seja mantido o
distanciamento.
Marcelo Komar agradece a parceria com os prefeitos para o transporte
escolar e conta que o presidente da Associação dos Municípios do Centro
Sul do Paraná (Amcespar), Júnior Benato, está participando das
discussões com a Fundepar para o custeio do transporte.
46% dos alunos participarão do ensino híbrido
De acordo com o chefe do Núcleo Regional de Educação (NRE) de Irati,
Marcelo Komar, nos nove municípios que fazem parte do NRE cerca de 46%
dos pais optaram por enviar os filhos para as escolas (regulares ou
cívico-militares) para participar do sistema híbrido. A pesquisa com os
pais foi feita antes do decreto estadual que paralisou as atividades não
essenciais em todo o estado entre os dias 27 de fevereiro e 8 de
março. Pode haver alterações.
Os outros 54% dos pais optaram que os filhos permaneçam em casa, tendo aulas online, como no ano passado.
Devido ao decreto, atualmente todos os estudantes da rede estadual de ensino estão tendo aulas remotas.
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