By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: PARANA PORTAL – Imagem: Alan Santos (PR)
A Câmara dos Deputados derrubou nesta quarta-feira (4) o veto do
presidente Jair Bolsonaro (sem partido) à prorrogação da desoneração da
folha de pagamento para 17 setores da economia. A decisão ainda precisa
ser confirmada pelo Senado, em votação prevista para esta tarde.
O veto foi derrubado por 430 votos – eram necessários ao menos 257
votos, ou maioria absoluta dos deputados. Foram 33 votos a favor da
manutenção.
Agora a derrubada precisa ser confirmada por pelo menos 41 senadores. Se isso não ocorrer, o veto é mantido.
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Na sessão da Câmara, o líder do PSL no Senado, Major Olimpio (SP),
defendeu a derrubada do veto. “A desoneração da folha é mais que uma
necessidade. Vai se manter a dignidade, emprego para 6,5 milhões de
trabalhadores nas áreas que mais empregam no nosso país”, disse.
“A desoneração não é um problema, é uma solução. E uma solução que
foi tratada e votada aqui na Câmara e que o Senado só confirmou.”
Líder do governo no Congresso, o senador Eduardo Gomes (MDB-TO)
afirmou que o próprio governo viu a necessidade de derrubar o veto.
Ele afirmou que, no bojo do acordo da desoneração, vem a manutenção
de vetos importantes, entre eles um à ampliação do BPC (benefício
assistencial para idosos e deficientes pobres).
“É uma medida necessária mas não é uma medida fácil, porque o governo
entende que, legalmente, está abrindo mão de receita sem apontar fonte
segura. E todos sabem a situação fiscal do país”, afirmou.
Na terça-feira, o próprio governo já havia admitido que não tinha
votos para manter o veto e informou que recomendaria a derrubada.
O acordo para a derrubada dos vetos foi fechado em reunião virtual
entre os líderes do Congresso, convocada e conduzida por Gomes.
A desoneração da folha, adotada no governo petista, permite que
empresas possam contribuir com um percentual que varia de 1% a 4,5%
sobre o faturamento bruto, em vez de 20% sobre a remuneração dos
funcionários para a Previdência Social (contribuição patronal).
A medida representa uma diminuição no custo de contratação de mão de
obra.
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Atualmente a medida beneficia companhias de call center, o ramo da
informática, desenvolvimento de sistemas, processamento de dados e
criação de jogos eletrônicos, além de empresas de comunicação,
companhias que atuam no transporte rodoviário coletivo de passageiros e
empresas de construção civil.
O incentivo tributário, porém, está previsto para terminar em 31 de
dezembro de 2020. Empresários desses setores, que reúnem cerca de 6
milhões empregos diretos, dizem que não suportariam esse aumento de
custo. Segundo eles, 1 milhão de pessoas poderiam perder os empregos com
o fim da desoneração.
Por ampla maioria, o Congresso aprovou, em junho, um projeto que adia
o fim da medida para dezembro de 2021. Bolsonaro, porém, vetou a
decisão dos deputados e senadores. O governo conseguiu adiar essa
discussão desde o começo do segundo semestre.
A votação era dúbia por causa de um embate envolvendo a sucessão à liderança da Câmara dos Deputados.
Na Casa, há uma disputa de poder envolvendo o líder do centrão, Arthur
Lira (PP-AL), e o presidente da Casa, o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ).
As votações na Câmara estão travadas há semanas.
O atraso na decisão sobre o veto, porém, começou antes da briga na
Câmara. Ainda em julho, o Ministério da Economia prometeu apresentar uma
medida que atenderia um desejo do titular da pasta, Paulo Guedes: uma
ampla desoneração da folha (não apenas para alguns setores) e, em troca,
um novo imposto seria criado para bancar a redução nos encargos
trabalhistas.
Líderes do governo no Congresso então atuaram para que a votação do
veto aguardasse o movimento de Guedes. Entretanto, até hoje, a equipe
econômica não apresentou uma solução.
Interlocutores de Bolsonaro passaram então a admitir a derrota. Se
derrubarem o veto, os congressistas terão de ajustar as contas do
próximo ano.
O projeto de Orçamento de 2021 já prevê um gasto de R$ 3,7 bilhões
com a desoneração da folha de pagamento desses setores. Isso acontece
porque, mesmo com o fim previsto para dezembro de 2020, a medida gera
efeito nos encargos a serem pagos nos quatro primeiros meses do próximo
ano.
Assim, o custo adicional da prorrogação do incentivo fiscal seria de R$ 4,9 bilhões no Orçamento de 2021.
Sem o corte proporcional de despesas, o governo estouraria o teto de
gastos. Com isso, haveria descumprimento da regra prevista na
Constituição, que limita o aumento das despesas à inflação do ano
anterior.
Interlocutores do Palácio do Planalto tentaram usar essa discussão
para acelerar a votação da PEC (Proposta de Emenda à Constituição)
Emergencial, que autoriza o acionamento de medidas temporárias, como
corte de salário e jornada de servidores, em momentos de crise nas
contas públicas.
A ideia era incluir na PEC Emergencial um artigo que deixaria claro
que a desoneração da folha poderia, sim, vigorar por mais um ano.
Auxiliares de Guedes defendiam que ampliar os benefícios tributários,
com a derrubada do veto, seria uma medida inconstitucional.
O argumento é que, desde novembro do ano passado, quando entrou em
vigor a reforma da Previdência, fica proibido conceder novos descontos
que reduzem a arrecadação do fundo que banca as aposentadorias do setor
privado.
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O governo, então, abriria mão da disputa sobre a desoneração e, em
troca, aceleraria a votação da PEC Emergencial, após as eleições
municipais de novembro.
Nesta quarta, dentro do mesmo veto, os deputados retomaram
dispositivos sobre novas regras para participação nos lucros. Se a
empresa decidir pagar a participação em parcela única, o acordo deve ser
fechado até 90 dias antes.
Também derrubaram o veto que invalidava pagamentos de PLR que
ocorressem mais de duas vezes no mesmo ano ou em periodicidade inferior a
um trimestre. Isso acontece para que o valor não configure salário.
Os deputados também rejeitaram outro veto de Bolsonaro a outro
projeto. O dispositivo retomado suspendia por 120 dias a obrigatoriedade
do cumprimento das metas e dos requisitos quantitativos e qualitativos
pactuados pelos entes federativos com a União no âmbito do SUAS (Sistema
Único de Assistência Social). A derrubada também precisa ser confirmada
pelos senadores.
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