quarta-feira, 7 de outubro de 2020

Sem internet, pai percorre 28 km de bicicleta de um estado a outro toda semana para buscar tarefas dos filhos: 'Desistir não é opção'

By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: G1/PR Imagem: Divulgação
O caminho para alcançar um objetivo é diferente de uma pessoa para outra. Em cima de uma bicicleta, o roçador Edemilson Wielgosz, de 47 anos, sabe que o trajeto é desgastante, mas não impossível.
Ele garante que os três filhos adolescentes não parem de estudar, mesmo sem computador, internet e morando distante do colégio. A família vive em um sítio às margens da BR-376, em Guaratuba, no litoral do Paraná.
Edemilson pedala até Garuva (SC), município vizinho, todas as terças-feiras para buscar materiais e tarefas para que eles estudem em casa, durante a pandemia do novo coronavírus. O trajeto de ida e volta soma 28 km. 
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"Estou lutando para dar dignidade a eles. Falta muita coisa e o que temos é simples, mas nunca faltou carinho e empenho. Já passamos por muitas dificuldades, ainda dói, mas desistir não é uma opção. Nunca foi", disse o pai.
O roçador estudou até a 4ª série e vê, nos filhos, a chance de não deixar se repetir o passado que teve.
'Feio é não tentar'
Morando em uma casa de madeira à beira da estrada, a família raramente consegue sinal de telefonia. Com isso, Edemilson aproveita para fazer ligações, quando precisa, no trabalho, e os filhos se arriscam caminhando pela rodovia até encontrarem algum sinal para o celular.
"Nasci e me criei aqui, mas é ruralzão, né? É gostoso o nosso lugarzinho, sossegado, tem um rio perto, mas tem esses problemas. Eles se arriscam pela estrada até algum restaurante ou estabelecimento para conseguir sinal", explicou o pai. 
Conforme o pai, algumas vezes, quando a tarefa exige algum tipo de pesquisa, um dos filhos vai até a região que tem sinal de telefonia, faz capturas de tela do celular com o conteúdo e volta para terminar em casa.
Persistência
De acordo com Edemilson, há nove anos ele enfrenta o desafio de cuidar e educar os filhos sozinho.
"A mãe deles foi embora do nada. Faz nove anos que eu cuido deles sozinho. 
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Quando eles eram menores, eu sempre preparava a comida e lavava as roupas a noite, depois do trabalho. Agora com eles mais velhos, fica um pouco mais fácil administrar serviço e casa", contou.
O pai trabalha há 18 anos em uma pousada mas, devido à pandemia, o local não paga o salário há mais de três meses, segundo ele. 
"Lá eu faço de tudo, roçada, limpeza, serviço de jardinagem. Eu ganho um 'salarinho' que não dá muita coisa. Só que agora faliu, eles não têm mais dinheiro para pagar a gente. Eu estou aguentando até encontrar outro serviço. Está bem complicado. Me preocupo", comentou.
A família Wielgosz sobrevive com ajuda de cestas básicas e doações. 

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