quinta-feira, 28 de março de 2019

Como professora brasileira entre 10 melhores do mundo quer revolucionar escola pública


By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: G1 Imagem: Divulgação

Quando criança, Débora Garofalo pediu à mãe uma pequena lousa com giz de presente. Com o brinquedo sempre em mãos, passou a dar aulas aos coleguinhas com dificuldade de aprendizado na escola. Hoje, aos 39 anos, a brasileira que, por opção, sempre lecionou em escolas públicas, está entre os 10 melhores professores do mundo.
Garofalo é finalista do Global Teacher Prize 2019, o prêmio internacional mais prestigiado da área da educação. O ganhador será anunciado no dia 24 de março. Ela concorre com professores da Grã-Bretanha, Holanda, Índia, Austrália, Geórgia, Índia, Japão, Argentina, Quênia e EUA.
No dia a dia como professora de tecnologias da escola EMEF Almirante Ary Parreiras, na capital paulista, Garofalo agrega à lousa outros instrumentos para ensinar. 
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Pelas mãos dela e de seus alunos, que têm entre 6 e 14 anos, o lixo jogado nas ruas das favelas de São Paulo se transforma em soluções para problemas da comunidade. Garrafas pet, vidro, restos de fiação viram filtro de água, semáforo, máquina de sorvete, e até tecnologia de energia renovável para substituir o gato elétrico em casas da favela.
"Coletamos lixo das ruas das comunidades próximas à escola e fizemos um primeiro carrinho movido a balão de ar. Esse carrinho virou febre e, no dia seguinte, tinha criança do lado de fora me esperando com materiais recicláveis querendo fazer o carrinho", disse Garofalo à BBC News Brasil.
Assim nasceu o projeto "Robótica com Sucata" - que virou referência no Brasil e ganhou a atenção do mundo. 
Em quatro anos, mais de 700 kg de lixo foram retirados das ruas pelos estudantes; o resultado da EMEF Almirante Ary Parreiras no Índice de Desenvolvimento de Educação Básica (Ideb), que mede a qualidade do ensino, subiu de 4.2 para 5.2; e alguns alunos de Garofalo já decidiram que querem ser físicos, engenheiros ou programadores. 
"Um dos meus primeiros alunos passou agora em física na USP. É um orgulho enorme", conta a professora, que é formada em Letras e Pedagogia.
Garofalo diz que, se ganhar o prêmio de US$ 1 milhão daquele é considerado o "Nobel da educação", vai reverter todo o dinheiro na construção de laboratórios de robótica em escolas públicas do país. "E, se eu não ganhar, já fica a lição de que é possível fazer grandes coisas com poucos recursos e que precisamos aprender a inovar", afirma.
Em entrevista à BBC News Brasil, ela defende que, para gerar entre os jovens interesse em estudar, as escolas precisam "reinventar" a forma como o conteúdo é repassado. Segundo a professora, as novas gerações não aprendem da mesma maneira que as anteriores, de olho no quadro negro.
"A escola precisa ser atrativa e dar sentido prático ao que é ensinado. 
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E os professores devem envolver as crianças na resolução de problemas, torná-las protagonistas do aprendizado. O meu papel é, junto com eles, errar, testar, fazer com que cheguem às conclusões e criem, sem simplesmente entregar a eles as respostas." 
Crítica do projeto Escola sem Partido, Garofalo defende que a solução para melhorar a qualidade da educação básica no Brasil "não passa por gastar dinheiro público fiscalizando professor em sala de aula".
"Eu acho essa discussão totalmente infundada. Sou professora há 14 anos e nunca vivenciei isso (doutrinamento). Meu papel é fazer com que meus alunos sejam críticos e reflitam sobre diversos assuntos, sem emitir minha opinião pessoal, mas debatendo diversas vozes e opiniões." 

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