By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: BANDA B – Imagem: Divulgação
A designer Camila Muffo, de 39
anos, sempre teve hábitos saudáveis e eles aumentaram depois de sua primeira
gravidez. “Nunca bebi nem fumei. Quando a minha primeira filha nasceu, comecei
a me alimentar melhor.” A designer conta que já percebe o impacto da vida
saudável nos hábitos da filha mais velha, Alice, de 7 anos. “Ela se acostumou a
comer coisas diferentes. Na minha casa não tem refrigerante, nem ‘junk food’.”
As conclusões de um novo estudo
feito por cientistas da Universidade Harvard (EUA) sugerem que a obesidade não
deverá ser um problema para os filhos de Camila. Segundo a pesquisa, as
crianças têm uma chance 75% menor de se tornarem obesas na infância ou na
adolescência quando as mães, durante esse período, mantêm um conjunto de cinco
hábitos: ter uma dieta saudável, manter o peso sob controle, fazer exercícios
regularmente, consumir álcool com moderação e não fumar.
Publicado nesta quarta-feira, 4, na
revista científica The BMJ, o estudo mostra que cada um dos bons hábitos da mãe
reduz os riscos de obesidade dos filhos – e a maior queda acontece quando a mãe
adota todos os cinco.
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“Nosso estudo foi o primeiro a demonstrar que para reduzir
o risco de obesidade nas crianças um estilo de vida integralmente saudável das
mães é mais importante que ter algum desses hábitos saudáveis de forma
isolada”, disse o autor principal do estudo, Qi Sun, do Departamento de
Nutrição da Universidade Harvard.
Para estudar a associação entre o
estilo de vida das mães e o risco de obesidade entre os filhos, os cientistas
analisaram dados de dois grandes estudos nacionais que acompanharam, ao longo
de 5 anos, cerca de 17 mil mulheres e seus mais de 24 mil filhos – crianças e
adolescentes com idade entre 9 e 18 anos – nos Estados Unidos.
De acordo com Sun, identificar os
fatores de risco para a prevenção da obesidade infantil se tornou uma
prioridade de saúde pública nos Estados Unidos. Lá, um em cada cinco crianças e
adolescentes de 6 a 19 anos de idade é obeso. “O problema é grave, já que a
obesidade infantil está associada ao aumento dos riscos de vários distúrbios,
incluindo diabete, doenças cardiovasculares e morte prematura na idade adulta”,
afirmou.
Segundo ele, os resultados destacam
os potenciais benefícios de intervenções baseadas nos pais para reduzir os
riscos de obesidade infantil. “Precisaremos agora fazer novas pesquisas para
examinar o papel do pai no desenvolvimento da obesidade de seus filhos”, disse.
De acordo com o estudo americano,
1.282 crianças e adolescentes – 5,3% das que foram avaliadas – desenvolveram
obesidade durante o acompanhamento. O excesso de peso da mãe e o tabagismo,
afirmam os pesquisadores, foram os fatores que influenciaram mais fortemente a
obesidade das crianças.
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Aquelas cujas mães mantiveram um
peso saudável tiveram risco de obesidade 56% menor em comparação às crianças
com mães que estavam acima do peso ou eram obesas. Entre os filhos de mulheres
que não fumavam, o risco de obesidade foi 31% menor, em comparação aos filhos
de fumantes.
Brasil
A preocupação com a obesidade
infantil no País é a mesma – e a solução também é fazer com que os pais mudem
seus hábitos, segundo Denise Lellis, pediatra da Liga de Obesidade Infantil do
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
(FMUSP). “Não há mais dúvidas de que os fatores ligados ao estilo de vida são
centrais nessa epidemia de obesidade e é bastante evidente que os hábitos dos
pais vão se refletir nas crianças”, disse.
Para ela, a conclusão de que os
bons hábitos da mãe reduzem substancialmente a chance de obesidade nos filhos é
coerente com tudo o que se vê na clínica e na literatura médica. “Isso faz
sentido em todos os aspectos, porque a criança está aprendendo com os pais. Se
conseguirem melhorar seu estilo de vida, isso vai se refletir na saúde
infantil. Por isso acreditamos que incentivar mudanças no estilo de vida é o
futuro para prevenir doenças crônicas.”
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Segundo Denise, que participou há
duas semanas, em Harvard, de um congresso que discutiu como médicos podem
ajudar a mudar os hábitos da população, há um consenso de que a obesidade e as
doenças crônicas estão mais associadas a um estilo de vida ruim do que à
genética. “Nós sabemos hoje que a maior parte desses problemas vêm do estilo de
vida – e isso é muito importante para os pediatras, porque os hábitos são
adquiridos na infância”, explicou ela.
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