By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: UOL – Imagem: Divulgação
O PSB
protocolou nesta quarta-feira (9) no Conselho de Ética da Câmara uma
representação contra o deputado federal Wladimir Costa (SD-PA) por assédio
dirigido à jornalista Basília Rodrigues, da rádio "CBN".A
pós
jantar na casa do vice-presidente da Câmara, Fábio Ramalho (PMDB-MG), no dia 1º
de agosto, Costa foi questionado por Basília sobre a veracidade da polêmica
tatuagem do nome do presidente Michel Temer (PMDB) no ombro e pediu que a
mostrasse.
Isso
porque, segundo tatuadores profissionais, o desenho seria de henna, ao
contrário do que afirma o deputado. Ao responder à repórter, Costa declarou
"Para você, só se for o corpo inteiro".
Segundo
Basília, ela então pediu que o deputado tivesse mais respeito pelo fato de ela
ser repórter e mulher. Ao questioná-lo novamente sobre a tatuagem, Costa
continuou afirmando "eu tenho várias tatuagens no corpo inteiro,
amor".
Diante
de nova pergunta de Basília, o deputado se afastou, levantou o dedo rindo e
falou só mexendo os lábios "não". Quando a repórter disse "então
é porque é de henna", Costa concordou com a cabeça e saiu rindo.
Costa
declarou hoje estar pronto para se defender no Conselho de Ética, no qual
passou 10 anos da sua atividade parlamentar.
"Em
momento algum eu feri o decoro parlamentar ao me reportar à jornalista quando
esta, por diversas vezes, me abordou para eu tirar a roupa e mostrar a
tatuagem. Apenas falei a frase: 'para você, eu mostro tudo'. Porque eu não
tenho uma tatuagem, tenho várias, sou entusiasta. E sei que não cometi qualquer
tipo de crime ou desvio de decoro", declarou.
"Eu
não falei 'eu vou ficar despido, nu ou quero transar com você' em momento
algum. Se alguém tem que ser acusado de assédio é a jornalista, porque foi ela
que pediu que eu tirasse a roupa. Porque para eu mostrar a tatuagem, eu tenho
que tirar a roupa também. Eu poderia denunciá-la por assédio também",
completou.
Em
nota, o Solidariedade disse que "vai ouvir o deputado para conhecer
formalmente a posição dele sobre os relatos divulgados pela mídia e reforçar a
determinação de respeito e seriedade com as mulheres, que sempre nortearam a
atuação do nosso partido".
Costa,
porém, disse ainda não ter sido convocado pelo partido, mas disse que está à
disposição para prestar qualquer esclarecimento.
O
deputado Júlio Delgado (PSB-MG), um dos três parlamentares que entregaram o
documento no Conselho de Ética afirmou que é preciso respeitar o posicionamento
político de cada um, mas "quando entra o cometimento de crimes,
principalmente com profissionais que cobrem o nosso trabalho no dia a dia, é
uma coisa que fere a ética e o decoro parlamentar".
"Nós
pedimos que sejam feitas as apurações necessárias, e o relator designado é que
vai chegar, dada a admissibilidade [da representação], à conclusão da
necessidade da sanção que vai ser imposta ao deputado, se vai ser uma
advertência, uma suspensão, até a perda do mandato", explicou.
Segundo
Delgado, muitos deputados se disponibilizaram a assinar uma representação na
Corregedoria da Câmara, mas a tramitação seria mais rápida se fosse subscrita
por um partido político, no caso, o PSB. Entre os apoiadores da ação na Câmara
estavam os deputados Chico Alencar (PSOL-RJ) e Janete Capiberibe (PSB-AP), que
o acompanharam nesta quarta.
Sobre
a atuação de Delgado para viabilizar a representação, Costa disse que se
tratava de uma "questão literalmente pessoal". "Eu já tive
discussões ásperas com ele na CCJ [Comissão de Constituição e Justiça] e também
no Conselho de Ética, inclusive me dirigindo de forma enfática por conta de
alguns comportamentos dele", afirmou.Com o documento protocolado, a
representação seguirá para a Mesa Diretora da Câmara para ser numerada e
voltará para o Conselho. Dentro de três sessões ordinárias, o órgão deverá
fazer a reunião para abrir o prazo de defesa de Costa."
O
deputado cometeu um ato de assédio sexual, comprovado na representação, contra
a profissional da imprensa. Foi um fato grave, que tem que ser apurado",
declarou Delgado.
"Além
disso, depois, nas suas redes [sociais], ele comete outro fato contra um
jornalista, de uma outra emissora de TV, dando caracterização de cunho, além de
homofóbico, bastante depreciativo. Isso não condiz com a conduta
parlamentar", completou o deputado, que informou que irá anexar o novo
caso na representação ainda nesta quarta-feira.
Ele
se refere ao episódio noticiado pelo jornal "Folha de S.Paulo" nesta
terça-feira (8), segundo o qual Costa compartilhou, via WhatsApp, imagem de
caráter homofóbico, cujo alvo é o jornalista Ricardo Boechat, apresentador do
grupo Bandeirantes.
Mais polêmica
Durante
a votação da denúncia contra Temer, Costa também foi flagrado pelo fotógrafo
Lula Marques pedindo fotos íntimas para uma mulher.
Ao
UOL, ele negou o ato, disse que conversava com uma jornalista e não houve
"desrespeito" em nenhuma de suas ações.
No
fim de semana, em seu perfil no Facebook, Costa escreveu uma postagem
desmerecendo a carreira profissional de Basília e dizendo que ela "foge
totalmente dos padrões estéticos que, supostamente despertaria algum tipo de
desejo em alguém".
"Pelo menos dos meus fogem 1000% e também creio
que fogem dos interesses padrões que outros homens, possam sentir por uma
mulher. Digamos que apenas a cor negra de sua pele e o cabelo cacheado, é o que
ela verdadeiramente tem de beleza em seu corpo", escreveu o deputado.
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