By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: G1 – Imagem: Wander Roberto
Só deu Brasil no início do primeiro dia do atletismo nas Paralimpíadas
de Tóquio. Até agora, os únicos dois ouros da modalidade são
brasileiros. Depois da conquista de Yeltsin Jacques nos 5000m T11, foi a
vez de Silvânia Costa se tornar bicampeã paralímpica do salto em
distância T11, para cegos. E mais uma vez foi com emoção. Na Rio 2016,
Silvânia garantiu a medalha no sexto e último salto. Na noite desta
quinta-feira (26/8), manhã em Tóquio, ela foi um pouco mais boazinha com
o coração dos torcedores e conquistou o lugar mais alto do pódio no
quinto salto, o penúltimo, ao bater a marca de 5 metros, cravadinhos.
Isso depois de ter queimado as duas primeiras tentativas e ter feito
saltos que não lhe dariam nem o bronze nas duas seguintes. Continua depois da publicidade
Em 2016, Silvânia estava grávida de três meses, sem saber, quando ganhou
sua medalha. Em 2019, foi punida por doping e passou os últimos dois
anos longe de competições. No meio do caminho, ainda teve a pandemia.
Somente nos últimos cinco meses ela pôde retomar o ritmo de treinamento
normal. Em entrevista à SporTV após a medalha, a atleta lembrou cada
percalço enfrentado nos cinco anos entre um ouro e outro.
- Mesmo antes do final da prova eu já estava comemorando o quinto salto.
Nosso trabalho foi realizado com sucesso. Não foi uma prova fácil. Eu
entrei e tive que ir pra cima, com muita garra ali no último salto. Eu
sabia quanto eu tinha batalhado, lutado, tudo que passei para chegar
aqui. Os últimos cinco meses foram muito doloridos. Eu ralei muito para
chegar até aqui. Essa medalha vem com sabor de muita garra e superação -
disse ela, explicando: - Esse ciclo, pra mim... Eu tive duas
interrupções, uma foi a nascimento do meu filho e a outra foi minha
suspensão. Dei a volta por cima de tudo.
A atleta fez questão de agradecer ao seu treinador, Everaldo Braz, e
contou que antes de entrar no estádio olímpico, disse a ele: "A sua voz é
o meu salto".
É a voz do técnico, afinal, que o atleta cego escuta na contagem das
passadas para o salto correto.
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Ele vai enumerando e dando o ritmo, para
que o atleta não queime e possa realizar seu melhor.
- São nove passadas, partindo sempre da perna direita, e na hora que
chega o sétimo salto eu já sei que é a hora de crescer - contou
Silvânia, que pouco depois já estava novamente na pista, para as
eliminatórias dos 400m rasos T11, mas sentiu uma fisgada na coxa e
precisou abandonar a prova.
Silvânia queimou suas duas primeiras tentativas, saltou 4m76 na
terceira e 4m69 na quarta. Após o salto do ouro, de 5 metros, ainda
tentou bater o próprio recorde mundial de 5m46 na última tentativa, mas
ficou em 4m84. Já levantou gritando e pulando, comemorando o
bicampeonato com uma alegria contagiante.
Bronze na Rio 2016, Lorena Spoladore dessa vez bateu na trave e ficou
em quarto, com a marca de 4m77, menos de dez centímetros atrás da
terceira colocada, a ucraniana Yuliia Pavlenko, que saltou 4m86. A prata
ficou com uzbeque Asila Mirzayorova, com 4m91.
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