By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: JORNAL HOJE CENTRO SUL – Imagem: Cibele Bilovus/Hoje Centro Sul
Gostar de observar o céu, querer entender o universo, ter interesse
por aprender. Estes são alguns dos aspectos que unem estudantes do
ensino fundamental e médio, premiados na 24ª Olimpíada Brasileira de
Astronomia e Astronáutica (OBA). A competição é promovida pela Sociedade
Astronômica Brasileira em parceria com a Agência Espacial Brasileira e
teve vários medalhistas de escolas de Irati. “Desde pequena eu sinto uma atração pelo céu, e sempre admirei as
estrelas e a lua”, conta a estudante do 9º ano do ensino fundamental da
Escola Estadual Nossa Senhora das Graças, Maiara Gabriele Camargo
Chula, que ganhou medalha de ouro. Além dela, outros 12 alunos da mesma
escola também são medalhistas. Dentre eles, Davi Eugênio de Oliveira
Borges, do 8º ano, ganhou medalha de prata e teve o irmão mais velho,
Ryan, como inspiração.
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Aluno do 1º ano do ensino médio do Colégio Estadual Antônio Xavier da
Silveira, o adolescente sente-se realizado em buscar conhecimentos. “As
pessoas ficam muito focadas só na escola, acho que é preciso procurar
coisas a mais”, afirma Ryan Demetrius de Oliveira Borges, que obteve
medalha de ouro na Olimpíada de Astronomia e foi único da região
escolhido para participar das seletivas para composição da equipe
brasileira que disputará as Olimpíadas Internacionais de Astronomia.
“Todo ano eles divulgam a nota de corte. Eu já sabia que seria
selecionado pela minha nota, mas não sabia que iria ganhar medalha de
ouro. No dia da premiação eu fiquei vendo o site o dia todo”, relembra o
aluno que teve nota 8,8 na prova deste ano e já havia obtido medalhas
em outras edições da competição.
Além de estudar sobre os astros celestes, Ryan também aproveitou o
tempo ocioso em casa junto com os pais, que a pandemia da Covid-19
proporcionou, para testar a fabricação de um foguete com material
reciclável.
“Já tinha visto sobre foguetes de garrafa pet, mas no primeiro ano de
pandemia estávamos sem fazer nada em casa, e eu, meu pai e minha mãe
começamos a pesquisar e vimos que este foguete não era tão difícil de
fazer. Aí, fizemos e conseguimos alcançar 193 metros de distância”,
conta Ryan. Depois de vários ajustes, a experiência foi tão bem sucedida
que o levou a conquistar outra medalha de ouro, desta vez na 15ª edição
da Mostra Brasileira de Foguetes (MOBFOG) Real e Virtual. O foguete foi
construído com garrafas pet, PVC, cola e a combustão foi gerada por
vinagre e bicarbonato de sódio.
Ao ver o irmão se destacando, Davi resolveu seguir o mesmo caminho.
“Gosto de olimpíadas porque elas me ajudam a pensar. Quero continuar
conquistando medalhas nas olimpíadas, entrar numa boa faculdade”, diz o
aluno da Escola Estadual Nossa Senhora das Graças. Ele já se imagina
astrofísico e sonha em trabalhar na Agência Espacial dos Estados Unidos
(NASA).
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A participação de Olimpíadas motiva os alunos a estudarem mais do que o tempo regular.
“Estudei em torno de 4 horas por dia para me preparar para a
olimpíada. Meus pais sempre me incentivaram”, conta Ryan. Ele ainda
destaca o apoio dos professores, tanto no ensino fundamental, como do
ensino médio para a sua participação e explica que a OBA o motiva. “Eu
me dedico mais para as olimpíadas, porque são diferentes das provas da
escola, me desafiam mais”, contou Ryan.
A diretora do Colégio Estadual Antônio Xavier da Silveira, Maria
Amélia Inglês enfatiza que os jovens estudam além da carga horária
quando determinam metas para alcançar. “Acho muito interessante quando
os jovens trabalham com propostas de eles produzirem o conhecimento,
transformam isto em um desafio que os tornam autodidatas, eles aprendem
sozinhos. O fato de um jovem estudar além da carga horária já é uma
vitória muito grande, sabemos que na pandemia muitos ficaram isolados,
alguns tiveram depressão, foi um prejuízo por causa de não ter convívio
social, mesmo assim, o Ryan achou formas de estudar sozinho para
alcançar um objetivo. Esse projeto do foguete foi inovador porque muitos
já tentaram, ele tinha uma meta a cumprir e conseguiu alcançar mais que
a meta”, afirma Maria Amélia.
Maiara Gabriele, estudante da Escola Estadual Nossa Senhora das
Graças, que obteve a nota 8,2 Olimpíada relata que não há disciplinas
sobre a Astronomia e Astronáutica no currículo escolar. A aluna do 9º
ano conta que assiste vídeos na internet e estuda essa área
separadamente.
Já Davi, aluno do 8º ano da mesma escola, relaciona este campo do
conhecimento com as disciplinas normais da grade curricular. “Eu gosto
muito de Matemática e ela está ligada diretamente à Astronomia, pois com
ela foi possível descobrir padrões como: as quatro estações, os doze
meses do ano, as vinte e quatro horas do dia, entre muitas outras
descobertas e mistérios”, diz Davi.
José Carlos Reksua Batista dos Santos, aluno do 9º da mesma escola,
ganhou medalha de bronze e acredita que a Astronomia é interessante e
que há muito conhecimento a ser explorado.
Ele estuda o tema através de aplicativos, materiais da internet e
ajuda dos amigos, que se interessam pelo mesmo assunto. “Com o ensino
médio chegando quero estudar mais ainda para no futuro poder trabalhar
na empresa da família, no ramo agrícola”, planeja.
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A participação espontânea dos alunos em busca de desafios é comentada
pela diretora a diretora da Escola Estadual Nossa Senhora das Graças,
Alecsandra David. “O envolvimento responsável dos nossos alunos, em seu
processo de escolarização, contribui para os resultados que a escola vem
obtendo. Nossos 13 alunos medalhistas que participaram espontaneamente
da OBA, com a orientação da professora de Ciências, são o reflexo do
comprometimento de toda comunidade escolar”, frisou, Alecsandra.
A diretora do Colégio Estadual Antônio Xavier da Silveira enfatiza
também a importância da família no processo educacional e a qualidade
das escolas públicas. “A escola sozinha não alcança tudo isso. Sem o
incentivo da família não teríamos esse resultado. A família estando
presente, o aluno vai se sentir seguro e a escola faz o seu papel que é
inscrever e trabalhar os conteúdos. Isso mostra para os outros jovens
que é possível. Conseguimos destruir essa mania de falar que escola
pública não consegue, temos que mostrar que escola pública tem tanta
qualidade quanto escola particular”, afirma Maria Amélia.
Rodrigo e Rose Borges, pais dos medalhistas de Ryan e Davi, acreditam
que as escolas públicas oferecem aos filhos uma realidade social mais
enriquecedora e várias oportunidades. “Essas competições abrem muitas
portas para conseguir bolsas, a gente sabe que esse é o caminho para
eles conseguirem estudar fora, porque pagar os estudos fora do Brasil
não temos condições, então, precisamos viabilizar isso”, explica Rodrigo
Borges.
Sonho de morar no exterior
Grande parte dos medalhistas da OBA sonha residir no exterior.
Ryan pensa em estudar nos Estados Unidos para depois retornar ao
Brasil e contribuir na área da programação, desenvolvendo softwares e
sistemas que facilitem o dia a dia das pessoas. “Quero contribuir com
coisas que ampliem as possibilidades de melhorar o mundo de alguma
forma”, diz.
Maiara Gabriele gosta de estudar idiomas e também sonha em residir no
exterior. “Pretendo morar fora do país, mas se isso não for possível,
gostaria de morar em alguma cidade grande, ter uma casa própria na
cidade e uma casa de campo para passar os finais de semana”, diz a
medalhista de ouro.
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A pandemia levou muitos jovens a desanimarem em relação aos estudos.
Dados divulgados pela Agência Estadual de Notícias apontam que em 23 de
junho foram registrados quase 54 mil estudantes que não estavam
assistindo às aulas nem realizando as atividades escolares. Em 2 de
agosto, com o retorno presencial, esse número caiu para 22 mil.
Entretanto, mesmo com aulas remotas, a participação da Olimpíada
motivou estudantes como José Carlos Reksua Batista dos Santos. “Como
estou em casa me interessei em fazer a OBA quando foi proposta pela
professora Mariângela. Meu pai era professor de geografia sempre, me
incentivou a procurar novos conhecimentos e acho muito interessante a
Astronomia”, afirma o aluno que recebeu medalha de Bronze.
As provas foram realizadas no fim de maio em quatro níveis: do 1º ao
3º, do 4º e 5º; do 6º ao 9º ano do ensino fundamental; e do ensino
médio.
Medalhistas
A Escola Nossa Senhora das Graças teve 13 alunos medalhistas na 24ª
Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA), são eles:
-Ana Paula Martins Silveira - 8º B, medalha de prata;
- André Gadens - 9º D, medalha de bronze;
- Camila Beatriz Malinoski - 9º D, medalha de prata;
- Davi Eugênio de Oliveira Borges - 8º A, medalha de prata;
- Heloise Pereira da Cruz - 9º D, medalha de bronze;
- José Carlos Reksua Batista Dos Santos - 9º C, medalha de bronze;
- Lenin Fidel Scepanski Ribas - 8º A, medalha de prata;
- Lucas Mantovani Esposel - 9º C, medalha de prata;
- Maiara Gabriele Camargo Chula - 9º E, medalha de ouro;
- Nicoli Correia Palhano - 9º D, medalha de prata;
- Rafael Szereda - 7º D, medalha de bronze;
- Steffany Basniak - 9º E, medalha de prata;
- Yasmin Victória Esmanhotto Caetano - 8º A, medalha de prata.
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