terça-feira, 10 de julho de 2018

Paciente com câncer está há 12 dias sentado numa poltrona do hospital no RJ


By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: JORNAL EXTRA Imagem: Divulgação


Antônio Ernesto Correia, de 70 anos, está há 12 dias sentado numa cadeira internado na emergência do Hospital Federal de Bonsucesso (HFB), na Zona Norte do Rio. Ele tem câncer terminal na bexiga e ainda não conseguiu uma vaga no leito. Por isso, segue numa poltrona.
— Meu pai estava pulando de dor. Ele está tomando tramadol e não tem uma cama para deitar e ficar mais confortável — afirma Flaviane Antunes, de 32 anos, filha de Antônio que está com ele durante esses dias de internação.
O Hospital Federal de Bonsucesso tem passado por uma acentuação de antigos problemas, como faltas de insumos, medicamentos e profissionais. A reportagem teve acesso a uma lista de 27 itens em falta, datada do último dia 22. Segundo diretores clínicos, a falta desses materiais já perduravam por pelo menos 50 dias. O HFB, no entanto, negou o desabastecimento. Por isso, a Defensoria Pública da União mandou um ofício à direção requisitando informações sobre os itens da farmácia. 
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— A resposta deve estar na minha mesa na segunda-feira. Com ela em mãos, vou comparar a resposta da direção com as informações prestadas pelos diretores médicos das clínicas. Caso elas não batam, vou pessoalmente à farmácia do hospital — afirma o defensor púbico da União Daniel Macedo.
Fato é que os pacientes já estão sofrendo com a falta de medicamentos. A dona de casa Eliana Silva de Oliveira, de 37 anos, conta que recebeu uma ligação do hospital na última sexta-feira informando que a sessão de quimioterapia marcada para hoje estaria cancelada por falta dos dois medicamentos que ela recebe para se tratar de um linfoma no tórax. A próxima sessão, marcada para o fim do mês, ainda não está garantida. Caso ainda haja a falta dos medicamentos, o hospital informou à família que entrará em contato para novamente cancelar a sessão. 
— Eu comecei o tratamento há cinco meses. Nos dois primeiros meses, a medicação estava completa. Depois, começou a faltar um dos medicamentos. Agora, faltam os dois e o tratamento foi interrompido. Essas seriam as minhas últimas duas sessões — conta a moradora de Belford Roxo.
A emergência do hospital também apresenta problemas. Profissionais da unidade afirmaram que os atendentes foram orientados, em um momento do dia, a não abrir novos boletins de atendimento porque os médicos e enfermeiros de plantão não estavam dando conta da quantidade de pacientes que já estavam internados no setor.
Do lado de fora, havia ontem duas faixas dizendo que a “comunidade” agradece a direção do hospital por manter a emergência aberta. Funcionários do HFB contaram à reportagem que foi um assistente da direção que pendurou as mensagens na grade do hospital. O médico Júlio Noronha, cirurgião do HFB e representante da Federação Nacional dos Médicos, conta que o plantão da emergência deste domingo estava sem ortopedista e, desde o domingo passado, não havia clínicos durante o dia para atender emergências.
— Temos um déficit de aproximadamente 150 médicos de várias especialidade s — afirma Júlio Noronha. 
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Em nota, o HFB negou que a direção tenha colocado a faixa e confirmou a interrupção da abertura de novos boletins de atendimento para “não reduzir a qualidade de tratamento dispensada". O hospital também afirmou que Antônio está recebendo o tratamento se será transferido para um leito de emergência “assim que haja disponibilidade". Também alegou que vai apurar o motivo da interrupção do tratamento de Eliana.
Confira a nota completa
Em resposta as questões enviadas, o Hospital Federal de Bonsucesso (HFB) confirma ter, num dado momento deste domingo (8), cessado de abrir novos boletins de atendimento, ao atingir sua capacidade, no sentido de não reduzir a qualidade de tratamento dispensada.
O Hospital recebe muitos pacientes de outras cidades e áreas servidas por unidades hospitalares com condições de providenciar atendimento mas o HFB, mesmo com essa sobrecarga, não nega assistência a nenhum paciente, independente de sua origem. Esse é o caso de Antônio Ernesto Correia, de 70 anos, proveniente de Bangú. Ele chegou ao Hospital em estado crônico e precário, no dia 26 de junho, necessitando de hidratação e cuidados especiais. O paciente está recebendo tratamento e será transferido para um leito na enfermaria tão logo haja disponibilidade.
Com relação ao caso da paciente Eliana Silva de Oliveira, o Hospital vai apurar nesta segunda (9) o exato motivo da suspensão de seu tratamento mas pode adiantar que pode estar ocorrendo uma substituição de medicamento. A Unidade se encontra abastecido para atendimento e quando ocorre falta de algum produto no mercado, o mesmo é imediatamente substituído por semelhante.
Por último, o Hospital tem conhecimento de uma faixa, que foi afixada na porta da Emergência, por algum membro da comunidade, agradecendo pelos serviços recebidos e nenhum funcionário do hospital ou membro da direção teve qualquer conexão com a mesma.

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