quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Menina que teve tumor raro retirado nos EUA volta ao Brasil: 'Alívio', diz mãe



By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: G1 Imagem: Divulgação


A menina Melyssa Braga, de 3 anos, chegou na manhã desta quarta-feira (22) com os pais e o irmão após passar dois meses nos Estados Unidos, onde teve retirado do rosto um tumor raríssimo e agressivo. A família conseguiu a viagem e o tratamento em um hospital na Louisiana (EUA) após uma grande campanha na internet. O tumor de mais de dois quilos foi retirado no dia 20 de dezembro.
Felizes e aliviados, os pais Caroline e Manassés Braga, de 21 e 25 anos, comemoram com os familiares o retorno ao país, agora com a filha curada e o rosto reconstituído.
“É uma sensação de felicidade, gratidão e muito alívio. Foi a situação mais difícil que já vivemos. Agora queremos aproveitar e viver a rotina que sempre sonhamos. Só queremos que ela seja feliz, tenha infância”, diz a mãe. A família mora em Guarulhos.
Segundo Caroline, Melyssa se recupera muito bem e até os médicos estão surpresos com o desenvolvimento dela. “Eles deram alta, mas recomendaram muito cuidado. Pediram para evitar que ela corra, disseram que era cuidado extremo. Ela já está brincando e rindo”, comemora. 
A maior surpresa é que, mais uma vez contrariando as expectativas dos médicos, Melyssa já consegue comer (os especialistas acreditavam que ela só conseguiria fazer isso após os 16 anos). “Ela já está se alimentando de quase tudo. Ela está se esforçando e Deus abençoando.”
Apesar de ter se adaptado bem aos Estados Unidos, Melyssa não escondeu a felicidade em rever os avós e primos. “Quando nós dissemos para ela que voltaríamos ao Brasil, ela disse que estava muito feliz de voltar para casa sem o ‘dodói’.”
Como a família teve que devolver a casa de dois cômodos, em uma comunidade de Guarulhos, na Grande São Paulo, eles ficarão durante um tempo na casa de parentes.
Acompanhamento
Mesmo com alta, o tratamento continua. Conforme Melyssa for crescendo, ela precisará voltar aos Estados Unidos para trocar a placa de titânio que está substituindo os ossos da mandíbula.
“Um médico aqui no Brasil vai fazer o acompanhamento dela. Ele vai observar e falar com o Dr Celso [médico que entrou em contato com a família para pagar a cirurgia da Mel]. Até o ano que vem deve ter que trocar a placa”, explica Caroline.
“Estamos com energias e forças renovadas. Quando a gente pensa que não consegue, Deus dá fortalece e a gente vence mais um dia. Será uma nova vida, novos aprendizados, novas experiências. Nem tudo será possível, teremos várias provas, mas também teremos felicidade e alegria. Deus vai nos capacitar e dar sabedoria para esta nova fase.” 
Cirurgia
A cirurgia de retirada do tumor aconteceu no dia 20 de dezembro, no hospital LSU Health Shreveport, em Louisiana, nos Estados Unidos. Os médicos são especialistas em tumores grandes e em pescoço e cabeça. A cirurgia durou mais de 10 horas.
Segundo Caroline, o osso do queixo foi retirado e uma placa de titânio foi inserida. “Conforme ela crescer, eu tenho que voltar para os Estados Unidos para refazer a cirurgia e trocar a placa”, disse.
Melyssa viajou com os pais e irmão para os Estados Unidos depois de uma grande campanha promovida pela família na internet para arrecadar dinheiro e buscar ajuda para o tratamento.
Moradores de uma comunidade de Guarulhos, na Grande São Paulo, Manassés e Caroline Braga conseguiram arrecadar, com a ajuda de parentes e amigos, R$ 80 mil. Também ganharam as passagens e ajuda para retirada do visto especial.
Um médico brasileiro que trabalha há anos nos Estados Unidos soube do caso de Melyssa, se interessou e entrou em contato com a família. Além da cirurgia, o hospital também ofereceu um apartamento para que eles se hospedem durante todo o tratamento da criança. 
A doença
A família de Melyssa descobriu o câncer chamado sarcoma desmoide em 2014. Durante uma brincadeira com a filha, os pais perceberam que o pescoço dela estava com um nódulo. Após idas e vindas ao pronto socorro do convênio, exames, tomografias e médicos especialistas, a mãe, levou a filha na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e lá foi constatado o tumor.
Em uma conversa com o médico, a família soube que Mel não aguentaria os tratamentos e que os pais deveriam decidir se ela seria operada. “Eu perguntei se ela morreria fazendo ou não a cirurgia e ele disse que sim. Eu não acreditava, eu chorava”, lembra a mãe.
“Eu disse que não autorizava a cirurgia. Se fosse para ela morrer de qualquer jeito, que seja em casa, brincando, feliz, comendo. Ao meu ver de mãe, eu optei pela qualidade de vida dela. Melhor do que ela ficar até o último dia dentro de um hospital, sem comer, sem falar, debilitada”, lamentou.
O médico explicou para os pais que aquele era o momento de fazer a cirurgia, que depois não seria possível. “Eu procurei manter a calma, pensei, repensei, mas é uma decisão difícil”, conta o pai. 

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