quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Impeachment de Dilma não irá salvar Brasil, diz imprensa estrangeira



By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: UOL Imagem: Ueslei Marcelino (Reuters)


No dia em que o Senado deverá aprovar o impeachment de Dilma Rousseff, jornais no exterior destacam que o afastamento definitivo da presidente está longe de resolver os problemas do país.
Para o jornal americano "The Washington Post", o longo processo de impeachment, que se estende por nove meses, pode servir apenas para "alienar mais ainda eleitores desencantados com o sistema político".
A publicação afirma que o processo desorganizou a esquerda no país --como exemplo disso, cita a baixa adesão aos protestos pró-Dilma em Brasília nesta semana e a postura "desapaixonada" de congressistas do PT em defesa da presidente afastada.
O jornal aponta que o presidente interino, Michel Temer, se revelou tão impopular quanto Dilma --segundo pesquisa Ibope de julho, apenas 13% dos brasileiros consideravam o governo bom ou ótimo.
Diz ainda que o atual processo expôs fraquezas no sistema político do país, em que o presidente depende de acordos com "inúmeros partidos sem ideologia clara", em arranjos que "incentivam a corrupção".
Para a publicação americana, um "vácuo de poder" está se abrindo na política nacional --e sendo preenchido por siglas menores de esquerda e candidatos evangélicos.
Incerteza na economia
Em texto sobre as perspectivas econômicas do país, o "Wall Street Journal" afirma que "investidores podem estar dando muito crédito a políticos do país e desconsiderando os problemas".
O diário lembra que o real se apreciou mais de 8% ante o dólar --é a moeda que mais se valorizou no mundo neste ano-- e o Ibovespa avançou 9,9% desde o afastamento provisório de Dilma em maio, mas desde então Temer "fez muito pouco" para enfrentar o rombo nas contas públicas do país.
Afirma que propostas neste sentido --como uma possível reforma da Previdência e um limite constitucional aos gastos públicos-- provavelmente não passarão no Congresso, enquanto as "primeiras ações" de Temer no cargo vão em sentido oposto: carência a Estados endividados com a União e "aumentos para servidores públicos muito bem pagos".
"É difícil imaginar uma medida pior", disse ao jornal Marcos Lisboa, ex-secretário de Política Econômica no governo Luiz Inácio Lula da Silva e diretor-presidente do centro de ensino e pesquisa Insper.
Em texto de opinião na revista "Fortune", João Augusto de Castro Neves, diretor de América Latina da consultoria Eurasia Group, diz que o impeachment não irá solucionar "meses de turbulência política e econômica".
O consultor descreve a permanência, no Brasil, de um cenário de "tempestade perfeita": economia global menos favorável, recessão profunda, desequilíbrio fiscal, escândalo de corrupção em curso e o usual embate político.
Ele afirma que os dois principais desafios de uma eventual gestão Temer serão reordenar as finanças e recuperar a confiança de investidores, em meio à "sombra" da Operação Lava Jato. "Com poucos fundos públicos à disposição, Temer terá que recorrer ao setor privado para elevar investimentos e estimular uma recuperação econômica."
'Buraco negro'
O "Clarín", da Argentina, destaca um artigo do editor de política internacional do jornal, Marcelo Cantelmi, para quem o Brasil caminha para um "buraco negro" ao "contornar as eleições".
O jornalista diz considerar que Dilma reagiu tardiamente à queda na economia e que o Congresso barrou medidas de austeridade que ela tentou implementar em 2015, e afirma que "todos são culpados" pela situação atual.
"Aqui são todos culpados. Mas o erro institucional de ter tirado Rousseff à força deste modo e o precedente inquietante de fragilidade democrática que derrama sobre a região têm um só agravante. O de não ter aprofundado o caminho para convocar eleições antecipadas, que elegeriam um governo eleito para pilotar uma tempestade que não terminará amanhã e se agravará inevitavelmente", conclui. 
MATÉRIAS RELACIONADAS: 
Sanders se diz 'preocupado' com impeachment de Dilma e pede que EUA apoiem trabalhadores brasileiros. 
Senadores aprovam parecer, Dilma vira ré e vai a julgamento em plenário. 
Senado dá início nesta semana ao julgamento do impeachment de Dilma. 
Artistas e intelectuais estrangeiros divulgam manifesto contra impeachment de Dilma. 
Em último discurso antes de julgamento, Dilma diz ser condenada por 'não crime'.

Artistas e intelectuais brasileiros lançam carta contra o impeachment.
Para 65% dos brasileiros, Dilma deve ser afastada definitivamente, revela pesquisa.
Dilma fala por 13 horas, defende mandato e diz que é vítima de golpe parlamentar.
Pó branco no Senado era açúcar, diz parlamentar.
Senado aprova impeachment, sela saída definitiva de Dilma.
Veja como os senadores votaram no julgamento do impeachment.
Na prática, Maia assume posto de vice-presidente.
Barbosa chama impeachment de "tabajara" e discurso de Temer de "patético".
Após impeachment, Equador e Bolívia vão chamar embaixadores de volta.
Temer tem uma dívida comigo, diz Janaina Paschoal.
Como presidente, Temer não pode ser investigado por atos fora do mandato.
Dólar cai no dia e no mês e fecha a R$ 3,229, após PIB e impeachment.
Dilma diz que impeachment é 2º golpe de estado que enfrenta na vida.
"Se alguém falar em golpe, direi que o Brasil está pacificado juridicamente", afirma Temer.
Conheça a vida de Temer, 3º presidente não eleito do PMDB.
Após ter mandato cassado, Dilma Rousseff mantém os direitos políticos.
Maioria dos senadores investigados na Lava Jato vota a favor do impeachment.

OS COMENTÁRIOS NÃO SÃO DE RESPONSABILIDADES DO INTERVALO DA NOTICIAS. OS COMENTÁRIOS IRÃO PARA ANALISE E SÓ SERÃO PUBLICADOS SE TIVEREM OS NOMES COMPLETOS.
FOTOS PODERÃO SER USADAS MEDIANTE AUTORIZAÇÃO OU CITAR A FONTE

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.