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INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: G1 – Imagem: DivulgaçãoOs abusos foram descobertos pela mãe da menina, que notou manchas de
sangue em suas roupas íntimas. Até então, a mãe nunca havia desconfiado
que a criança estivesse sendo violentada.
“Eu estava lavando roupa, quando encontrei uma calcinha dela com
manchas de sangue. Estranhei, porque ela ainda não menstrua e,
conversando, ela revelou que o sangue era dos machucados que o pai e o
avô haviam causado na região íntima dela, ao estuprá-la”, contou a mãe.
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“Durante muito tempo trabalhei em shopping e, por isso, o pai ficava
cuidando das crianças aos finais de semana. Os abusos aconteciam
justamente quando eu estava trabalhando e ele ficava em casa. Já com o
avô, os abusos aconteciam quando eu precisava que ele buscasse ela na
escola”, disse.
O caso foi denunciado na Delegacia da Mulher de São José dos Campos e é
investigado pela Polícia Civil. O pai da menina fugiu após a denúncia.
“Assim que descobri, corri com ela para a delegacia e prestei queixa
contra o pai dela e o avô. Mesmo com provas e os exames que compravam o
abuso, por telefone o pai dela me chamou de louca, dizia que não tinha
feito nada e antes que eu voltasse da delegacia ele já havia fugido. Foi
embora levando só a roupa do corpo e a habilitação. Foi muito chocante e
doloroso descobrir isso, porque eram duas pessoas que eu confiava e que
nunca desconfiei que pudessem fazer algo assim”, afirmou.
A Justiça expediu uma medida protetiva para que o pai e o avô não se
aproximem da menina. Agora, ela faz acompanhamento psicológico e também
tratamento médico para se recuperar das lesões físicas e prevenir
doenças sexualmente transmissíveis que possa ter tido contato.
“Eu não tive nem coragem de olhar na cara do avô da minha filha.
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Ele é
meu pai, eu o admirava. Também amava meu marido. É revoltante. Quero que
os dois paguem pelo que fizeram, os dois são culpados. É uma coisa que
não tem explicação", contou.
Sinais despercebidos
Agora que sabe que a filha foi vítima de violência sexual, a mãe
relembra que tinha percebido sinais físicos de que algo estava
acontecendo com a menina, mas diz que na época não havia entendido.
“Desde os cinco anos de idade ela sofria com infecção de urina
constante, corrimentos, mas eu levava no pronto-socorro e nunca descobri
nada. O pai dela falava que era normal, porque ela não se secava
direito após o banho ou por causa da imunidade baixa, então acabamos
tratando a infecção sempre que aparecia, como se fosse comum. Hoje já
percebo que era por causa dos abusos que desde essa época ela era
vítima”, contou.
Ainda segundo a mãe, o pai era ciumento com a filha, superprotetor e
estava sempre com ela. O que pensava ser uma demonstração de afeto e
carinho, agora acredita ser na verdade uma forma de ter a menina sob
controle, por medo de que ela revelasse os abusos.
“Ela contou que tinha vontade de me pedir ajuda, mas que o pai a
ameaçava. Ele dizia que se ela contasse pra alguém o que ele fazia,
seria preso, sofreria muito na cadeia e que nunca mais veria ela nem os
irmãos. E, assim, ele ia fazendo ela se sentir culpada e com medo de
denunciar a situação, presa nesse segredo”, disse.
Traumas
Mesmo com o apoio da família e dos psicólogos, a mãe relata as
dificuldades da menina de enfrentar o trauma causado por anos de
violência sexual. Ela diz que a menina passou a ter crises de ansiedade e
teme a todo momento se reencontrar com os abusadores.
“Ela sempre teve problemas pra dormir, chorava à noite, tinha
pesadelos, e agora está pior. Ela está sofrendo de crises de ansiedade.
Desde que o pai fugiu, ela teme que ele volte e acorda assustada,
achando que ele está no quarto dela, na janela ou até em cima do
telhado. Estamos fazendo acompanhamento psicológico para tratar esse
trauma que destruiu a infância dela, mas vai ser um processo longo”,
disse.
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Nos relatos por escrito, a menina contou que o pai e o avô colocavam as mãos nas partes íntimas e que abusavam dela.
"Doía muito, eu falava para ele, mas ele continuava”, narrou ela em um
trecho da carta. A família busca agora por justiça e faz um apelo para
que os abusadores sejam presos.
“Eu quero justiça, peço por isso todos os dias a Deus. Nada vai tirar o
trauma da minha filha, a dor que ela sentiu todos esses anos e que ainda
está sentindo. Nada vai pagar o que eles fizeram com uma inocente, mas a
gente só vai conseguir recomeçar, deitar a cabeça no travesseiro e
dormir tranquilas quando eles forem presos”, afirmou.
O que diz a polícia
De acordo com a Polícia Civil, o pai da menina tem 33 anos e trabalhava
como gesseiro. Ele está sendo investigado pelo crime, mas ainda não foi
localizado para prestar depoimento. Uma medida protetiva foi expedida,
que proíbe a aproximação dele com a filha.
O avô tem 78 anos, é um pedreiro aposentado e também é investigado pelo
crime. Ele já prestou depoimento sobre o caso e nega os abusos.
Por meio de nota, a Secretaria de Segurança Pública informou que a caso
segue sendo investigado, sob sigilo, na Delegacia da Mulher de São José
dos Campos. A equipe da unidade ouviu a representante da vítima e
aguarda o resultado dos laudos periciais para análises e esclarecimentos
dos fatos.
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