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INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: BANDA B – Imagem: DivulgaçãoEnquanto a guerra de versões sobre o que está acontecendo em torno da
Ucrânia se agrava, a disputa diplomática entre Rússia e os Estados
Unidos escalou nesta quinta (17), depois de dias de sinalização de
Moscou em favor de negociações.
O governo de Vladimir Putin respondeu após três semanas à rejeição
dos EUA ao pacote de demandas do russo para estabilizar a segurança no
Leste Europeu. A carta afirma que a posição significa que Moscou “pode
tomar medidas técnico-militares” para defender seus interesses.
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O jargão sugere não uma invasão russa da Ucrânia, que o presidente Joe
Biden disse pela enésima vez nesta quinta que pode ocorrer “nos próximos
dias”, mas sim ações que serão vistas como agressivas pela Otan
(aliança militar ocidental).
A tensão foi reforçada pela expulsão pela Rússia do número 2 da
Embaixada dos EUA em Moscou, Bart Gorman. Segundo o Departamento de
Estado, “a ação não foi provocada e nós a consideramos um passo
escalatório. Estamos considerando nossa resposta”. O Ministério das
Relações Exteriores russo não comentou, preferindo se concentrar no
aparente ataque hacker contra seu site, que ficou fora do ar.
São todos sinais contrários ao espírito da semana até aqui. Putin
seguiu aquecendo suas capacidades militares, que segundo o Ocidente já
somam 150 mil soldados em diversas posições em torno da Ucrânia.
Na terça (15), o russo anunciou uma retirada de parte dessas forças, e
repetiu o anúncio na quarta e nesta quinta. Não convenceu a Otan: o
secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, disse que há preparações
claras para um conflito, e o chefe da aliança, Jens Stoltenberg, voltou a
falar em aumento de tropas russas.
A situação foi agravada pelos bombardeios da madrugada desta quinta
na chamada linha de controle, a fronteira informal de 430 km que separa
as forças separatistas russas étnicas do Donbass (leste ucraniano) do
resto do país.
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Ambos os lados se acusam pelos ataques com morteiros, que de resto
são uma ocorrência comum no frágil cessar-fogo vigente desde 2015. A
guerra civil na região havia estourado no ano anterior, após a região de
maioria russa da Crimeia ser anexada por Putin para evitar a absorção
da Ucrânia nas estruturas ocidentais após a derrubada de um governo
amigo do Kremlin.
Na Rússia, poucos acreditam que Putin esteja fazendo mais do que
pressão, manipulando o que chama de histeria ocidental para pressionar
Kiev a ceder em alguns pontos. Em resumo, o padrão de agravamento e
distensão pode se estender por meses. Mas os riscos, claro, existem,
especialmente na região leste da Ucrânia.
Como disse ao jornal Folha de S.Paulo a analista Oksana Antonenko, da
consultoria britânica Control Risk, Putin parece mais interessado em
manter uma força formidável à disposição para dizer que tem capacidade
de fazer o que o Ocidente teme –mas que não o faria por ter muito a
perder.
Para adicionar drama ao roteiro, o secretário de Estado dos EUA,
Antony Blinken, decidiu se dirigir ao Conselho de Segurança das Nações
Unidas. Nas TVs russas, estatais e alinhadas com o Kremlin, ele já vem
sendo comparado a Colin Powell, seu antecessor que passou vergonha ao
justificar no mesmo fórum a invasão do Iraque em 2003 com argumentos
falsos.
De todo modo, as atenções se voltam ao cardápio das tais medidas técnico-militares à disposição de Putin.
Pode haver o deslocamento de mísseis com ogivas nucleares para
regiões russas mais próximas da Europa, como Kaliningrado ou a Crimeia,
embora especialistas especulem que isso já tenha ocorrido. Talvez até a
aliada Belarus. Ou a manutenção ou estabelecimento de novas bases
militares.
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Mais ousado seria algum tipo de reforço militar nas aliadas Venezuela
ou Cuba, como a Rússia não descartou mês passado. Na quarta (16), o
ditador Nicolás Maduro afirmou que pretende expandir sua cooperação
militar com Moscou. “Rússia é apoiada pela Venezuela ante as ameaças da
Otan e do mundo ocidental”, afirmou, segundo a emissora Venezolana de
Televisión.
Isso traria a crise para a vizinhança do Brasil. Segundo o comandante
da Força Aérea, Carlos de Almeida Baptista Junior, os militares
brasileiros acompanham o caso, mas não acreditam que algo venha a
acontecer.
Por fim, Putin pode reconhecer as áreas rebeldes e, num gesto mais
incisivo, enviar tropas para apoiá-las em caso de conflito com os
ucranianos. É um cenário que tira muito ativo diplomático do russo,
contudo.
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