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INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: FOLHA DE S. PAULO – Imagem: DivulgaçãoTrata-se de Gilson Machado, o ministro do Turismo conhecido como o sanfoneiro de Bolsonaro.
Ainda sem sigla, ele tem sido especulado por aliados do presidente e
teve o nome citado a mais de um interlocutor do mandatário.
Até aqui, Machado vinha sendo tratado pelo centrão, que quer
controlar o processo eleitoral da mesma forma como ocupou o manejo de
verbas do governo, como uma excentricidade que participava de lives e
eventos oficiais com o chefe tocando sua sanfona.
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Mas alguns passos em falso pelo presidente já fizeram as antenas do grupo perceberem a articulação pelo ministro, que tem a simpatia de líderes evangélicos próximos de Bolsonaro, ainda que se defina como católico praticante.
Após a derrota do grupo para os evangélicos na indicação para uma
vaga no Supremo Tribunal Federal, apesar de alguns líderes do centrão
verem um balão de ensaio no nome de Machado, o alerta existe.
Na virada do ano, Bolsonaro ignorou a crise das chuvas na populosa Bahia e permaneceu de férias no Sul. Depois, chamou nordestinos de "paus-de-arara". Isso numa região, segundo maior colégio eleitoral do país, em que Bolsonaro tem problemas eleitorais claros.
No mais recente levantamento do Datafolha, o presidente marcava 21%
de preferência entre nordestinos, ante 72% do ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva (PT) —que, além de pernambucano, tem na lembrança dos
programas sociais como o Bolsa Família um ativo entre a população mais
carente.
O presidente tentou reagir, com viagens à região e
ainda esperando algum efeito da implantação do Auxílio Brasil, mas a
avaliação é que algo mais incisivo precisa ser feito. Machado, que
também é de Pernambuco, surgiu como uma opção por sua identificação
potencial: a figura do sanfoneiro, chapéu de vaqueiro à cabeça, é um
clichê bastante espraiado no Nordeste.
Ao mesmo tempo, essa noção do "vice nordestino" tem assombrado
candidatos no Brasil há muitos pleitos. Todo candidato do Sudeste sempre
lidou com essa carta na montagem de sua campanha, com efeitos bastante
díspares.
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Outros itens que colocaram Machado no gosto de Bolsonaro são mais
evidentes. Ele é visto como bastante combativo e, principalmente, leal
aos princípios do chefe.
No entorno mais próximo do presidente, apesar da dependência do
centrão de Ciro Nogueira (Casa Civil) e Arthur Lira (Câmara) para
sobreviver até outubro, o que não falta são xingamentos ao grupo que remetem aos tempos em que Bolsonaro chamava a turma de "velha política".
Falta ainda a Machado um partido. Ele vinha cogitando o PL que já abriga o presidente para disputar uma vaga ao Senado por Pernambuco, mas o martelo não está batido.
Com isso, Machado se une ao ministro Walter Braga Netto (Defesa) e
ao presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, como nomes
palacianos para a vice. Já o centrão ora quer um nome de menor
densidade, dado o risco de um desastre eleitoral de Bolsonaro antes do
primeiro turno, ora especula figuras como Tereza Cristina (Agricultura).
A pré-campanha do presidente, na mão do filho senador Flávio (PL-RJ),
ainda tem vários problemas para resolver. O mesmo grupo que trabalha
por Machado identifica uma falta de coordenação em torno da provável candidatura do ministro Tarcísio Gomes de Freitas (Infraestrutura) para o governo de São Paulo.
O motivo é óbvio: trata-se do principal colégio eleitoral do país, e
uma performance satisfatória, ainda que não seja para ganhar, é vital
para ajudar a dar palanque a Bolsonaro.
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